Para Frente de Luta de PE, ‘governo quer criminalizar manifestantes’

Coletiva da Frente de Luta pelo Transporte Público de Pernambuco (Foto: Luna Markman / G1)A Frente de Luta pelo Transporte Público (FLTP) afirmou que não adota atos de violência como tática de manifestação. Em coletiva nesta sexta (23), a FLTP fez questão de deixar claro que os protestos seguirão até que a CPI do Transporte seja instaurada pela Câmara dos Vereadores, assim como o projeto de lei do passe livre entre em tramitação. A Frente também disse que não vai proibir a participação de grupos nas manifestações, mascarados ou não, entre eles Black Blocs e Black Faces, apontados como autores dos atos de vandalismo cometidos na última quarta (21).

A questão do uso das máscaras em protestos entrou em discussão depois que o secretário Wilson Damázio anunciou que elas não serão mais toleradas. O titular da Secretaria de Defesa Social (SDS) usa como amparo jurídico o inciso IV do artigo 5° da Constituição Federal: “É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”. A medida, porém, é polêmica, e divide opiniões. “A Frente não utiliza máscaras, mas isso é uma opção política de grupos que acompanham os nossos atos. É preciso que se faça uma clara denúncia que a SDS quer criminalizar os manifestantes. O nosso jurídico vai trabalhar nisso, acionar o MPPE [Ministério Público de Pernambuco], é inconstitucional [essa proibição]”, falou o estudante Pedro Josephi, integrante da FLTP.

A sétima manifestação em três meses começou com uma caminhada pacífica na área central da cidade, mas terminou com barricadas nas ruas, depredações, lançamento de coquetéis molotov e um ônibus queimado. “A gente não tem poder nem inclinação de proibir participação de grupos. Fizemos seis atos pacíficos, ocupamos a Câmara sem avaria alguma. Afirmo que a Frente não fomentou nenhum ato de depredação ao patrimônio público e privado. Cabe à população não generalizar as ações”, disse Josephi.

Mesmo engavetada pela Câmara, que alegou falta denúncia concreta, a Frente garante que continuará pressionando os parlamentares a instaurar a CPI. “A gente fez um novo requerimento, onde juntou mais de 200 procedimentos abertos pelo Procon e MPPE para investigar a má prestação do serviço, e pretende recolher as 13 assinaturas necessárias para a instalação da CPI. Vamos continuar fazendo pressão na Câmara, indo atrás dos vereadores que fazem parte da Comissão. Era isso que a gente queria fazer na última quarta, mas a Câmara suspendeu o expediente à tarde”, comentou Josephi.

Para ele, o encerramento do diálogo com os poderes Executivo e Legislativo radicalizou o movimento. “No começo de agosto, a gente entregou uma pauta com 13 reivindicações ao governo estadual e, uma semana depois, a Casa Civil e o Grande Recife [Consórcio de Transporte] deram a resposta de que os itens não poderiam ser atendidos e fechou mesa de negociação, e isso gerou novos protestos. O caos, o campo de batalha visto na quarta é culpa exclusiva do governo por fechar diálogo conosco”, afirmou.

A SDS também autorizou a polícia a revistar escudos, bolsas e mochilas e vai convocar o Batalhão de Choque, quando avaliar necessário. “Ao longo dos atos, a gente viu uma atitude do governo de não dar resposta concreta à nossa pauta, mas colocar seu braço armado para reprimir a juventude, inclusive com prisões e truculência”, criticou Raíssa Bezerra, integrante da FLTP. O grupo deve fazer uma manifestação no próximo dia 7 de setembro, aproveitando a realização do Grito dos Excluídos, que ocorre tradicionalmente na data.

R$ 150 para depredar
Também nesta sexta, a Delegacia do Cordeiro apresentou um homem que confessou ter participado do tumulto e da depredação ocorridos no centro do Recife, durante o protesto da última quarta. O jovem Filipe Pereira da Silva, 20 anos, disse à polícia que recebeu R$ 150 de um grupo de mascarados durante a manifestação para provocar confusão e destruição pelas ruas do centro da cidade.

Filipe foi preso nesta manhã por ter roubado uma moto modelo 50 cilindradas. Com ele, a polícia apreendeu um revólver com quatro munições e um celular. Levado à Delegacia do Cordeiro, o jovem, que já tem passagem pela polícia por roubo, foi questionado durante o depoimento sobre o roubo de outras motocicletas na quarta (21). Foi quando ele alegou que não teria roubado os veículos porque estava no protesto. “Ele disse que estava no protesto da Conde da Boa Vista e que teria sido pago pra participar dos protestos, confessando num primeiro momento que teria tocado fogo em algumas caixas e incendiado o ônibus. Depois, ele disse que não fez o incêndio do veículo, viu que foram duas pessoas de bicicleta que fizeram a ação, mas que estava próximo”, explicou o delegado João Gustavo Godoy.

Filipe falou à imprensa que inicialmente foi ao protesto com a intenção de praticar furtos, e quando chegou no local da manifestação, foi abordado por um grupo de mascarados que ofereceram R$ 150 para que ele e um grupo de aproximadamente 30 pessoas destruíssem equipamentos públicos e incendiassem ônibus. “[A gente] veio de Camaragibe no ônibus e tocou fogo nos baldes de lixo. A participação foi só essa. No meio do caminho, a turma estava dando dinheiro e eu fiquei por lá mesmo. Eram uns mascarados com um sotaque estranho, uma voz fanhosa”, informou Filipe, que disse ter recebido o dinheiro, mas afirmou desconhecer quem seriam as pessoas que estavam oferecendo o recurso.

O delegado disse que o rapaz foi autuado por assalto e será encaminhado ao Centro de Triagem de Abreu e Lima (Cotel). As informações ditas por ele sobre o protesto serão encaminhadas para a investigação correspondente. “Ficará a cargo do delegado Darlson Macedo”, finalizou Godoy.

Fonte: G1 PE

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)

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