Em PE, Comissão da Verdade liga morte de Pe. Henrique a crime político
A Comissão da Verdade de Pernambuco apresentou, nesta segunda-feira (22), no Recife, documentos da ditadura militar que comprovariam a motivação política do assassinato do padre Antônio Henrique Pereira Neto, em 26 de maio de 1969. Na época, o governo atribuiu o caso a um crime comum.
Entre os documentos revelados, há um que mostra telefones como o de Dom Hélder Câmara, então arcebispo de Olinda e Recife. Segundo a comissão, as ligações eram grampeadas pela Secretaria de Segurança Pública de Pernambuco, em maio de 1969, mesmo mês em que o Padre Henrique foi assassinado.
Já em um relatório de 1971, o Centro de Informações da Marinha (Cenimar) relacionava nomes de pessoas ligadas à Edal – uma organização francesa que acompanhava a igreja na América Latina. Ao lado do nome do Padre Henrique, aparece escrita a lápis a palavra “falecido”.
Além desses, foram apresentados vários documentos do SNI – o antigo Serviço Nacional de Informações. Em um deles, de agosto de 1970, percebe-se claramente a preocupação que o assassinato do Padre Henrique despertava no governo militar. O Ministério da Justiça mandou para o chefe do SNI um relatório de um consultor jurídico sobre o caso.
Em determinado trecho do documento, o consultor explica aos superiores do ministério as providências que tomou, deixando claro que o Ministério Público não tinha liberdade para investigar o caso. “Para impedir o desastroso desenlace do processo, obtive do promotor público José Ivens, depois de ter-lhe revelado o nosso ponto de vista sobre o caso, o compromisso de não concluir suas alegações sem antes receber expressas orientações do Ministério da Justiça”, escreveu o consultor Leonardo Greco.
O relator do caso na Comissão da Verdade, Henrique Mariano, disse que esses documentos comprovam a motivação política contrariando as versões, até então, existentes sobre o crime. “Inclusive a versão da própria Comissão Judiciária de Inquérito que, naquela época, conclui que o crime teria sido um crime comum. Não teria tido um caráter político, alegando-se o fato do Padre Henrique não ter tido participação política partidária”, explicou.
A irmã do padre Henrique, Isaíras Pereira, afirmou ter certeza de que o crime havia acontecido por motivos políticos e gostou de ver isso confirmado pelas investigações da Comissão da Verdade. “Nós não tínhamos dúvidas disso, só não podíamos provar e, agora, a comissão conseguiu provar. Foi fantástico o trabalho da comissão”, comentou.
Fonte: G1 PE
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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