A orquestra dos reciclados

Iniciativa provocou mudanças na comunidade - Divulgação“Tekorei.” É como a jovem paraguaia Tania Vera, 15 anos, define o que seria de sua vida sem a música. Em guarani, a segunda língua oficial daquele país, quer dizer “sem sentido”. Tania toca violino e faz parte de uma orquestra formada por 25 crianças e adolescentes (de 12 a 21 anos) da comunidade de Cateura, um aterro sanitário que fica nos arredores de Assunção. Eles são dirigidos pelo técnico ambiental Favio Chávez, 37, que desenvolvia um projeto de educação com os catadores de lixo entre 2006 e 2008. “As crianças passavam pelo centro de reciclagem para levar a marmita dos pais e ficavam por ali brincando na montanha de lixo, construindo brinquedos com plásticos e latas”, recorda Chávez. “Como também sou músico e já tinha experiência em dar aulas para crianças, pensei em fazer algo para mantê-las longe de confusão.”

Mas não havia instrumentos o suficiente para as 20 crianças que formaram a primeira turma de alunos. A solução prática foi construí-los com o único material de sobra por ali: lixo. E assim nasceu a Orquestra de Instrumentos Reciclados de Cateura.

“Não foi por uma questão sustentável e sim por necessidade mesmo, já que na comunidade um violino pode custar mais do que uma casa”, diz Chávez. Para tanto, o músico contou com a ajuda do maestro Luis Szarán, diretor do projeto social Sons da Terra, que ensina música a comunidades carentes do Paraguai. E, principalmente, do carpinteiro e catador de lixo Nicolás Gómez, o Colá. Aos poucos, Chávez e Seu Colá foram descobrindo quais materiais eram mais indicados para cada tipo de instrumento.

Os violões, por exemplo, são fabricados com a junção de duas latas de uma marca de doces popular na região. Colá constrói a estrutura a partir de um molde, Chávez coloca as cordas (aproveitadas de outros instrumentos musicais) e os afina. “Temos violões de diversos sabores”, brinca o músico. Piadas à parte, o trabalho é levado a sério por todos os envolvidos. A fim de melhorar a técnica, Seu Colá recebeu treinamento na capital – atualmente também fabrica violões de madeira como uma alternativa de sustento. Até hoje Colá diz que não sabe direito quem foi Mozart, o que não o impediu de criar instrumentos perfeitos na opinião do maestro Szarán. Tanto no tamanho, quanto na projeção do som, a exigência é que eles sejam o mais parecido possível com um regular. Pois, para eles, a Orquestra de Reciclados é apenas início, as crianças têm de estar preparadas para tocar em um instrumento normal se uma oportunidade surgir.

Do lixão para o cinema

A primeira foi em 2010, quando produtores norte-americanos se apaixonaram pela história e resolveram transformá-la em um documentário. Dirigido por Graham Townsley, documentarista já indicado ao Emmy, Landfill Harmonic (A Filarmônica do Lixão, em tradução livre) deve estrear ainda esse ano. O teaser do filme, entretanto, já faz sucesso na internet. Em apenas três meses, foram aproximadamente 850 mil visualizações no YouTube e 15 mil compartilhamentos no Facebook (facebook.com/landfillharmonic movie). E o telefone de Chávez não para de tocar. Em 2012, a orquestra já havia se apresentado três vezes no exterior – uma delas foi na Rio + 20. De novembro pra cá, receberam cerca de 15 convites para tocar no mundo inteiro, da Turquia ao Japão. A exigência do passaporte foi uma mudança e tanto no dia a dia das crianças, já que muitas sequer tinham documento de identidade antes da primeira viagem. Os reciclados ganharam até uma mostra especial: em abril, serão expostos no Museu do Instrumento em Phoenix, nos Estados Unidos.

Para administrar o sucesso do grupo, o músico agora se dedica a eles em tempo integral, voluntariamente. O primeiro passo está sendo a criação de uma ONG para captar recursos e investi-los na comunidade. Pois apesar da fama, a realidade ainda é dura para os 25 mil moradores de Cateura, onde uma tonelada e meia de lixo é despejada todos os dias.

Da primeira turma formada por Chávez, apenas dois alunos continuam na orquestra. Muitos têm de deixar até mesmo a escola para trabalhar e alimentar a família. Como a irmã de Tania, que saiu do grupo aos 15 e, aos 18, já tem três filhos para criar. “Mas o comprometimento dos pais é maior agora: se antes algumas crianças apareciam para se apresentar sujas e mal alimentadas, hoje são o foco da comunidade”, comemora o diretor. Por conta disso, Tania é uma forte candidata a uma bolsa de estudos em uma universidade local. Ainda que a música não vá acabar de imediato com os problemas sociais de Cateura, eles sabem que ela pode ao menos evitar que as crianças se tornem vítimas. “Mesmo vivendo na faixa mais baixa da pobreza, com iniciativa e criatividade, até o próprio lixo pode se transformar em uma ferramenta educativa capaz de mudar a vida das pessoas”, conclui, no documentário, o maestro Szarán.

Da lata

Latas, talheres e cordas que se romperam de outros instrumentos: tudo é reaproveitado pelos jovens músicos da Orquestra dos Reciclados. Conheça algumas dessas obras de arte.

Violoncelo: o corpo é feito de uma lata de óleo grande e redonda, enquanto o braço é composto de madeira reaproveitada. As cravelhas (que servem para afinar o instrumento) são restos de um martelo de carne e de uma colher para fazer nhoque.

Violino: o corpo também é feito de lata, a partir de um molde. Já outras partes, como o braço e as cravelhas, são feitas de madeira reciclada e de restos de um garfo de cozinha.

Saxofone: o tubo é fabricado com uma calha metálica e os botões de colheres e botões retirados de roupa.

Contrabaixo: assim como o celo, é feito a partir de uma lata de óleo grande e redonda, possivelmente de algum produto químico, e de madeira.

Flauta: o tubo se originou de um cano metálico. Para fabricar os botões, foram usados partes de talheres e cadeados.

Violão: o corpo é construído a partir da junção de duas latas redondas (de um doce popular na região). O restante é fabricado artesanalmente de madeira.

Fonte: Estadão

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)

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