Falhas no transporte público frustram torcedores da Arena Pernambuco
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
- Category : Clipping
Os torcedores que foram assistir ao primeiro jogo da Copa das Confederações na Arena Pernambuco, em São Lourenço da Mata, Grande Recife, não pouparam críticas sobre o acesso ao estádio, que fica a 19 quilômetros da capital pernambucana. A partida entre Espanha e Uruguai terminou às 20h56 do domingo (16), e às 23h, mais de duas horas após o apito final, ainda tinha gente tentando sair do local. Muitos, que já tinham enfrentado problemas no trajeto de ida, resolveram deixar o campo antes do início do segundo tempo, temendo mais tumulto na volta. Outros só saíram do estádio quase uma hora após o fim da partida e, mesmo assim, tiveram dificuldade para voltar para casa. O público do jogo foi de 41.705 torcedores.
O economista Reinaldo Figueiredo veio de São Paulo com a namorada para assistir ao jogo. Eles ficaram decepcionados com a experiência e abandonaram o estádio ainda durante o intervalo. “Ontem [sábado, 15], ficamos 3h19 na fila para trocar os ingressos e hoje demoramos duas horas para chegar ao local. Pegamos o Expresso Torcida no Shopping Center Recife e depois o metrô. Ficamos espremidos na estação. Vim embora porque estou de saco cheio de tudo, não venho mais ao Recife”, desabafou.
O Expresso Torcida foi um serviço idealizado pelas prefeituras do Recife e Jaboatão dos Guararapes, onde os torcedores deixavam os carros em shoppings dos municípios e pegavam um ônibus expresso até estações de metrô. A população reclamou principalmente das filas para conseguir pagar e tirar a pulseira que dava acesso à viagem.
O engenheiro Bergson Souza e a contadora Millena Rocha decidiram deixar o estádio logo após o começo do segundo tempo. “A Arena tá bonita, o espetáculo é lindo, mas há uma série de gargalos. Para ir ao estádio, levamos quatro horas da estação Cajueiro Seco até a Cosme e Damião. Essa última tem um grande problema que é a escada. Ela é muito estreita para passar tanta gente. É impossível. O povo não conseguia descer e, com isso, se aglomerava na plataforma do metrô. Não queremos passar por isso na volta para casa e saímos antes. Estou decepcionado”, lamentou.
“Saímos do estádio antes do gol do Uruguai, mas ao ver a fila do ônibus que levava até a estação Cosme e Damião, decidimos voltar e esperar. [A fila] estava parada, não andava”, disse o torcedor Rodrigo Leite. Ele estava acompanhado da esposa Ana Cláudia e da amiga Mariana Serpa. “Sem falar que as divisórias da fila atrapalharam bastante a saída”, acrescentou. Antes de chegar no ponto dos ônibus circulares, era possível ver grades das divisórias derrubadas no chão, o que tumultuou a fila quilométrica. Exaustos, alguns torcedores sentaram em um barranco às margens da Arena para esperar a multidão diminuir.
O empresário Gustavo Jácome, 35 anos, também desistiu de ver o jogo até o fim. “Trouxe meu filho Vítor, de 4 anos, mas estou voltando para casa mais cedo porque a viagem foi péssima na vinda. Não quero passar sufoco na volta”, argumentou.
Problemas também dentro do estádio
O produtor de eventos Zé Mário pagou R$ 228 pelo ingresso e acredita ter jogado o dinheiro no lixo. Ele saiu da Arena aos 42 minutos do primeiro tempo. “A fila do bar era grande, não consegui comprar nada e estou morrendo de fome. Depois, quero evitar a confusão na volta, com toda aquela gente no metrô. Na ida, saí do Shopping RioMar e passei duas horas para chegar aqui”, contou.
O médico Alexandre Borges estava irritado com os serviços prestados na Arena, de onde saiu no intervalo da partida. “Cheguei às 16h30, justamente para não enfrentar a multidão, mas os portões não estavam abertos como prometido. Peguei chuva no local da arquibancada aonde eu estava, a fila do bar estava grande, os banheiros sujos, então resolvi ir embora logo”, reclamou.
Na sexta (14), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seção Pernambuco, já havia entrado com representação no Procon estadual contra a Fifa. O motivo foi a queixa de um grupo formado por 30 torcedores que adquiriram ingressos para os jogos e reclamaram da localização dos assentos especificado nos bilhetes. “Todas as queixas têm relação com a aquisição de ingressos. A Fifa dividiu as arquibancadas em quatro categorias e não especificou claramente em que área ficariam”, afirmou o presidente da OAB-PE, Pedro Henrique Reynaldo Alves.
Pane elétrica na estação
O terminal de ônibus da Estação Cosme e Damião, onde paravam os circulares trazendo os torcedores da Arena Pernambuco, ficou sem energia durante 18 minutos, entre 20h28 e 20h46. No local, os coletivos chegavam em intervalos de até 2 minutos, sempre lotados. Muitos torcedores desembarcaram às pressas. “É o medo de perder o próximo trem e pegar outro muito lotado”, disse uma das passageiras.
A estreita escada da Estação Cosme e Damião, que leva até a plataforma de embarque, também atrapalhou a volta para casa. “Já foi uma ‘baixaria’ entrar naquele circular, porque o povo furava fila, e aqui ainda tem esse aperto. Se tivesse mais calma, tudo caminharia mais tranquilo”, disse a recepcionista Cristiane do Monte.
Metrô e ônibus vencem táxi no trajeto até a Arena
Três trajetos e três meios de transporte diferentes. A reportagem do G1 voltou a testar o acesso à Arena Pernambuco e registrou que, apesar dos problemas, o metrô ou o ônibus são as melhores opções para chegar ao estádio. No domingo (16), a viagem de coletivo partindo do Centro do Recife, às 16h26, durou 1h34. Já a de metrô, saindo da Zona Sul da capital, no mesmo horário, teve duração de 1h45. A de táxi, saindo da Zona Norte da cidade, também às 16h26, foi a mais demorada: o percurso levou duas horas.
De ônibus, a viagem teve início na Avenida Guararapes, no bairro de Santo Antônio, Centro Recife. A reportagem embarcou na linha Curado IV até o Terminal Integrado (TI) da Rodoviária, recentemente inaugurado. A espera pelo coletivo durou 20 minutos e o percurso mais 55 minutos. No primeiro teste de acesso feito pelo G1, no jogo-teste entre Náutico e Sporting, em 22 de maio, a linha Curado IV não parava em outro ponto porque o terminal ainda não havia sido inaugurado.
Vale destacar que houve, no trajeto, uma espera de 15 minutos na Avenida Abdias de Carvalho por conta da passagem das seleções do Uruguai e Espanha. O torcedor Ricardo Miranda relatou que ficou 50 minutos esperando nesse bloqueio policial. “Acho que faltou comunicação porque teve um intervalo sem nenhuma seleção passando e podiam ter liberado o trânsito, perdi muito tempo nisso”, reclamou.
Os passageiros que chegam ao TI da Rodoviária fazem integração com a linha Parque Capibaribe, que leva até o estádio, sem pagar nada. O G1 esperou menos de cinco minutos pela saída do coletivo, que deixa o torcedor a cerca de 300 metros da entrada da Arena. Essa segunda parte da viagem durou cerca de dez minutos.
De metrô, a reportagem embarcou na Estação Aeroporto, na Zona Sul da capital. Partindo de lá, são 17 estações até o estádio: Tancredo Neves, Shopping, Antônio Falcão, Imbiribeira, Largo da Paz, Joana Bezerra, Afogados, Ipiranga, Mangueira, Santa Luzia, Werneck, Barro, Tejipió, Coqueiral, Alto do Céu, Curado e Rodoviária. A passagem custa R$ 1,60, mas os torcedores não precisaram comprar o bilhete.
Cosme e Damião (Foto: Lorena Aquino / G1)
Do Aeroporto até a Estação Joana Bezerra, houve apenas uma ocorrência às 16h37 nas proximidades da Estação Shopping. As luzes do carro 294, em que o G1 viajava, apagaram por alguns minutos. No entanto, a energia foi reestabelecida e a viagem seguiu normalmente. A baldeação da Linha Sul para a Linha Centro, que vai até o estádio, foi feita por volta das 17h e o desembarque na estação Cosme e Damião ocorreu pouco depois das 17h30.
Na Cosme e Damião, torcedores reclamaram de desorganização e longas filas. A cerca de uma hora do início da partida, quem desembarcava na estação não conseguia sair da plataforma porque não havia ônibus suficientes. Muitos também se queixaram da escada, estreita para o grande fluxo de passageiros. Apenas um guarda da Companhia Brasileira de Transporte Urbanos (CBTU) orientava os torcedores.
Irritados, muitos vaiaram. Houve empurra-empurra e confusão. Contornada a situação, a reportagem embarcou em um dos ônibus expressos e levou mais 45 minutos até chegar ao estádio.
Da Zona Norte do Recife, o percurso de táxi teve início no Shopping Plaza. Ao contrário do jogo-teste, o táxi levou pouco menos de dez minutos para chegar ao local, depois de feita a solicitação à cooperativa. Os próprios taxistas afirmaram que pagar uma corrida em direção ao Terminal Integrado de Passageiros (TIP), o lugar mais próximo onde os táxis são permitidos chegar em dias de jogo, não valia a pena. “O pessoal que normalmente roda comigo aqui pela Zona Norte está indo de ônibus. Não tem necessidade de pegar um táxi”, disse o motorista José Paulino.
Às 16h38, o carro partiu em direção ao terminal. Da Zona Norte até a BR-101, nas proximidades da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o trânsito estava livre. Ainda no perímetro urbano da BR-232, no entanto, o tráfego ficou mais intenso com a junção das duas rodovias. Mesmo com a presença da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o desligamento das lombadas eletrônicas, o fluxo de veículos ficou retido.
Já a BR-408, terceira rodovia pela qual o táxi precisou passar e que dá acesso ao TIP, ao estacionamento Parqtel e à Arena Pernambuco, estava com o tráfego normal. Na bandeira 2, aplicada aos domingo, a corrida de 42 minutos custou R$ 46.
Após a chegada ao TIP, às 17h15, o G1 acessou a plataforma que ia em direção à Estação Cosme e Damião. Devido ao grande número de passageiros, a reportagem só conseguiu embarcar na segunda composição e também se deparou com tumulto na Cosme e Damião. Somente quando diminuiu a quantidade de torcedores é que o G1 entrou em um dos ônibus circulares, que fez o trajeto de dez minutos até a Arena Pernambuco, onde a reportagem chegou às 19h06.
Fonte: G1
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