‘Efeito dos protestos virá no longo prazo’

Assim como o historiador inglês Eric Hobsbawm (1917- 2012) usou a 1.ª Guerra Mundial para definir o início do seu “breve século 20”, o professor de História Contemporânea da Universidade de São Paulo (USP) Lincoln Secco acredita que a atual onda de protestos pelo mundo – que começou com a Primavera Árabe, em 2010 – marca o início do século 21. Para ele, os protestos que têm tomado as ruas do Brasil estão dentro desse contexto e podem resultar, no futuro, em um novo modo de organização política. No curto prazo, porém, não devem ter força suficiente para impactar os partidos atuais e as eleições de 2014.

Como o senhor vê as manifestações no Brasil?

O primeiro fato inegável é que, desde 1992, é a primeira vez em que as pessoas voltam às ruas em uma amplitude como a atual. A década neoliberal de 1990 e os meios de comunicação decorrentes da informática esvaziaram as ruas. É surpreendente que agora as pessoas estão voltando a protestar usando as redes sociais.

Como se define esse protesto marcado pelo Facebook?

A comunicação em rede já está propagada desde o século 19. Mas antes ela se dava de maneira escrita ou falada e só as pessoas mais inclinadas a se politizar atendiam a esses apelos. A internet é um espaço de interação, mas também é dominada pelo mercado de consumo e isso acaba atraindo pessoas que saem às ruas apenas por festa. Talvez seja possível dizer que ganhou em quantidade, mas perdeu em qualidade.

São manifestações contra a classe política?

Qualquer manifestação contra a classe política teria apoio de massa em qualquer país hoje. Os políticos não gozam de boa fama por causa de um distanciamento que ocorre entre Estado e sociedade civil.

Há um sentimento antipolítico como o de países europeus em crise, como a Itália?

É um contexto parecido, mas acrescentaria outros fatores. Há grandes manifestações que ocorrem no mundo desde a Primavera Árabe e já chegaram à Europa e aos Estados Unidos. Elas mostram uma nova face desses movimentos, que é a ocupação das ruas sem uma direção definida. O Brasil não está isolado do resto do mundo e é influenciado por essa onda.

Isso significa um esgotamento dos métodos atuais de participação política e representação?

O movimento brasileiro é uma esfinge. Ele pede para ser decifrado. À primeira vista, observamos que há uma revolta positiva contra um sistema político arcaico que não representa a população. Talvez o fato negativo seja que as pessoas estão criticando o governo, mas não sabem o que pôr no lugar. À medida que você tem um movimento de massas espontâneo, perde a direção e abre espaço para que o movimento seja apropriado por forças conservadoras da ordem.

Qual a capacidade desses protestos de gerar mudanças na estrutura política?

Na história contemporânea, houve várias revoluções espontâneas, mas que em um certo momento acabaram sendo cooptadas por forças já estabelecidas. As manifestações dos estudantes no Chile, por exemplo, não derrubaram o governo. As revoltas árabes acabaram em governos que não representavam o que era pedido.

Aqui acontecerá o mesmo?

Duvido que essas manifestações possam afetar as eleições no ano que vem. Mas esse processo ainda está longe de terminar, está em andamento.

A expectativa então é para o longo prazo?

No curto prazo, isso não vai acontecer. Basta ver que o PSDB continua enraizado em certos lugares do País, em um certo público, assim como também acontece com o PT. É de se considerar, também, que o governo Dilma está fortemente enraizado em um setor da população que, aparentemente, não comparece em massa a essas manifestações e não compartilha desse sentimento antipolítico, pois vê com bons olhos os programas sociais do governo.

Fonte: Estadão

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)

Nenhum comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Clipping
GONZAGA PATRIOTA PARTICIPA DO DESFILE DA INDEPENDÊNCIA NO PALANQUE DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA E É ABRAÇADO POR LULA E POR GERALDO ALCKMIN.

Gonzaga Patriota, acompanhado da esposa, Rocksana Príncipe e da netinha Selena, estiveram, na manhã desta quinta-feira, 07 (Sete de Setembro), no Palanque da Presidência da República, onde foram abraçados por Lula, sua esposa Janja e por todos os Ministros de Estado, que estavam presentes, nos Desfiles da Independência da República. Gonzaga Patriota que já participou de muitos outros desfiles, na Esplanada dos Ministérios, disse ter sido o deste ano, o maior e o mais organizado de todos. “Há quatro décadas, como Patriota até no nome, participo anualmente dos desfiles de Sete de Setembro, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Este ano, o governo preparou espaços com cadeiras e coberturas, para 30.000 pessoas, só que o número de Patriotas Brasileiros Independentes, dobrou na Esplanada. Eu, Lula e os presentes, ficamos muito felizes com isto”, disse Gonzaga Patriota.

Clipping
Gonzaga Patriota participa de evento em prol do desenvolvimento do Nordeste

Hoje, participei de uma reunião no Palácio do Planalto, no evento “Desenvolvimento Econômico – Perspectivas e Desafios da Região Nordeste”, promovido em parceria com o Consórcio Nordeste. Na pauta do encontro, está o plano estratégico de desenvolvimento sustentável da região, e os desafios para a elaboração de políticas públicas, que possam solucionar problemas estruturais nesses estados. O evento contou com a presença do Vice-presidente Geraldo Alckmin, que também ocupa o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o ex governador de Pernambuco, agora Presidente do Banco do Nordeste, Paulo Câmara, o ex Deputado Federal, e atualmente Superintendente da SUDENE, Danilo Cabral, da Governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, entre outras diversas autoridades de todo Nordeste que também ajudam a fomentar o progresso da região.

Clipping
GONZAGA PATRIOTA comemora o retorno da FUNASA

Gonzaga Patriota comemorou a recriação da Fundação Nacional de Saúde – FUNASA, Instituição federal vinculada ao Ministério da Saúde, que havia sido extinta no início do terceiro governo do Presidente Lula, por meio da Medida Provisória alterada e aprovada nesta quinta-feira, pelo Congresso Nacional.  Gonzaga Patriota disse hoje em entrevistas, que durante esses 40 anos, como parlamentar, sempre contou com o apoio da FUNASA, para o desenvolvimento dos seus municípios e, somente o ano passado, essa Fundação distribuiu mais de três bilhões de reais, com suas maravilhosas ações, dentre alas, mais de 500 milhões, foram aplicados em serviços de melhoria do saneamento básico, em pequenas comunidades rurais. Patriota disse ainda que, mesmo sem mandato, contribuiu muito na Câmara dos Deputados, para a retirada da extinção da FUNASA, nessa Medida Provisória do Executivo, aprovada ontem.