Passeio em resort é para desestressar, diz o advogado de Cachoeira
Depois das fotos de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, em lua de mel em um resort na Península de Maraú, no sul da Bahia, repercutirem nas redes sociais e causarem indignação em internautas, o advogado do contraventor, Antônio Nabor Bulhões, explicou o motivo da ida do bicheiro à praia. Segundo ele, em novembro, ao sair do Complexo Penitenciário da Papuda — onde ficou por nove meses —, Cachoeira foi diagnosticado com profunda depressão. “Os médicos disseram que ele precisava descansar e o ideal seria procurar um lugar tranquilo, como uma praia. Ele não está dançando ou brincando carnaval”, disse. No fim do mês passado, as fotos do casamento de Cachoeira e Andressa Mendonça também tiveram grande repercussão. A ocasião, embora tenha sido uma cerimônia discreta para amigos e parentes, foi aberta à imprensa ao final. A imagem mais comentada foi o beijo que ele deu nos pés da noiva em “agradecimento” pela companhia no “ano difícil”.
Condenado por formação de quadrilha e tráfico de influência na Operação Saint Michel, e réu em outros três processos, as recentes exposições de Cachoeira contrastam com os escândalos protagonizados por ele. Para especialistas, as cenas do bicheiro e sua mulher, Andressa Mendonça, em um resort de luxo na Bahia — em que a média de preço das diárias é R$ 3 mil —, indicam uma falta de preocupação em relação ao processo que corre na Justiça. Para a socióloga Maria Stela Grossi Porto, mesmo que Cachoeira esteja agindo legalmente perante à Justiça, a indignação causada em algumas pessoas tem a ver com o sentimento de injustiça na sociedade. “O fato de ele aparecer, se mostrar, aparentemente sem nenhum constrangimento em uma fase em que se supõe sob investigação, choca. Como uma pessoa notória, o que se espera é que ele procure ter discrição e espere os próximos passos de seu processo quase que de forma invisível”, opina.
Segundo Maria Stela, é como se houvesse um sentimento compartilhado de que, como ele cometeu atos de corrupção, não faz sentido ele viver de uma forma normal. “A rigor, ele está nos direitos dele, de esperar em liberdade. O que incomoda é o fato dele não ter o mínimo de cuidado”, diz. A socióloga destaca o fato de o processo de ressocialização dele ser diferenciado de outros presos comuns, que, às vezes, demoram anos para conseguir viver em sociedade e alguns nunca conseguem. O antropólogo e cientista político Antônio Testa concorda, mas acredita que a revolta está mais ligada a outras sensações. “Há inveja em torno desse personagem, porque mesmo condenado, está solto. Ele não é um preso qualquer, porque é poderoso, tem dinheiro”, avalia. De acordo com Testa, Cachoeira gera inveja, admiração e ódio por ter se tornado um empresário forte com dinheiro “fácil”.
O professor da faculdade de comunicação da Universidade de Brasília (UnB) Hélio Doyle acredita que Cachoeira não está preocupado com sua imagem frente à opinião pública. “Um político, um ator ou um atleta precisam cuidar da imagem. No caso de Cachoeira, ele não é um homem público. Não há razão para que ele coloque sua imagem acima das coisas que ele gosta de fazer. O problema dele é na Justiça a e a decisão não vai ser influenciada pela opinião pública.” O especialista também destaca que, diante do público, as imagens do bicheiro aproveitando a lua de mel reforçam o sentimento de impunidade na sociedade. “As pessoas não se conformam com a nossa legislação penal, que permite esse tipo de coisa. A imagem do sistema penal brasileiro é que acaba afetada nesses episódios.”
Fonte: Correio Braziliense
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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