Marcha das Vadias: o que querem as mulheres?

Marcha de 2012, com caminhada finalizada para discussões na Praça do Diario, no centro da cidade. Credito: Helder Tavares/DP/D.A Press.Há três anos, sem falta, mulheres tomam as ruas de diversas cidades do mundo, participando do protesto conhecido como Marcha das Vadias. Com roupa cotidiana ou roupa nenhuma, as manifestantes gritam que são donas do próprio corpo e explicam aos passantes que o respeito que a elas deve ser dirigido independe do traje escolhido. De Toronto, no Canadá, o movimento que surgiu com o título em inglês Slut Walk instantaneamente eclodiu em outros países, mostrando que a insatisfação das mulheres é grande – e pode ser explicada em qualquer idioma. No dia 25 de maio, mulheres e homens recifenses, com a presença da conhecida feminista Lola Aronovich, marcharão mais uma vez em nome da real igualdade de gênero pelas ruas da cidade.

O caminho de Toronto para a Praça do Derby, onde a marcha tradicionalmente se concentra no Recife, começou em abril de 2011 quando um policial da cidade canadense sugeriu que mulheres evitassem se vestir como vagabundas (sluts, na língua local) para que não fossem estupradas. Em junho, havia chegado ao Recife. Pedro Luna, estudante de ciências sociais, foi um dos articuladores da primeira manifestação ocorrida na cidade. Ele cita os altíssimos números de violência contra mulheres como uma das motivações para a marcha ocorrer no Recife (o Brasil é o 7º colocado no ranking de assassinato de mulheres, e cerca de 70% destes homicídios ocorrem na esfera doméstica). “Toda essa violência é alimentada pelo machismo, que surge de uma concepção patriarcal presente na gênese da formação familiar brasileira”. A estudante de direito Juliana Serretti, 23, também articuladora da primeira Marcha, conta que a vinda do protesto para Recife seria inevitável. “Uma das principais motivações era fortalecer a luta feminista, pois apesar da existência de mulheres que constroem o movimento ‘de rua’ há muito tempo, também havia uma geração mais nova, que muitas vezes não tinha tido contato com o feminismo, mas que já possuía uma visão crítica do que lhes circundava”.

A estimativa do número de participantes na marcha de 2011 varia entre 200 e 400 pessoas, enquanto na ocorrida em 2012 fala-se de 700 a 1.000. Patrícia Sampaio, dentista de 38 anos e uma das organizadoras do movimento, acredita num crescimento contínuo. “Foi um aumento gigantesco no número de participantes. Esse ano a coisa está se espalhando rapidamente também, estamos com 1.200 confirmações no evento criado no Facebook e a Marcha tem essa característica de atrair mais gente pra rua do que na rede social”. Ela criou vínculos com o feminismo quando começou a se envolver com movimento em prol da humanização do parto, ao ficar grávida da filha. “Além da Marcha das Vadias, temos trabalhado com outras formas de expressão feminista, como o Ato Contra a Mídia Machista e o flashmob Um Bilhão Que Se Ergue. O que era um evento anual tem se tornado aos poucos um coletivo mais organizado”. A estudante Juliana Serretti acredita que o protesto cumpriu a função de agregar uma nova geração de mulheres, mas que ainda é preciso superar o distanciamento que existe entre camadas sociais distintas. “Infelizmente, a marcha ainda é muito branca e classe média. Coloco isso nestes termos porque sabemos que é a camada mais pobre e, também preta, das mulheres que sente mais o peso do machismo e da cultura do estupro”.

Wedja Martins, psicóloga de 39 anos, envolvida diretamente com o feminismo do Recife há 10 e com a Marcha das Vadias desde a segunda edição, explica que há um diálogo entre as o movimento formado em torno do evento anual e com os grupos já firmados na cidade. “A Marcha das Vadias é um movimento plural e primamos pelo caráter agregador do grupo, procurando sempre manter um diálogo aberto com outros coletivos. Estamos certas de que as reivindicações da Marcha interessam a toda a população”. Ela conta que o grupo de discussão da Marcha no Facebook possui mais de 1.000 participantes, entre eles membros de outros movimentos. “No entanto, algumas organizações estão mais próximas, como é o caso do SOS Corpo, que sempre esteve disponível a nos apoiar quando solicitado”. Lady Selma Albernaz, professora da UFPE, antropóloga e pesquisadora, afirma que a Marcha das Vadias é uma iniciativa de mulheres em sintonia com as filosofias políticas do movimento feminista. “É um protesto de indignação profunda. Um protesto que se soma aos esforços do movimento feminista ao tratar dessas questões. As bandeiras de luta são as mesmas, mas, até porque o feminismo é um movimento sem uma organização centralizada, só o tempo dirá quais serão as alianças que surgirão”.

Em adição, o protesto tem sido uma porta de entrada de participantes ao movimento feminista e também ao ato de ir às ruas com reivindicações. É o caso de Marcela Borba, 20, estudante recém-matriculada na Faculdade de Direito (FDR) do Recife. “A Marcha das Vadias foi minha primeira experiência em protestos e, na verdade, o feminismo e as questões de gênero são as únicas causas pelas quais até agora fui à rua militar”. É a mesma situação de Victória Ayres, 18, estudante de jornalismo. “Antes da Marcha das Vadias eu não tinha ido à rua para nenhum outro protesto”. Ambas participaram pela primeira vez da manifestação em 2012 e pretendem repetir a experiência esse ano. “Foi legal ver homens e crianças engajadas na luta com a gente, porque muitas vezes o feminismo acaba sendo visto como um movimento feito pelas e para as mulheres, o que é uma visão equivocada. O feminismo é para todos, independente de sexo, identidade de gênero, orientação sexual ou idade”, explica Marcela. Victória conta que foi com a prima para a segunda edição da Marcha. “Foi muito libertador”.

Marcha de 2013

Às 14h do dia 25 de maio, manifestantes começarão a chegar na Praça do Derby, na região central do Recife. Este ano, além dos esperados mais de 1.000 manifestantes, o protesto contará com a presença de Lola Aronovich, professora da Universidade Federal do Ceará e dona do conhecido blog Escreva Lola Escreva, onde trata, entre outros, de temas relativos ao feminismo. “Desde abril estamos promovendo debates abertos ao público para difundir o feminismo e desmistificar a Marcha das Vadias. Aí veio a ideia de trazer Lola para participar de um desses debates na véspera, fechando de forma bem legal as rodas de discussões. Convidamos Lola para marchar conosco no outro dia e ela prontamente aceitou”, conta Patrícia Sampaio. A estudante de direito Juliana Serretti conta que o protesto tem muitos desafios a superar, entre eles o de dialogar com a população em geral. “Não é raro ver muita gente falando mal da marcha, dizendo que é só um monte de mulher querendo se exibir, mandando a gente arrumar uma trouxa de roupa pra lavar, ou mesmo, reafirmando a própria cultura do estupro que tentamos combater”. Ela cita que, no primeiro protesto, até os policiais que foram chamados para acompanhar a manifestação tiveram atitudes de desdém com as participantes. Apesar disso, segue otimista. “No final das contas, quero que o movimento cresça, apareça e cumpra sua missão de desconstruir antigos paradigmas que até hoje nos oprimem”.

Os custos do protesto, como divulgação e infraestrutura e a vinda de Lola estão sendo divididos coletivamente pelos participantes. Para colaborar, pode-se entrar em contato com os participantes da Marcha pela página do Facebook.

Fonte: Diário de Pernambuco

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)

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