Brasil negocia na Europa importação de médicos

O governo deu mais um passo no sentido de viabilizar a vinda de médicos estrangeiros para trabalhar em cidades do interior do país. Ontem, na Assembleia Mundial da Saúde, promovida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em Genebra (Suíça), os secretários de Vigilância Sanitária, Jarbas Barbosa, e de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mozar Sales, reuniram-se com representantes do Reino Unido, do Canadá, da Espanha e de Portugal. O objetivo do encontro foi conhecer a experiência que aqueles países têm com atração dos médicos estrangeiros e deixar clara a intenção do Brasil de fechar parcerias nesse sentido. Não houve apresentação de uma medida consolidada, mas, de acordo com o Ministério da Saúde, ao qual os dois secretários são ligados, os representantes europeus se mostraram simpáticos à proposta brasileira, principalmente os espanhóis, por causa da crise que atinge o continente e do alto índice de desemprego no país. Hoje, os secretários conversarão com representantes da Austrália.

Ontem, o porta-voz da presidência da República, Thomas Traumman, disse em São Paulo, em evento promovido pela agência de notícia espanhola EFE, que o governo estuda conceder visto de trabalho de dois ou três anos para os médicos estrangeiros trabalharem em áreas carentes. Uma das alternativas em análise é a concessão de uma autorização especial para que esses profissionais da saúde possam vir sem ter que passar pelo exame de revalidação de diplomas médicos, o Revalida. O porta-voz informou também que o governo estuda oferecer aulas de português aos médicos estrangeiros que não tenham fluência no idioma.
Apesar do esforço, o governo ainda não conseguiu convencer as entidades que representam os médicos de que a importação de mão de obra é benéfica. As associações classistas são contra a vinda desses profissionais sem a necessidade de revalidação do diploma.

No início do mês, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, divulgou a intenção de trazer 6 mil médicos cubanos ao Brasil. Após o anúncio, o ministro da Saúde disse que a prioridade do governo é fazer intercâmbio com Espanha e Portugal.
Segundo Padilha, a medida está em estudo porque faltam médicos no país e é necessário suprir a demanda da população. De acordo com levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), o Brasil tem uma taxa de 1,8 médico por grupo de mil habitantes (a taxa fica abaixo de 1 se consideradas apenas as cidades pequenas e médias do interior), enquanto Espanha e Portugal têm taxa que chega a 4 por mil. De acordo com o presidente do CFM, Luiz Roberto d’Ávila, o problema no Brasil não é a falta de médicos, mas a má distribuição desses profissionais. “A pergunta é porque os médicos brasileiros não querem trabalhar no interior do país. Não há estrutura, não há política de incentivo para eles irem. É isso que o governo tem de resolver, tem de criar uma carreira de estado”, diz d’Ávila.

Na proposta em estudo pelo governo, os médicos estrangeiros viriam em caráter provisório e só poderiam atuar com saúde básica. Não teriam, por exemplo, autorização para fazer cirurgias. Mas até essa proposta é criticada pelo conselho. “Não existe meio médico. Ele tem de estar pronto para tratar dos problemas simples até os mais complexos. Se for um médico pela metade, que nem sequer reconhece algo mais grave, ele põe em risco a saúde da população.” De acordo com d’Ávila, no mês passado, a presidente Dilma Rousseff, em encontro com entidades médicas, disse que criaria um grupo de estudo para analisar a proposta de atração de médicos e que chamaria o CFM para a discussão. “Já se passou um mês e isso ainda não aconteceu”, criticou.

Fonte: Correio Braziliense

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)

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