PF diz que recebeu denúncias sobre Metrô de SP do Ministério da Justiça

Em uma nota neste sábado (23), a Polícia Federal afirmou que “os documentos (…) sobre eventuais atos ilícitos na execução de obras do Metrô de São Paulo foram encaminhados pelo Ministério da Justiça, e não pelo Cade, conforme erro material cometido no ofício de encaminhamento da Coordenação Geral de Polícia Fazendária à Superintendência regional da PF em São Paulo”, informou o Jornal Nacional.

No inquérito da PF que investiga a formação de cartel em licitações para a compra e a manutenção de trens em São Paulo, o delegado Bráulio Cézar da Silva Galloni dizia que a denúncia tinha sido “recebida via Cade”, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica.

O Ministério da Justiça admitiu, em nota divulgada nesta sexta-feira (22), que foi o responsável por encaminhar à Polícia Federal a carta com denúncias sobre um suposto esquema de corrupção política e de cartel em trens e Metrô de São Paulo e do Distrito Federal.

O ex-diretor da Siemens, Everton Rheinrheinmer, apontado como autor do relatório diz, por sua vez, que a denúncia é anônima e sigilosa.

O Ministério da Justiça afirma que “recebeu do deputado estadual, Simão Pedro, do PT de São Paulo, estas denúncias, acompanhadas de documentos, e que as encaminhou à Polícia Federal para as devidas investigações.” Também em nota, o deputado, que é secretário municipal em São Paulo,  confirmou esse trâmite.

As denúncias estão em uma carta que faz parte do inquérito, como mostraram na quinta-feira (21) o jornal o Estado de São Paulo e o Jornal Nacional. Em um trecho, o denunciante diz: “Além de envolver muitos projetos e dezenas de pessoas, o esquema de corrupção se estende por um longo período (1998 a 2012)”.

Na sequência, aparece uma lista com  o nome dos políticos de vários partidos – PSDB, DEM, PTB, PPS e PSB – que  estariam envolvidos com a consultoria de Arthur Teixeira, investigada por intermediar  o pagamento de propina a agentes públicos no suposto esquema do cartel durante os governos tucanos de Mario Covas, Geraldo Alckmin e José Serra em São Paulo.

Por meio de outra empresa, a MGE, o esquema teria atuado no Distrito Federal, nos governos de Joaquim Roriz, eleito pelo PMDB, e de José Roberto Arruda, eleito pelo DEM.

Carta-denúncia
Cinco fontes de órgãos públicos diferentes ouvidas pela reportagem do Jornal Nacional garantem que a carta-denúncia é de Everton Rheinheimer, diretor da área de transportes ferroviários da Siemens entre setembro de 2001 e março de 2007. Essas mesmas fontes afirmam que foi o deputado Simão Pedro que o levou ao Ministério Público.

Apesar disso, Everton Rheinrheinmer, denunciante, afirmou nesta sexta-feira (22) em nota que a carta com as denúncias é anônima e que não foi ele quem a encaminhou às autoridades.

A edição deste sábado do jornal “O Estado de São Paulo” ressalta que o denunciante faz essa afirmação “pressionado por delação premiada que fez na Polícia Federal e no Ministério Público Estadual.” “Nessa delação premiada, mantida em sigilo, ele confirma os dados do relatório.”

O jornal acrescenta que “o pacto de delação impõe uma série de condições, entre elas a blindagem do delator, com a preservação de sua identidade”.

No dia 5 de novembro, Everton Rheinheimer assinou um termo de declaração da Polícia Federal em que “se reserva ao direito constitucional de permanecer em silêncio.”

A reportagem do Jornal Nacional conversou por telefone com a advogada do ex-executivo da Siemens, Carolina Fonti. Ela disse que não nega, mas que também não pode confirmar que a carta tenha sido escrita por Everton Rheinheimer. Ela também disse que seu cliente se sentiu no dever de dar uma explicação agora apesar do documento ser sigiloso.

Trama
Os partidos citados no documento foram procurados pela reportagem. O PMDB não quis se manifestar. O PSB afirma que é a favor da apuração rigorosa de todas as denúncias, inclusive das que envolvam filiados do partido. O DEM, o PTB e o PPS negam envolvimento no esquema de corrupção.

Já o PSDB divulgou nota dizendo que a participação direta do Ministro da Justiça, do presidente do Cade e de um secretário da Prefeitura de São Paulo no encaminhamento da denúncia é uma trama vergonhosa para denegrir adversários políticos.

O PSDB pede o afastamento imediato do Ministro da Justiça, do presidente do Cade e do secretário municipal Simão Pedro. Essas três autoridades ainda não se manifestaram.

Nota do ministério
Leia abaixo a íntegra da nota divulgada nesta sexta pelo Ministério da Justiça:
“O Ministério da Justiça esclarece que, tendo recebido do deputado Simão Pedro denúncias, acompanhadas de documentos, envolvendo a ocorrência de eventuais atos ilícitos na execução de obras do metrô de São Paulo, encaminhou-as, no estrito cumprimento do dever legal, à Policia Federal (PF) para as devidas investigações. O Ministério reafirma que a documentação não foi encaminhada à PF pelo Conselho Administrativa de Defesa Econômica (Cade)”.

Fonte:G1

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)

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