‘O importante é resgatar o legado’, diz neto de Jango sobre exumação
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
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Além da busca por respostas sobre a morte de João Goulart, familiares do ex-presidente veem no processo de exumação e na cerimônia que receberá os restos mortais em Brasília um resgate do legado político de Jango. Quase 37 anos após a morte no exílio, na Argentina, peritos estrangeiros e da Polícia Federal iniciaram na manhã desta quarta-feira (13) a exumação em São Borja, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul.
“É um momento emocionante. Tenho 37 anos, nasci no exílio e tenho três nacionalidades por conta desta perseguição política. A exumação é um dos caminhos, mas não isenta toda a perseguição que meu avô sofreu durante a ditadura”, disse ao G1 o neto Christopher Goulart, ao chegar ao Cemitério Jardim da Paz ao lado do pai João Vicente. O irmão João Marcelo havia chegado ao local antes das 7h.
“O resultado, sendo positivo ou negativo, tão ou mais importante que isso é resgatar o legado político de Jango. É ver ele receber as honras de chefe de Estado que ele não teve em vida”, afirmou, sobre a cerimônia marcada para quinta-feira (14), em Brasília, em que os restos mortais serão recebidos. As presenças da presidente Dilma Rousseff e dos ex-presidentes Lula, Fernando Henrique Cardoso e José Sarney são esperadas.
Por volta das 8h30, chegaram a ministra Maria do Rosário, da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, e o ministro da Justiça, José Cardozo. O governador Tarso Genro chegou às 9h45, mas não falou com a imprensa.
“É um momento histórico. Qualquer país democrático precisa resgatar a verdade”, disse o ministro da Justiça, sobre a exumação. Questionado se acredita na hipótese de assassinato, desconversou. “Vamos avaliar primeiro o resultado. Hoje há tecnologia para os técnicos nos levarem a uma conclusão, mas vamos aguardar o resultado dos trabalhos”, concluiu.
Na chegada ao cemitério, Maria do Rosário ainda negou que o pedido de exumação seja um ato político. “Esta é uma missão de Estado. Atendemos vítimas da ditatura, independente de quem sejam. O que estamos fazendo aqui é valorizar a democracia”, disse.
Para garantir a segurança, uma operação foi montada na região do cemitério, com policiais militares e agentes da Defesa Civil. A rua foi bloqueada e o acesso é restrito. Os peritos, quatro brasileiros da Polícia Federal (PF), além de especialistas do Uruguai, da Argentina e do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), chegaram por volta das 6h45 para o processo de exumação.
Com roupas especiais para o procedimento, os peritos farão o trabalho na área isolada por uma estrutura metálica e por lonas. O ex-presidente foi sepultado no jazigo da família Goulart, onde já foram enterradas nove pessoas, entre elas o ex-governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, cunhado de Jango.
O objetivo do procedimento é esclarecer se Jango morreu de ataque cardíaco, como consta na documentação oficial, ou se foi assassinado por envenenamento. Nos últimos anos, surgiram evidências de que o ex-presidente pode ter sido mais uma vítima da Operação Condor, a aliança entre as ditaduras do Cone Sul para eliminar opositores além das fronteiras nacionais.
Perito acredita que trabalho trará respostas sobre morte
A retirada dos restos mortais do túmulo não tem hora para acabar. O perito da Polícia Federal que coordena a exumação, Amaury de Souza Júnior, diz que o tempo de trabalho vai depender das condições em que se encontram o caixão e os restos mortais de Jango, mas acredita que a análise pode apresentar resultados, mesmo após tantos anos.
“Se não tivéssemos condições de ter alguma resposta, de imediato teríamos abortado a missão. É possível, sim. Basta verificar os casos do Pablo Neruda (poeta chileno) e do Yasser Arafat (líder palestino). Vamos trabalhar para obter informações e ver o que significam essas informações. Elas podem ou não ser conclusivas. Em termos tecnológicos, não há problema”, afirmou em entrevista coletiva na terça-feira.
Do cemitério, os restos mortais de Jango serão levados pelo Corpo de Bombeiros até o aeroporto de São Borja. Um helicóptero da Força Aérea Brasileira (FAB) fará o transporte até a Base Aérea de Santa Maria, na Região Central do estado, de onde será feito o traslado até Brasília.
O corpo de Jango deve chegar por volta das 10h de quinta-feira (14) à capital federal, onde será recebido com honras de chefe de Estado. Segundo a Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, a presidente Dilma Rousseff vai participar da solenidade. Ex-presidentes como Lula, Fernando Henrique Cardoso e José Sarney também foram convidados.
Fonte: G1
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)





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