Grupos femininos se multiplicam e animam carnaval de Olinda e Recife

O carnaval em Olinda e Recife é conhecido pela festa de rua, com orquestras de frevo e grupos de maracatu e outros estilos percussivos fazendo a alegria dos foliões. Os grupos formados apenas por mulheres vêm chamando atenção a cada carnaval, mostrando que beleza e talento andam juntos, exigindo a dedicação de todos que se aventuram no ramo.

Os grupos femininos vêm se multiplicando ano a ano. Um dos primeiros a ganhar o carinho do público foram as ConXitas. A diretora do grupo, Eugênia Lima, lembra que era até mesmo difícil encontrar mulheres que pudessem ensinar as que não sabiam tocar. “Nós éramos umas 50 em 2005. Queríamos nos encontrar no carnaval e acabamos criando o grupo. Assumi o apito [comandando os tambores e instrumentos] sem nunca ter apitado na vida. Minha sorte é que eu tenho um bom ouvido, eu sabia que estava errado, mas não sabia como fazer”, lembra Eugênia.

Participando de grupos culturais desde a adolescência, a diretora das ConXitas conta que cada detalhe sempre foi pensado, principalmente quanto à roupa. “Desde o começo, a gente se via como arte, sendo a música o instrumento maior dessa arte. Antes de decidirmos que ritmo tocaríamos, sabíamos que a roupa tinha que ter chita. Por isso o nome, ‘com chita’”, explica Eugênia.

Atualmente, cem mulheres se apresentam e desfilam, nos quatro dias de carnaval. A roupa do grupo é pensada para atender os mais diversos tipos de corpos femininos, das mais magrinhas às mais cheinhas, de forma que todas fiquem bonitas e confortáveis. “É muito estresse, a gente teve três pilotos de roupa. Aí você vai, troca de costureira, as meninas ficando ansiosas. Eu fico quase sem dormir”, desabafa Eugênia, que tem uma filha de apenas três anos, Antônia.

Com uma rotina de ensaios e preparativos do grupo, a filha acaba se envolvendo em tudo. “Antônia nasceu dez dias antes do carnaval e foi de cesárea. As meninas passaram aqui em frente de casa, eu não resisti. Pus a roupa e fui andando devagar para estar com elas, ver as ConXitas. Hoje, Antônia já vai para todos os ensaios, está muito dentro do grupo, o que é bom, mas também é ruim às vezes. Ela tem a rotina dela”, explica a diretora.

Tocando nas ConXitas há dois anos, a psicóloga e coordenadora pedagógica Flávia Maciel trabalha em duas escolas e tem os sábados dedicados aos ensaios do grupo, abrindo mão até mesmo de viagens. “É dedicação, se você quer estar, tem que abrir mão de algumas coisas. Eu tinha uma viagem marcada com a minha irmã para Natal, mas era o nosso cortejo para pegar resistência. Eu pedi desculpas, mas não fui”, conta Flávia.

Além das roupas com chita, as mulheres têm que estar sempre com uma flor no cabelo, maquiagem exuberante e batom vermelho. “Tem que estar no clima mesmo. Uma vai dando dica para a outra, mas o principal é a maquiagem a prova d’água. No dia de ir para a rua, é comer algo forte em proteína, mas leve. E beber muito líquido”, avisa a psicóloga.

Aguentar as ladeiras não é fácil. Musicista, Bárbara Regina faz parte de dois grupos que saem durante a folia. “Minha mãe já perguntou quando eu vou voltar para casa. Disse a ela que, assim que terminar o carnaval, volto”, diz Bárbara, que é uma das responsáveis por ensinar e ensaiar as ConXitas, tendo assumido o apito. “A gente faz cortejos de resistência, para as meninas se acostumarem a subir e descer ladeira com o instrumento, dançando”, explica a musicista.

Fora o preparo físico, investir sempre em novas músicas é também um desafio para Bárbara. “A gente toca tudo com percussão, do jeito da gente. A primeira música foi ‘Meus olhos coloridos’, da Sandra de Sá. A gente é um grupo percussivo, tocamos maracatu, ciranda, tudo na nossa batida”, conta Bárbara.

Sambadeiras
Há cinco carnavais, as Sambadeiras ganham as ladeiras de Olinda levando samba para os foliões. Sempre vestidas de lilás e branco, as integrantes se dividem entre a vida profissional e a paixão pela música. A arquiteta Julieta Mergulhão, presidente do grupo, trabalha com montagem de estrutura para eventos. “Nessa época do ano, a gente quase não dorme. Quando não está tocando, está montando as estruturas do carnaval”, conta Julieta.

A irmã gêmea e também arquiteta, Stela Mergulhão, segue a mesma rotina puxada nos dias de folia. “É motivo até de terminar namoro, tem namorado que não entende. A gente ensaia todo domingo, está sempre inventando coisas novas. É até mais seguro brincar o carnaval tocando”, acredita Stela.

As irmãs já passaram por afoxés e grupos percussivos, antes de criarem as Sambadeiras, nomenclatura surgida da junção de ‘samba’ e ‘ladeiras’.  “Queríamos aprender a tocar coisas novas, instrumentos diferentes. E samba é samba. Acabo que não tenho tempo nem para namoro. O bom é que minha mãe já entra no clima, se não tiver, sente até falta. Meu irmão mesmo ajudou a gente a fazer o carrinho de som que vai junto da gente”, conta Julieta.

Para aguentar subir e descer as ladeiras tocando, as irmãs malham durante todo o ano para ganhar preparo físico. Ainda assim, não tem jeito. “Quem toca tamborim consegue chegar inteira no final da apresentação, mas e quem toca surdo? A gente chega muito cansada, mas quem faz, faz porque gosta e muito mesmo”, acredita Julieta.

A publicitária Danielle Laranjeiras nunca achou que pudesse tocar um instrumento musical. Desde o primeiro ano, toca surdo nas Sambadeiras e, nem mesmo tendo que organizar uma casa para 30 pessoas em Olinda, deixa de sair com as amigas para tocar. “Eu vou na coragem. Vim por insistência de uma amiga e agora tenho duas primas e a minha irmã tocando também”, explica Danielle.

Uma das primas, Renata Laranjeiras, é bióloga e trabalha em um laboratório que faz consultoria para empresas em Suape. Além dos ensaios aos domingos, Renata estuda para o mestrado. “A gente tem que extravasar. É ótimo, para mim é só alegria. Eu mantenho uma alimentação legal quando vai chegando o carnaval e tomo muita vitamina C. Para manter o visual, é muito fixador de maquiagem e laquê”, diz Renata.

A turismóloga Katarina Monteiro foi porta-estandarte das Sambadeiras em 2012, mas vai sair tocando surdo nesse ano. Para isso, precisou abdicar de viagens e festas para ir aos ensaios. “O bom é que meu namorado gosta. Ele vai nos ensaios, arrastões, faz vídeo, foto. Meus pais no começo acharam estranho, perguntaram se eu sabia tocar, mas hoje eles curtem. Passo o ano esperando o carnaval”, conta Katarina, que ainda tem uma filha, Beatriz, de cinco anos, uma das foliãs mirins do grupo.

Aos sete anos, Ana Maria Alves da Silva não perde um ensaio ou apresentação das Sambadeiras. Vizinha das irmãs Julieta e Stela, Ana Maria já sabe tocar tamborim e não vê a hora de começar a tocar surdo. “Ela mesma se maquia, não para quieta. Eu só fico no apoio, tomando conta mesmo”, explica a mãe, Risonete Alves. “Eu tenho que estar sempre produzida e beber bastante água. Teve um dia que eu estava tocando e choveu, fiquei congelada”, lembra Ana Maria.

Orquestra Só Mulheres
No Recife, no bairro da Boa Vista, outro grupo formado por mulheres iniciou os preparativos para o carnaval em setembro. Lideradas por Maria de Lourdes Nóbrega, de 37 anos, as 50 integrantes da Orquestra Só Mulheres – com idades entre 14 e 40 anos – se dividem em duas partes: um grupo que toca em palcos, como uma banda, e outro que faz o tradicional arrastão de frevo pelas ruas. Até o dia 15 de fevereiro, os dois grupos farão mais de 50 apresentações, em várias cidades do estado.

“A gente trabalha brincando e chega a se arrepiar, porque a gente percebe que está transmitindo alegria e felicidade com o nosso som. É uma a troca de energia, porque a gente passa e recebe”, conta Lourdinha Nóbrega, como é conhecida no cenário musical. Além da orquestra, a maestrina ainda cuida da casa e de um filho de 10 anos. “Sempre levo ele para onde vou tocar, desde pequeno. Ele diz que, quando eu estiver cansada, quem vai administrar é ele. Está na veia. O pai é músico, a mãe também, então ele está familiarizado”, completa.

A orquestra foi idealizada por Lourdinha, em 2006, depois que outro grupo que a maestrina comandava, também de meninas, enfrentou dificuldades. Mas o desejo de abrir portas para quem nunca teve oportunidade de tocar profissionalmente sempre foi visto como um desafio a ser vencido. “É uma realização. Principalmente quando a gente percebe que está dando um pouco do nosso conhecimento para outras meninas e, mais na frente, a gente vê que elas evoluíram”, revela a maestrina.

Esse é um desafio que ela não encara sozinha. Foi na orquestra que Cassiane Barros aprimorou os conhecimentos musicais. Hoje, ela toca saxofone. “Quando vejo as meninas crescendo, fico realizada, porque eu não tive a mesma oportunidade, a mesma força, quando era nova. E aqui a gente encontra todo o apoio. É um sonho realizado”, disse a saxofonista, que assim como outra integrante, a baterista Waleska Andrielle, já trabalha de carteira assinada. Meninas de outras cidades de Pernambuco vêm para tocar na orquestra, durante o carnaval, como Johanna Olegária. “Espero vir todo ano. É difícil se adaptar como me adaptei com elas. É uma família”, destaca a garota de 14 anos, que veio de Carnaíba.

Fonte: G1pe

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)

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