No Recife, número de acidentes com ciclistas cresce 27% em 2013
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
- Category : Clipping
O número de atendimentos a acidentes de trânsito envolvendo bicicletas cresceu no primeiro semestre de 2013 no Recife. No Hospital da Restauração, principal emergência do estado, o número de pessoas atendidas envolvidas nesses acidentes subiu 27,27% de janeiro deste ano até junho, se comparado a igual período do ano anterior. O aumento coincide com o maior número de ciclistas na cidade, incentivados pelas ciclofaixas móveis que tomam conta da capital pernambucana aos domingos, desde o dia 24 de março deste ano, e pelas ciclovias.
Em 2012 foram 64 atendimentos por quedas de bicicleta e 33 acidentes de trânsito com ciclistas envolvidos, enquanto em 2013 foram 155 atendimento por queda e 42 por acidente, entre janeiro e junho. Em pesquisa recente encomendada pela Secretaria de Turismo e Lazer ao Instituto Maurício de Nassau, sobre as ciclofaixas, foi identificado que 34,4% dos entrevistados utilizam bicicleta há menos de um ano.
Antigos ou novos, ciclistas e motoristas precisam estar atentos, já que a convivência no trânsito da capital pernambucana parece ser um desafio. Dos entrevistados pela pesquisa, 91,9% afirmaram que os automóveis não respeitam o ciclista no Recife e 73,7% defendem que os pedestres têm a mesma atitude. O estudo também mostra outro lado: 53,9% acreditam que os próprios ciclistas não respeitam os automóveis e 50%, que não respeitam pedestres.
Ciclista de final de semana, o médico Liberaldo Pacheco utiliza durante a semana o carro para o trabalho. “De maneira geral, falta educação do próprio ciclista também. Na própria ciclofaixa, você vê o pessoal passando entre dois ciclistas, quase derrubando, e sem necessidade. Andam também no meio da rua, por cima de calçada. Falta educação também aos ciclistas”, acredita Pacheco.
Utilizando bicicleta diariamente como meio de transporte, o bailarino Rogério Alves admite que acha o percurso perigoso, mas o problema maior de sair das Graças para o centro do Recife são os outro veículos, acredita. “Os carros, ônibus, não enxergam o ciclista. Já tomei muito susto com ônibus, que simplesmente joga em cima”, conta Alves.
As lembranças de acidentes de trânsito com bicicletas estão espalhadas pelo Recife. Além de placas, colocadas por ativistas da causa, uma bicicleta pendurada em um poste na Avenida Visconde de Jequitinhonha, no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, marca o local em que um ciclista faleceu. As câmeras da CTTU flagraram o momento em que o ciclista, de 16 anos, cruzava a avenida, na faixa de pedestres, e foi atropelado pelo veículo, em março deste ano. O semáforo estava verde para os carros e, com o impacto da batida, a vítima foi arremessada para o canteiro central da pista. O inquérito policial que apura o acidente ainda não foi concluído. “Já pedi à Justiça a ampliação do prazo. Ainda não tive acesso ao laudo do Instituto de Criminalística, dependo dele para poder ouvir a motorista”, explica o delegado responsável pelo caso, Nilson Mota.
O advogado Tyago Vazquez, que defende a motorista, explica que, mesmo três meses após o acidente, ela segue muito abalada pelo ocorrido. “Foi uma fatalidade. Ela ainda está tentando se recuperar de tudo que aconteceu, foi um fato traumatizante, ainda que ela não tenha qualquer culpa. As pessoas julgam sem entender, é preciso fazer a devida distinção”, aponta Vazquez.
Outro acidente que mobilizou os cicloativistas recifenses ocorreu em outubro de 2012, quando a policial militar Liliane Pereira da Silva, de 28 anos, foi atropelada por um motorista sem carteira na altura do Forte do Brum, na região central do Recife, e acabou falecendo. O motorista foi indiciado por homicídio culposo, onde não há intenção de matar. “A gente sempre vai sentir muito a falta dela. E nada, nada do que fizerem vai trazer a nossa amiga de volta. [Todos devem] Respeitar os ciclistas, os skatistas, pedestres, todos. Os maiores têm que respeitar os menores”, desabafou Rafaela Xavier, amiga da ciclista. No local, placas foram colocadas por cicloativistas, lembrando que é preciso manter 1,5 metro de distância das bicicletas.
Segurança
A pesquisa mostra também um desconhecimento de boa parte dos ciclistas sobre equipamentos de segurança recomendados – 47,2% admitiram não utilizar equipamento algum. “Ninguém nunca me disse que precisava usar capacete, luvas ou que a bicicleta precisava de retrovisor. Não é como cinto de segurança em carro, que tem divulgação”, pontua a bióloga Sara Lima, que utiliza as ciclofaixas nos finais de semana.
Embora não fale sobre equipamentos como capacete e luvas, recomendados pela Secretaria das Cidades, no programa Pedala PE, o Código de Trânisto Brasileiro aponta no artigo 59 como itens obrigatórios para a bicicleta a campainha, sinalizações noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais, além de espelho retrovisor do lado esquerdo. A legislação afirma ainda que, na ausência de ciclovia ou ciclofaixa, o ciclista deve obedecer ao fluxo da via em que trafega – ficando sempre nas faixas dos cantos ou, quando existir, pelo acostamento. Bicicletas nas calçadas? Só com placas e autorização do órgão de trânsito.
A funcionária pública Camila Apolônio troca sempre que pode o carro pela bicicleta para fazer o percurso do bairro das Graças até Casa Amarela. Atenta às regras de trânsito para ciclistas, Camila conta que já está sentindo os reflexos do crescimento do número de ciclistas. “São o primeiro passo para educar as pessoas [as ciclofaixas]. Hoje, a gente começa a perceber um respeito maior às bicicletas, as pessoas notam mais a gente”, acredita a funcionária pública.
A pesquisa da Secretaria de Turismo mostra que 61,3% dos entrevistados já utilizam a bicicleta costumeiramente, mas apenas 9,5% usa como veículo para o trabalho. Para esse número crescer, é preciso uma política pública, defende o médico Herbert Ferreira. “É preciso ter ciclovias pensadas, não improvisadas como nos finais de semana, para poder ser algo diário”, pondera o médico, que está no grupo de ‘ciclistas de final de semana’.
Para quem quer andar com os filhos, a legislação não traz especificações, mas o coordenador do projeto Bike Angel, Ênio Paiva, alerta que é importante que a cadeirinha utilizada seja proporcional ao tamanho. “Existem vários tipos de cadeirinha, o importante é que a criança fique confortável”, destaca, alertando também que alguns equipamentos de segurança auxiliam na hora de uma queda. “”Recomenda o uso de duas coisas essenciais, que não são exigidas por lei. As luvas, porque em uma eventual queda, a primeira coisa que você apoia no chão é a mão; e o capacete, que também é importante”, diz o coordenador.
A comerciante Lucíola Alves acredita que falta de informação não é desculpa para não se proteger ou deixar de seguir as regras. “Não tem desculpa, a gente tem que procurar saber. Quando você vai dirigir um carro, você não procura as informações? É a mesma coisa. A gente tem que procurar saber, tem um monte de sites na internet com dicas para ciclistas, é só procurar”, pondera a comerciante.
Confira abaixo os feriados em que a ciclofaixa móvel do Recife funciona:
Sexta-feira Santa
21 de abril – Tiradentes
1º de maio – Dia do Trabalhador
24 de junho – São João
16 de julho – Nossa Senhora do Carmo, padroeira do Recife
7 de setembro – Independência do Brasil
12 de outubro – Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil
2 de novembro – Finados
15 de novembro – Proclamação da República
8 de dezembro – Nossa Senhora da Conceição
25 de dezembro – Natal
Fonte: G1 PE
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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