Ataques frequentes de abelhas assustam moradores no interior de PE
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
- Category : Clipping
A professora Olanda Patrícia Silva, de 41 anos, não consegue controlar a emoção ao falar da morte de seu companheiro, o corretor de imóveis Aluísio Ferreira da Silva, de 58 anos. Ele morreu na última terça-feira (20) após ser picado por abelhas quando passeava de bicicleta em uma rua próxima a casa em que morava no Bairro Maurício de Nassau, em Caruaru, no Agreste de Pernambuco.
Segundo a professora, o vizinho é quem teria socorrido o corretor. “Depois que ele foi picado na rua, veio para casa e contou ao vizinho que era alérgico e não estava se sentindo bem. Pediu para que passasse álcool nas costas dele e retirasse os ferrões que estavam em seu corpo. O vizinho disse que pediu para levá-lo ao hospital mas ele preferiu se deitar um pouco. Depois de um tempo o vizinho percebeu que ele não estava respirando bem e chamou o Samu”, conta.
A professora disse também que desconhecia que o esposo tinha alergia. “Ele era saudável, tinha apenas problema de pressão e tomava remédio. Era forte, pesava 117 quilos, não consigo entender como isso aconteceu, ainda estou em estado de choque, ele era uma pessoa muito boa pra mim e vai fazer muita falta”.
Esse foi o segundo caso confirmado de morte por picada de abelha na região em menos de duas semanas. No dia 12 deste mês, uma mulher foi atacada pelos insetos em Altinho, também no Agreste e não resistiu. Lucélia dos Santos Souza, de 35 anos, passava por uma rua da cidade quando foi surpreendida pelas abelhas.
Luciana Monteiro, irmã da vítima, conta que após o ataque ela ainda chegou a ser socorrida e levada ao Hospital Regional do Agreste (HRA) em Caruaru, mas faleceu três dias depois. A irmã da vítima afirma ainda que o enxame estava em um estabelecimento comercial e que os moradores já vinham se sentindo incomodados com os insetos há algum tempo, mas não sabe o que teria motivado a agitação deles.
De acordo com informações da assessoria do HRA, Lucélia dos Santos, teria morrido devido à quantidade de picadas que sofreu, principalmente no rosto e no tronco. Já no primeiro caso, a morte se deu em decorrência de um choque anafilático. O especialista em alergia clínica, Marcos Vinícius, explica que esse choque é a manifestação mais grave da anafilaxia, que é uma reação de hipersensibilidade aguda a uma substância, ou seja, o corretor Aluísio Ferreira da Silva morreu porque era alérgico a picadas de abelhas.
Segundo Marcos Vinícius, é possível que uma pessoa receba várias picadas e consiga sobreviver, já outras não conseguem resistir por ter essa reação alérgica. Vinícius comenta também que é importante que as pessoas procurem saber se possuem algum tipo de reação porque assim estarão mais seguras e se for o caso nem se aproximarão dos insetos. Segundo ele, o diagnóstico pode ser constatado por meio de um exame de sangue específico, mas é necessário um encaminhamento médico.
Além desses registros de ataques de abelhas em que houve morte, vários outros casos vêm ocorrendo no interior do estado. No último fim de semana, mais de 40 pessoas ficaram feridas em São Bento do Una, no Agreste, após serem atacadas pelos insetos na feira livre da cidade. Duas delas ficaram em observação no hospital da cidade e depois foram liberadas. De acordo com o Corpo de Bombeiros acredita-se que alguém tenha agitado um enxame que estava em um prédio.
De acordo com dados do 2º Grupamento do Corpo de Bombeiros em Caruaru, que atende as ocorrências do tipo na região, cerca de 48 chamadas de ataques de abelhas já foram atendidas de julho até agora. O comandante da corporação, o Major Aureliano Costa, afirma que as pessoas estão assustadas. “A maioria das ligações que recebemos é de moradores com medo dos insetos. Eles ligam quando ficam sabendo de algum enxame próximo, solicitam uma vistoria e os bombeiros se dirigem para esses locais e fazem a eliminação das colmeias”.
Motivo da infestação
Apesar dos ataques das abelhas preocupar algumas pessoas, o biólogo Luiz Aleixo, pós-graduado em apicultura pela Universidade de Taubaté (SP), explica que o aparecimento delas é normal nessa época do ano na região. “Estamos em um período conhecido por enxameação, que é quando há uma proliferação das colmeias. Algumas abelhas são expulsas de um grupo e saem para formar outro, por isso acontece essa maior interação com o homem. Com a mudança de clima, a reprodução delas também tende a aumentar consideravelmente”.
Segundo o biólogo, a maior quantidade desses insetos nas cidades também pode ser explicada. “Com a destruição das matas que é o habitat natural das abelhas, a tendência é que elas se aproximem da área urbana em busca de alimentos. Por isso procuram se instalar casa vez mais em telhados de casas, áreas fechadas e em árvores para promover a subsistência da colmeia”.
O especialista em abelhas ressalta ainda que a maioria dos ataques ocorre por pura defesa biológica dos insetos. “Eles se sentem ameaçados pelo homem assim como todo animal. Costumo dizer que as abelhas não atacam, mas se defendem, e querendo ou não com razão. Se elas estão invadindo o nosso território é porque certamente tiveram o seu destruído”.
O Tenente Coronel Almir Rocha, comandante do Grupamento de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros no estado, comenta que é acostumado a lidar com essas situações de ataque de abelhas. Segundo ele, em alguns casos há descuido por parte das pessoas. “O erro de alguns é mexer com elas sem nenhuma orientação ou preparo. Cada abelha só libera a substância uma vez, o problema é que elas quase sempre atacam em grupo. E quando a pessoa mexe com ela é pior. O melhor é pedir ajuda.”
Como se proteger
Nos casos citados no início dessa reportagem em que houve morte por decorrência das picadas das abelhas, as vítimas foram surpreendidas pelos insetos. Mas, de acordo com o biólogo, Alexandre Henrique, algumas atitudes podem ajudar as pessoas a se proteger. “O primeiro passo é evitar um contato com áreas propícias para a criação das colmeias, como matas, por exemplo. Socorrer um animal ao vê-lo sendo atacado também não é recomendado. Em casa, as pessoas podem optar por colocar telas nas janelas e portas, evitar deixar lixo ou resto de alimentos descobertos porque isso atrai os insetos e se tiver jardim é preciso observar com frequência se as abelhas estão aparecendo”.
No caso de ataque, o Major Aureliano Costa, do Corpo de bombeiros orienta que a vítima busque se afastar das abelhas mas não no sentido da colmeia, como acontece em algumas vezes. Segundo ele, o ideal é que a pessoa retorne pelo caminho que havia percorrido e procure imediatamente um hospital.
Alternativa para se livrar das abelha
Por causa da agitação dos insetos durante o dia, o Corpo de Bombeiros só realiza o trabalho de extermínio dos enxames à noite.
O biólogo Luiz Aleixo acredita que o método resolve o problema à curto prazo mas defende que pode prejudicar o processo natural pelo qual as abelhas devem passar. “Eu entendo que nesse período elas aparecem e que muitas pessoas ficam com medo, mas é preciso discutir quem realmente está ultrapassando o território de quem. As abelhas tem um papel fundamental na natureza e isso não pode ser desconsiderado”.
Uma das soluções apontadas pelo especialista é a “caixa isca”, uma espécie de colmeia confeccionada e colocada em pontos estratégicos para atrair as abelhas. A noite elas são retiradas do local e entregues a um apicultor. Ele recomenda porém, que o método seja feito por um profissional.
Fonte: G1 PE
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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