“Dilma declarou guerra aos médicos”, diz Conselho

Cerca de 300 médicos se concentraram em frente ao Ministério da Saúde e ao Palácio do Planalto para protestar contra a "importação" de profissionais estrangeiros sem prova de revalidaçãoSão Paulo – As últimas semanas não foram boas para o relacionamento entre governo e médicos brasileiros. Desde que a presidente Dilma Rousseff anunciou a vinda de médicos estrangeiros sem a necessidade de revalidação de diploma, as relações vão de mal a pior. Tanto que, após o veto da presidente a artigos da lei conhecida como Ato Médico, os profissionais marcaram um dia de protestos em todo o Brasil para amanhã, terça-feira.

“Nós vivemos em um país preocupante, autoritário. Uma lei que passa por doze anos de debates e discussões no Congresso é vetada pela presidente. Ao mesmo tempo, o poder executivo baixa uma lei através de medida provisória que revoluciona o ensino médico no país sem conversar com ninguém”, critica Renato Azevedo, presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp).

A lei que passou doze anos no Congresso é o chamado Ato Médico, que regulamenta a profissão da medicina no Brasil e, entre outros pontos, reservava ao médico a responsabilidade de diagnóstico e tratamento de doenças. Este foi exatamente um dos pontos vetados pela presidente. A medida provisória do programa Mais Médicos, por sua vez, foi anunciada pela presidente na semana passada e determina que estudantes de medicina, antes de seguir para seus anos de residência, passem dois anos atuando no sistema público de saúde.

Em entrevista a EXAME.com, o presidente do Cremesp explica porque as últimas medidas do governo “são uma declaração de guerra à medicina brasileira”.

EXAME.com – Recentemente, a presidente vetou partes da lei do Ato Médico. Qual o maior problema disso?
Renato Azevedo – Não venha me falar que ela não vetou a lei, que ela vetou partes. Ela vetou a lei porque ela vetou artigos definidores da lei. A lei ficou sem pé nem cabeça. Ela vetou o principal inciso, que diz que é privativo do médico o diagnóstico de doenças e o tratamento. Mas lá está escrito também que o que foi regulamentado para outras profissões fica mantido, então ela não impede nada se você for ver.

EXAME.com – Profissionais como psicólogos discordam. Eles afirmam que esse inciso pode proibi-los de, por exemplo, diagnosticar um paciente com depressão.
Azevedo –
 Olha, você sabe quantas causas médicas de depressão existem? Inúmeras. Pode ser um tumor cerebral, pode ser hipotireoidismo. Se ele faz um diagnóstico de depressão, e ninguém vai impedir o psicólogo de fazer isso, ele tem que encaminhar para um psiquiatra.

O que está acontecendo é que os médicos agora passaram a ser culpados de tudo. O governo está enrascado e precisa de um bode expiatório. O povo saiu nas ruas pedindo um estado de bem estar social, coisa que o governo não pode dar porque é corrupto. Aí a doutora Dilma declara uma guerra contra os médicos, como se a gente fosse culpado pelas mazelas da saúde. Tenha dó.

EXAME.com – Com tudo isso, como fica a relação dos médicos com o ministro Alexandre Padilha e com a presidente Dilma Rousseff?
Azevedo –
 Péssima. A relação está péssima. Veja bem, em abril nós estivemos com a presidente e com o ministro. Eu estive lá no Palácio do Planalto e nós falamos de tudo isso. Entregamos um documento para ela com propostas reais. Nessa reunião, ela nos falou pessoalmente que não iria tomar nenhuma decisão sem antes voltar a conversar. Não voltou a conversar e tomou as decisões que, na verdade, são uma declaração de guerra à medicina brasileira. Nós não aceitamos isso. E vamos lutar por todos os meios.

EXAME.com – Quais meios, exatamente?
Azevedo –
 Vamos atuar junto ao Congresso Nacional para derrubar o veto da presidente. Estamos considerando, também, entrar com uma ação direta de inconstitucionalidade. Vamos continuar mobilizando politicamente os médicos do Brasil inteiro para protestar. Para essa terça-feira, já temos marcados atos no país inteiro. Inclusive saindo do Cremesp, em São Paulo.

EXAME.com – O primeiro desentendimento entre médicos e governo, porém, veio com a proposta do ministro da Saúde de trazer médicos estrangeiros para atuar em áreas mais necessitadas do Brasil. Qual a crítica a esse projeto?
Azevedo – É preciso que fique claro que nós não somos nem nunca fomos contra estrangeiros virem trabalhar no Brasil. Mas isso desde que eles sigam a lei e revalidem o seu diploma através da prova que é feita pelo próprio Ministério da Saúde. A questão é que não falta médico no Brasil, há uma má distribuição deles. Por quê? Porque o que determina a distribuição é o mercado. Em nenhum momento essa distribuição pode ser coercitiva. Não tem milagre pra fixar médicos. Eu duvido que médicos da Espanha e de Portugal queiram trabalhar nas condições que o governo oferece.

EXAME.com – Como atrair médicos para essas regiões, então?
Azevedo – Tem três coisas para colocar médico num lugar de difícil acesso: tem que ter condições de trabalho, como estrutura, material e recursos para diagnósticos; tem que ser uma carreira de Estado, o médico deve ser um funcionário público, que entra por concurso público, tem dedicação exclusiva, começa nos locais mais afastados, mas volta para os centros na medida do tempo e do mérito; e tem de haver uma remuneração compatível com o seu tempo de formação e responsabilidade. Não é possível que um juiz federal tenha um salário inicial de R$ 22 mil e um médico aqui na capital de São Paulo ganhe R$ 1.800. Não tem condição.

EXAME.com – Além das medidas polêmicas, o governo anunciou um pacote de bilhões de reais em investimentos na área de saúde. É o suficiente?
Azevedo – O Brasil investiu no ano passado cerca de 3,5% do seu PIB em saúde. Na Inglaterra, país que o ministro adora comparar ao Brasil, eles investem 10% do PIB na área. O que nós reivindicamos é que 10% da receita pública da União seja dedicada à saúde. De 2011 pra cá, o ministro resolveu falar que falta médico no país. Pelo amor de Deus, isso é discurso para desviar a atenção do problema principal que é a falta de investimentos. O governo federal batalhou para que o orçamento de 10% não fosse aprovado no Congresso, ele não considera a saúde como prioridade. E agora os médicos viraram o bode expiatório da saúde pública brasileira.

EXAME.com – Mas agora foram anunciados esses investimentos bilionários. Não sinaliza uma mudança nas prioridades do governo?
Azevedo – Pois é, isso é engraçado. No ano passado, da parca verba que o Ministério da Saúde teve, ele deixou de gastar bilhões. Sabe por quê? Anunciar projeto é muito fácil. Aí chega no final do ano, sobra dinheiro. Ele anunciou que bilhões de reais vão para a saúde, eu quero ver é executar. Duvido.

EXAME.com – O medo então é que as dez mil vagas no interior do país e nas periferias da grandes cidades sejam oferecidas sem que investimento em infraestrutura siga?
Azevedo – Sim. O médico é a última coisa que tem de entrar no serviço de saúde. Precisa ter estrutura física, outros profissionais de saúde, material e medicamentos básicos. Depois de tudo isso que você põe o médico. Porque o profissional com a maleta e o estetoscópio não resolve nada. Isso é coisa do século 19.

EXAME.com – Mas o senhor não acha que, em algumas regiões do país, a situação de saúde está atrasada nesse nível? Como medida emergencial, levar estrangeiros e estudantes para essas áreas não pode ajudar?
Azevedo – Se eu puser um médico mal formado para atender, é pior que não ter nenhum. Então, que os estrangeiros façam a prova. Na Inglaterra, estudante de medicina não atende ninguém. É um médico formado após a residência médica. E todo mundo quer trabalhar no serviço público inglês. Por quê? Porque tem condição de trabalho, tem carreira e tem remuneração. E para os médicos estrangeiros, eles têm de passar por um exame rigorosíssimo.

Fonte: Exame

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)

Nenhum comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Clipping
GONZAGA PATRIOTA PARTICIPA DO DESFILE DA INDEPENDÊNCIA NO PALANQUE DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA E É ABRAÇADO POR LULA E POR GERALDO ALCKMIN.

Gonzaga Patriota, acompanhado da esposa, Rocksana Príncipe e da netinha Selena, estiveram, na manhã desta quinta-feira, 07 (Sete de Setembro), no Palanque da Presidência da República, onde foram abraçados por Lula, sua esposa Janja e por todos os Ministros de Estado, que estavam presentes, nos Desfiles da Independência da República. Gonzaga Patriota que já participou de muitos outros desfiles, na Esplanada dos Ministérios, disse ter sido o deste ano, o maior e o mais organizado de todos. “Há quatro décadas, como Patriota até no nome, participo anualmente dos desfiles de Sete de Setembro, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Este ano, o governo preparou espaços com cadeiras e coberturas, para 30.000 pessoas, só que o número de Patriotas Brasileiros Independentes, dobrou na Esplanada. Eu, Lula e os presentes, ficamos muito felizes com isto”, disse Gonzaga Patriota.

Clipping
Gonzaga Patriota participa de evento em prol do desenvolvimento do Nordeste

Hoje, participei de uma reunião no Palácio do Planalto, no evento “Desenvolvimento Econômico – Perspectivas e Desafios da Região Nordeste”, promovido em parceria com o Consórcio Nordeste. Na pauta do encontro, está o plano estratégico de desenvolvimento sustentável da região, e os desafios para a elaboração de políticas públicas, que possam solucionar problemas estruturais nesses estados. O evento contou com a presença do Vice-presidente Geraldo Alckmin, que também ocupa o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o ex governador de Pernambuco, agora Presidente do Banco do Nordeste, Paulo Câmara, o ex Deputado Federal, e atualmente Superintendente da SUDENE, Danilo Cabral, da Governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, entre outras diversas autoridades de todo Nordeste que também ajudam a fomentar o progresso da região.

Clipping
GONZAGA PATRIOTA comemora o retorno da FUNASA

Gonzaga Patriota comemorou a recriação da Fundação Nacional de Saúde – FUNASA, Instituição federal vinculada ao Ministério da Saúde, que havia sido extinta no início do terceiro governo do Presidente Lula, por meio da Medida Provisória alterada e aprovada nesta quinta-feira, pelo Congresso Nacional.  Gonzaga Patriota disse hoje em entrevistas, que durante esses 40 anos, como parlamentar, sempre contou com o apoio da FUNASA, para o desenvolvimento dos seus municípios e, somente o ano passado, essa Fundação distribuiu mais de três bilhões de reais, com suas maravilhosas ações, dentre alas, mais de 500 milhões, foram aplicados em serviços de melhoria do saneamento básico, em pequenas comunidades rurais. Patriota disse ainda que, mesmo sem mandato, contribuiu muito na Câmara dos Deputados, para a retirada da extinção da FUNASA, nessa Medida Provisória do Executivo, aprovada ontem.