Apesar da maior renda do País, DF tem a segunda maior favela do Brasil
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
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A pouco mais de 30 quilômetros do Palácio do Planalto, sede do governo da presidente Dilma Rousseff (PT) e na unidade federativa com a maior renda per capita do País, fica a segunda maior favela do Brasil. A região é conhecida como Aris (Área de Regularização de Interesse Social) Sol Nascente e apesar de ser considerada um bairro de Ceilândia, região administrativa do DF, ainda não foi regularizada pelo Estado. Por conta disso, a população local sofre com a falta de infraestrutura e precisa conviver com o esgoto que corre a céu aberto na porta de suas casas.
Os dados do último censo realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2010, mostram que na região vivem 55.483 pessoas em 15.737 casas. Essas moradias são resultado da grilagem de terra em uma grande área de loteamento. O setor surgiu no ano 1998 por meio de uma ocupação irregular e sem a devida infraestrutura que proporcionasse qualidade de vida aos moradores.
Com esses números, o IBGE explicou que o Condomínio Sol Nascente, como é conhecido pela população da capital federal, perde somente para a comunidade da Rocinha, que tem 69.161 habitantes.
Além da falta de saneamento básico, a população do Sol Nascente também enfrenta problemas nas áreas de segurança pública, iluminação, transporte coletivo regular, saúde e educação. A coleta de lixo adequada também não é feita na região e quase três das dez mil crianças que vivem na favela precisam andar quatro quilômetros todos os dias para assistir aulas nas duas escolas públicas mais próximas.
Em números, isso quer dizer que 75% das crianças precisam se deslocar para colégios que ficam a quatro quilômetros do local, como “P” Sul, “P” Norte ou até mesmo centro de Ceilândia e Taguatinga, regiões administrativas do DF, de ônibus ou a pé.
Moradora da região há seis anos, a professora Miraíza Ribeiro de Lima, de 53, disse que o segundo lugar como maior favela do Brasil não é motivo para se comemorar. Para ela, o governo não dá a devida atenção para a comunidade e os problemas ficam cada dia mais evidentes nas áreas de transporte público, saúde, segurança e saneamento básico.
— Vim para cá com minha família porque tive problemas financeiros e o único lugar que a renda conseguia pagar era aqui. Mas é muito ruim. O posto de saúde mais próximo fica a quatro quilômetros, não tem transporte público e a única linha que passa, de vez em quando, vai somente até o centro da Ceilândia. As ruas são apertadas, escuras e não têm asfalto. Durante a noite, em determinados locais, a polícia não se atreve a entrar e isso aumenta ainda mais a criminalidade e o tráfico de drogas.
Para Ferreira da Silva, de 47 anos, a situação não é diferente. Divorciada, ela explicou que mora sozinha no Sol Nascente há cinco anos por falta de opção porque a renda é baixa.
Ela disse que não consegue dormir bem nenhum dia com medo da violência e afirmou que polícia passar por lá “é extremamente raro”. Entre outras reclamações, a moradora também pediu atenção ao Estado no que diz respeito ao asfaltamento e saneamento básico, porque o esgoto correndo a céu aberto na porta de casa gera inúmeros problemas.
— A terra das ruas entra em casa a todo o tempo, as chuvas abrem buracos enormes e a sujeira fica ainda maior porque tudo vira lama. Todos os dias é um sufoco e ninguém toma qualquer providência. Ficamos à mercê de doenças, dos bandidos e reféns do próprio governo.
Para o arquiteto urbanista e professor da UnB (Universidade de Brasília) Benny Schvarsberz, é bem provável que a população do Sol Nascente tenha aumentado, em números absolutos, o suficiente para ultrapassar a favela da Rocinha nos dois últimos anos. No entanto, ele reconhece que lá as pessoas sobrevivem em “condições absolutamente precárias”, uma vez que a maior parte delas recebe menos que um salário mínimo, o que pode intensificar ainda mais os problemas sociais.
Apesar disso, ele acredita que se o governo agir rapidamente a situação da comunidade do Sol Nascente pode sentir melhorias significativas a médio e longo prazo. Inicialmente, porém, é preciso regularizar a área, que desde 2000 não é reconhecida pelo GDF.
— Sei que existem políticas para regularizar toda a área no sentido de equacionar esse problema e resolver as questões de cidadania daquela população. Penso que é preciso promover eventos sociais e dar direitos aos cidadãos de lá, que na sua maioria são carentes. É preciso dar direitos coletivos a todos.
Coleta de lixo
A doméstica Ana Mélia Figueiredo, de 39 anos, mora há dez no Sol Nascente. Ela disse que desde que as pessoas começaram a ocupar o local, em 1998, pouca coisa mudou.
Para ela, um dos principais problemas, que até o momento não foi solucionado pelo Estado, é a coleta de lixo. Ela contou à reportagem do R7 que os moradores deixam os lixos nas portas de casas e o caminhão do SLU (Serviço de Limpeza Urbana) leva dias para passar e quando aparece os funcionários “fingem que não viram e vão embora”.
O SLU, por outro lado, afirmou que esta é uma reclamação recorrente e garantiu que o lixo é recolhido todos os dias na região, mas os próprios moradores colocam novos sacos nas ruas fora do horário de coleta. A empresa também garantiu que os funcionários fazem periodicamente mutirões de limpeza, mas precisa da ajuda da comunidade para evitar transtornos.
Regularização
Em nota, a Sedhab (Secretaria de Desenvolvimento Habitacional do DF) informou que o GDF começou a avançar nas negociações, em parceria com a Codhab, no processo de regularização do Setor Habitacional Sol Nascente. A secretaria destacou esse propósito como “prioridade do governo atual” uma vez que o existem recursos do Governo Federal e do governo local para serem aplicados nas melhorias necessárias para esta comunidade.
Ao todo, serão investidos no Setor Sol Nascente quase R$ 220 milhões para realização de obras de infraestrutura como a implantação de asfalto, rede de drenagem e previsão de construção de mais de duas mil casas.
A secretaria explicou que para amenizar o problema, o GDF está fazendo a abertura das vias, a pavimentação em caráter emergencial e instalando iluminação pública em toda a cidade, além de construir praças e parques com equipamentos comunitários e urbanos.
Com essa regularização, a pasta explicou que todas as famílias passarão a morar em área legal, com direito de escritura definitiva do imóvel e investimentos constantes do Estado no que diz respeito a saúde, educação, segurança e lazer.
Fonte: R7
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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