Cannes escolhe Safo
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
- Category : Clipping
Na coletiva de apresentação do júri, seu presidente, o cineasta norte-americano Steven Spielberg, disse que Cannes é o lugar perfeito para se celebrar o cinema do mundo. Ontem, após a premiação, ele reafirmou o que havia dito antes. Spielberg e seus jurados podem ter feito algumas escolhas discutíveis, ou se esquecido de filmes importantes, mas foram corajosos, ousados – e no geral fizeram a coisa certa.
A Palma de Ouro para A Vida de Adèle, do tunisiano Abdellatif Kechiche, não apenas premiou o indiscutível melhor filme da seleção oficial – referendado pelo prêmio da crítica, no sábado -, como se estendeu a duas atrizes, Adèle Axerchopoulos e Lea Seydoux, que receberam diplomas e subiram ao palco com o diretor.
Monsieur le president (Spielberg) justificou a tríplice escolha. “A colaboração entre o diretor e suas atrizes é tão intensa e radical que só se pode pensar nesse filme como uma coisa orgânica. Se a escolha do elenco fosse apenas 3% errada, A Vida de Adèle não teria causado a intensa emoção que provocou.”
O filme conta a historia da descoberta da homossexualidade por uma garota, que vive uma forte relação com outra mulher. Adèle Axerchopoulos e Lea Seydoux têm cenas íntimas que beiram o sexo explícito. A Palma de Ouro consagra um filme e um tema que viraram tabu na Franca.
Em todo o país ocorrem manifestações contra o casamento gay. Seria o prêmio político, podendo ser considerado uma afirmação do júri em defesa da diversidade?
“Em primeiro lugar, elas não chegam a se casar formalmente, mas a verdade é que essa discussão de gênero nunca se impôs. A Vida de Adèle conta uma belíssima história de amor, e foi isso que nos seduziu”, afirmou Spielberg.
“Logo no começo há uma referência a Marivaux, e esse autor francês é conhecido e apreciado como um grande analista dos sentimentos humanos. São eles que estão em discussão, mais que a normalidade que muita gente evoca para ser contra o casamento entre iguais”, acrescentou o ator Daniel Auteuil, outro jurado.
O diretor romeno Cristian Mungiu trouxe outro elemento para a discussão: “A história é muito forte, muito bem contada e o que nos impressionou foi também, ou principalmente, o aspecto cinematográfico de A Vida de Adèle. O diretor arrisca-se. Forçou-nos a correr o risco, arriscar com ele.” O júri deu seu grande prêmio para Inside Llewin Davis, dos irmãos Coen. Ethan e Joel viraram ícones em Cannes e é simplesmente inimaginável pensar que eles possam mostrar um filme aqui e sair sem prêmios.
Para o gosto do repórter, o Grand Prix teria sido melhor atribuído ao italiano Paolo Sorrentino, que não ganhou prêmio nenhum por seu deslumbrante La Grande Bellezza. Sem se referir a Sorrentino, Spielberg disse que o júri apreciou muitos outros filmes que gostaria de ter premiado. Mas até o prêmio para os Coen fez parte do brilho da noite.
A apresentadora Audrey Tautou, a Amelie Poulain, pediu atenção para as imagens de um filme mítico. No telão, Kim Novak avançou para James Stewart ao som daquela trilha, emUm Corpo Que Cai, de Alfred Hitchcock. A atriz veio a Cannes prestigiar a versão restaurada do clássico e entregar o Grand Prix. O ator Oscar Isaac, que recebeu o prêmio em nome dos Coen, não deixou por menos: “Que honra!” A sala veio abaixo – pelos Coen, e por Kim.
Fonte: Estadão
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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