A adolescente Wemylly Nycolly Ferreira da Silva, 13 anos, nasceu com problema renal e esperou até o fim de janeiro último pelo transplante de um novo rim. Cresceu para receber a doação do pai, o padeiro João Pereira, que tinha compatibilidade comprovada. A companheira dela de quarto no Instituto de Medicina Integral Fernando Figueira (Imip), no Recife, outra adolescente, de 14 anos, submeteu-se a um segundo transplante. Sonham agora em deixar o hospital, mas, segundo seus familiares, a alta está sendo retardada porque falta na Farmácia de Medicamentos Especiais, do Estado, remédios que evitam a rejeição do órgão.

“Estou indignada. Tenho medo que minha filha perca o rim doado pelo pai. Como é que isso pode acontecer, deixar um pai retirar uma parte de si para salvar a filha e depois não ter remédio para evitar a rejeição?”, protesta a mãe de Nycolly, a dona de casa Maria da Conceição Ferreira. Ela reside em Abreu e Lima, tem outros dois filhos, e desde a semana pré-carnavalesca poderia estar em casa com Nycolly. “O hospital tem os medicamentos para pacientes internados. Enquanto ela estiver aqui, terá tratamento. Mas se for pra casa não terá a medicação”, afirma.

Maria da Conceição não conseguiu obter do Estado as drogas Tacrolimo (5mg), Micofenolato de sódio (180 mg ou 360 mg) e Prednisona (20 mg). “O terceiro, pelo menos, o hospital tem como fornecer.” Ela e parentes de outros pacientes vão ao Ministério Público Estadual pedir ajuda. “A médica já me deu um parecer. Espero que a Justiça nos ajude”, disse a mãe da transplantada.

O presidente regional da Sociedade Brasileira de Nefrologia, Artur Tavares, não estava informado sobre a falta dos medicamentos, mas considera uma questão séria. “O transplantado precisa desse tipo de remédio senão perde o enxerto, o que é uma catástrofe”, afirma.

Procurado pelo JC, o Imip confirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que as pacientes “já estão em condições clínicas de receber alta hospitalar, estando com documentação atualizada e encaminhada para a Secretaria Estadual de Saúde (SES) para o fornecimento de medicação de uso prolongado”. Assegura também que em razão da indisponibilidade dos remédios para tratamento em casa, as adolescentes permanecem internadas na instituição para receber a medicação.

SECRETARIA – A Secretaria Estadual de Saúde informa que os remédios Micofenolato de sódio de 180 miligramas e 360 mg e Tacrolimo 5 mg são fornecidos ao Estado pelo Ministério da Saúde. Mas a remessa solicitada para o trimestre não teria vindo completa.

Uma quantidade complementar à que foi entregue de Micofenolato de 360 mg chegou ontem e será distribuída a partir de hoje. “Já o Tacrolimo de 5 mg e Micofenolato de 180 mg estão sendo enviados pelo Ministério da Saúde e devem chegar no decorrer desta semana”, esclarece a secretaria. A SES não informou o número de pacientes que podem estar sendo prejudicados pela falta dos medicamentos.
Quanto à Prednisona de 20 mg, a farmácia alega que está fazendo um remanejamento interno e um lote deve ser disponibilizado para as pacientes do Imip ainda hoje. Segundo o Estado, esse remédio, que não é de alta complexidade, deveria ser de responsabilidade dos municípios.

Fonte: JC Online

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)