Copa do Mundo no Brasil acelerou saída de Havelange e Ricardo Teixeira

Além de pressionar o Brasil para que os estádios ficassem prontos a tempo para a Copa do Mundo e a Copa da Confederações, a Fifa teria, de acordo com alguns analistas, ‘acelerado’ a saída de dirigentes históricos do futebol sul-americano envolvidos em escândalos de corrupção. A ideia seria apresentar a melhor imagem possível do futebol do continente na hora de sediar o maior evento do esporte.

O comitê Independente de Ética, criado pela entidade em julho de 2012, divulgou um relatório que confirma que João Havelange (ex-presidente de Fifa), Ricardo Teixeira (ex-presidente da CBF) e o paraguaio Nicolás Leoz (ex-presidente da Conmebol) receberam suborno em negociações sobre os direitos de transmissão de Copas do Mundo.

— Do dinheiro que passou pelo grupo ISMM/ISL existe a certeza de que foram desviadas quantias consideráveis para o ex-presidente da Fifa João Havelange, seu então genro Ricardo Teixeira, assim como para o Dr. Nicolás Leoz, sem que se possa demonstrar qualquer prestação de serviço. Estes pagamentos foram realizados através de empresas fictícias para encobrir os verdeiros destinatários, e devem ser classificados como ‘subornos’ – explica o documento.

O ‘caso ISL’ estourou em 2012, quando o canal britânico BBC revelou que a empresa de marketing ISL (International Sports and Leisure) obteve os direitos de transmissão para várias Copas do Mundo ao pagar subornos a dirigentes da Fifa, antes de ir à falência em 2001.

No dia 30 de abril, Havelange deixou o cargo de presidente de honra da Fifa, poucos dias após Leoz renunciar à presidência da Conmebol alegando “motivos de saúde”.

O paraguaio, que estava à frente da federação sul-americana desde 1986, foi acusado por jornais da Inglaterra, da Suíça e da Alemanha de aceitar subornos em troca do seu voto a favor das candidaturas da Rússia e do Qatar para sediar as Copas de 2018 e 2022, respectivamente.

Leóz sempre negou as acusações, que também tinham como alvo o presidente da AFA (Associação do Futebol Argentino), Julio Grondona. A Fifa acabou arquivando o caso por falta de provas. Já Ricardo Teixeira renunciou em março de 2012 ao cargo de presidente da CBF, que ocupava desde 1989.

De acordo com Daniel Arcucci, editor de esportes no diário argentino La Nación, a chegada ao poder da presidente Dilma Rousseff teve influência na saída do dirigente.

— Ricardo Teixeira não tinha como permanecer no mundo do futebol. Ele estava sob peso de várias denúncias justamente no momento em que o Brasil começou a tomar decisões mais drásticas contra a corrupção – disse Arcucci à AFP.

Já Grondona é o único que continua ocupando funções importantes apesar das acusações. À frente da AFA desde 1979, o argentino é vice-presidente sênior do comitê executivo da Fifa. Apenas o presidente Joseph Blatter está acima dele na hierarquia da entidade.

De acordo com Arcucci, Leóz, que chama de “homem de Grondona para a América do Sul”, e Teixeira, que chama de “Grondona brasileiro”, foram “afastados pela Fifa numa busca estratégica de algo parecido com a transparência”. O jornalista explica que essa pressão da Fifa resultou “na saída do Grondona brasileiro e do Grondona sul-americano”.

— Por que não acontece a mesma coisa com o ‘autêntico’ Grondona?! Porque com a mesma habilidade com a qual, sem falar uma palavra de inglês, ele dirigiu as finanças de uma multinacional milionária e conseguiu se reeleger várias vezes, ele conseguiu fazer com que não fosse atingido pelas denúncias – opinou Arcucci.

Grondona, contudo, anunciou que o atual mandato, que se encerra em 2015, será seu último à frente da AFA. A saída de ‘dinossauros’ do futebol sul-americano ainda não resultou em mudanças significativas.

Leoz foi substituído pelo seu vice, o uruguaio Eugenio Figueredo, de 81 anos. Uma fonte próxima à Conmebol, que preferiu manter o anonimato, explicou à AFP o porquê da eleição de Figueredo pelos presidentes de federações nacionais, que se reuniram no fim de abril.

— Uma campanha eleitoral para eleger o novo chefe poderia ter ameaçado a paz e a harmonia que se conseguiu com a longa administração de Leoz.

Ricardo Piñeyrúa, coordenador de Esportes da rádio uruguaia El Espectador, disse à AFP que “a saída de Leoz deu início de um período de transição. Tenho a sensação de que existe um grupo de novos dirigentes que vão impulsar uma modificação na estrutura da Conmebol”.

A fonte da Conmebol concordou com esta teoria.

— Há dirigentes mais novos com a ambição de assumir o comando – reconheceu.

De acordo com esta fonte, os ‘Dinossauros’ “deram lugar a uma nova ordem, com dirigentes jovens impetuosos, que nasceram com a tecnologia, numa faixa etária entre 34 e 50 anos, que serão capazes de gerar muito mais lucro do que hoje em dia”.

Essa nova safra de dirigentes tem entre seus nomes mais fortes Sergio Jadue, presidente da Federação Chilena, de apenas 34 anos. Já Piñeyrúa espera uma Conmebol mais transparente.

— Existe uma enorme falta de transparência na Conmebol. Temos uma organização muito rica, que tem como sede uma edifício suntuoso, mas em contrapartida alguns países sul-americanos têm um futebol muito pobre.

Fonte: R7

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)

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