‘Falta tudo’, afirma único médico de cidade no Amapá
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
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Juan Gorena, 64, começa a trabalhar às 8h. Termina o expediente às 13h e volta para o hotelzinho em que mora. Às 15h, o telefone toca e ele precisa retornar ao trabalho. Às 21h, é chamado de novo. Recebe um novo telefonema às 3h. “Eu acordo toda hora e durmo toda hora”, diz.
Gorena é o único médico que atende o município de Amapá (AP), com cerca de 8.000 habitantes. O Estado em que trabalha tem o segundo pior índice de médicos por mil habitantes do país (0,76), segundo o Ministério da Saúde. A média nacional é 1,8.
“Não existe um dia de folga pra mim. E por incrível que pareça, médico também precisa de folga. Estou com um problema dentário, mas como faço, se não posso sair?”
Mesmo trabalhando sozinho, o boliviano formado em Minas Gerais não acredita que o programa do Ministério da Saúde para trazer médicos estrangeiros ao país vá resolver o problema. Como a maioria de seus colegas, diz que o pior no Amapá não é a falta de médicos, mas de condições de trabalho.
“Temos falta de medicamentos, de esparadrapo, de agulhas. Falta tudo. Não podemos fazer cesarianas porque não temos equipamento de cirurgia”, reclama.
“Vai trazer aqui dez médicos cubanos, em todas as especialidades, e vão fazer o quê? Trabalhar nessas condições? Deveriam comprar equipamento, melhorar o pouco que nós temos.”
“A condição de trabalho é realmente adversa, a ponto de não conseguirmos fazer alguns tipos de cirurgia e de tratamentos clínicos por falta de medicamentos e de condições de diagnóstico”, afirma o presidente do CRM-AP (Conselho Regional de Medicina), Dorimar Barbosa.
O presidente do CRM do Maranhão -o pior Estado no índice do ministério, com 0,58 médico por mil habitantes-, Abdon Murad Neto, concorda: “Faltam condições de trabalho, plano de carreira e salário digno.”
O governo do Amapá realizou recentemente concurso para contratar 200 médicos. Só conseguiu cerca de 80. “É difícil atrair o médico para a Amazônia e mais ainda para o interior”, diz o governador, Camilo Capiberibe.
Segundo ele, falta dinheiro para investir na melhoria da saúde. “As condições não são as melhores, mas também não são as piores do país. Acho que isso não é argumento, é mais uma desculpa.”
Capiberibe é a favor da ação do governo, mas ressalta que os estrangeiros devem vir ao país sob a condição de trabalharem nos lugares em que há maior demanda.
Segundo o secretário-adjunto de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde do ministério, Fernando Menezes, o programa prevê essa exigência. “O médico estrangeiro vai para esse local para ficar especificamente lá e não pode trocar de município.”
Fonte: Folha.com
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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