Meteoro na Rússia: maior ainda do que se imaginava

A expectativa era de que a notícia do dia seria a passagem “de raspão” de um asteroide de 45 metros pela órbita da Terra, conforme previsto por astrônomos um ano atrás. Porém, a queda inesperada de um meteoro de 15 metros na Rússia, ontem de manhã, roubou a cena de maneira espetacular e acordou a humanidade para o risco real – ainda que pequeno – de o planeta ser atingido sem aviso por objetos espaciais, com consequências potencialmente destrutivas.

Mais de mil pessoas, incluindo centenas de crianças, ficaram feridas pela passagem do meteoro sobre Chelyabinsk, na região central da Rússia, segundo informações do Ministério do Interior russo. A cidade, localizada a 1,5 mil km de Moscou, nos Montes Urais, tem 1 milhão de habitantes. A queda ocorreu às 9h20 do horário local (1h20 em Brasília).

A maior parte dos ferimentos foi causada por estilhaços de vidro, lançados contra as pessoas no momento em que a onda de choque gerada pelo meteoro arrebentou portas e janelas por toda a cidade.

Especialistas estimam que o meteoro tinha 15 metros de diâmetro e 7 mil toneladas de massa ao entrar na atmosfera terrestre, com uma velocidade de 64 mil km/h, segundo a Nasa. Ao entrar na atmosfera, o atrito e o calor gerados pela resistência do ar fizeram o meteoro se desintegrar gradualmente, fazendo-o brilhar e deixando o rastro de “fumaça” que aparece nas fotos e vídeos do evento.

Em um determinado momento, o calor e o atrito se tornaram tão grandes que o meteoro “explodiu” em um bola de fogo superluminosa, produzindo uma energia equivalente à de 20 bombas atômicas, segundo cálculos preliminares de alguns cientistas. A atmosfera, felizmente, serviu como um escudo, absorvendo a maior parte dessa energia. A explosão ocorreu entre 30 e 50 km de altitude, segundo a Academia de Ciências da Rússia.

É possível que fragmentos do meteoro (chamados, então, de meteoritos) tenham chegado ao solo intactos. Um buraco de alguns metros de diâmetro na superfície congelada do Lago Chebarkul, a 80 km de Chelyabinsk, foi atribuído à queda de um pedaço do meteoro.

Segundo os especialistas, não há nenhuma relação entre a queda do meteoro e a passagem do asteroide 2012 DA14, que foi a mais próxima desse tipo já registrada da Terra (mais informações na pág. A24). Foi uma incrível coincidência os dois eventos ocorrerem no mesmo dia.

Relatos. Vários vídeos do meteoro foram postados na internet ao longo do dia por moradores de Chelyabinsk, com imagens impressionantes.

A explosão luminosa é seguida de um grande estrondo, acompanhado pela passagem de uma onda de choque supersônica que chacoalhou a cidade, arrebentou janelas e portas, balançou carros, jogou pessoas para trás, entortou placas e até derrubou o muro de tijolos de uma fábrica. Um efeito semelhante ao que é gerado pela passagem de aviões supersônicos, quando voam próximo do solo a velocidades acima da do som (1,2 mil km/h).

Muitas pessoas se feriram justamente porque estavam com o rosto próximo às janelas, para ver o meteoro quando ele brilhou no céu.

“Houve pânico. Não sabíamos o que estava acontecendo. Íamos de uma casa a outra para ver se as pessoas estavam bem”, contou um morador, Sergey Hametov, à agência Associated Press. “Vimos uma grande explosão de luz, saímos para ver o que era e escutamos um grande estrondo.”

“As imagens são mesmo impressionantes”, disse ao Estado o astrônomo Sylvio Ferraz Mello, do Instituto de Astronomia da Universidade de São Paulo (IAG-USP), depois de assistir aos vídeos. “Um meteoro com essa luminosidade e essa dimensão não é algo tão comum; é um acontecimento ímpar, especialmente sobre uma área urbana.”

Segundo os especialistas, foi o maior meteoro a atingir a Terra em mais de um século, desde o evento de Tunguska, na Sibéria, em 1908 (mais informações nesta página), também na Rússia.

Pequenos asteroides e fragmentos de rocha e poeira espacial caem na Terra a todo momento – são eles que causam as chamadas “estrelas cadentes”, por exemplo. A grande maioria deles, porém, desintegra-se ainda na alta atmosfera. Dos poucos que chegam à superfície, a maioria cai no mar (que cobre 70% do planeta). E, dos poucos que caem em terra firme, menos ainda caem sobre áreas urbanas.

Sem previsão. Segundo os astrônomos, não há como prever nem evitar esse tipo de evento. “Temos de aprender a conviver com esse fenômeno, que felizmente é bem menos comum e menos destrutivo que outros com os quais estamos acostumados, como terremotos e furacões”, diz o astrônomo Fernando Roig, do Observatório Nacional (ON), no Rio de Janeiro.

As agências espaciais dos Estados Unidos e da Europa possuem programas de monitoramento permanente de Objetos Próximos da Terra, incluindo asteroides e cometas. Quase 10 mil já foram identificados, dos quais 1,4 mil são considerados potencialmente perigosos.

A maioria tem entre 30 metros e 1 quilômetro de diâmetro. Objetos menores, como o que caiu na Rússia ontem, são praticamente impossíveis de detectar. “São invisíveis até entrarem na atmosfera”, resume Ferraz Mello.

O fato de o meteoro atingir ou não o solo e o poder destrutivo desse impacto dependem de fatores como ângulo de trajetória, tamanho e composição do objeto, que pode ser feito de diferentes tipos de rocha e metais. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Fonte: O Estadão

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)


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