Seca deixa mais cara cesta básica do Nordeste

A grave seca do Nordeste já provoca impactos no bolso das famílias nas capitais da região. No mês passado, a cesta básica do Recife teve o maior aumento entre as 18 principais cidades do Brasil, uma subida de 8,35%, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A questão é que as outras cidades com os maiores aumentos são todas nordestinas – Fortaleza (7,22%), João Pessoa (7,11%) e Natal (5,09%). A pesquisa do Dieese, divulgada ontem, mostra o custo financeiro da seca na mesa das famílias, com um dado curioso e preocupante: já falta até mandioca para fazer farinha, um dos símbolos da culinária regional, o que obrigou produtores nordestinos a buscar a raiz em outras regiões, encarecendo a cesta básica.

Além do destaque no mês de fevereiro, de forma isolada, quando se observam os dados dos últimos 12 meses a quantidade de capitais nordestinas no topo da lista é ainda maior, todas com fortes altas na cesta básica: Salvador (32,03%), Natal (29,82%), Fortaleza (29,29%), Recife (27,12%), João Pessoa (27%) e Aracaju (26,41%).

O levantamento do Dieese mostra que, em fevereiro, os maiores aumentos no Recife foram de 56% no tomate, 15% na farinha e 6,53% no feijão. De uma capital nordestina para outra o percentual pode até mudar, mas a pressão nos preços da cesta básica é a mesma.

No caso da farinha, o Dieese calcula o consumo médio das famílias da região em 3 quilos por mês. No Recife, para comprar esses 3 quilos as famílias gastaram R$ 14,55 em janeiro, um valor que saltou para R$ 18,74 em fevereiro. Se o aumento já parece muito de um mês para outro, quando se compara o valor com o de um ano atrás é que se percebe o peso da alta: os mesmos 3 quilos de farinha saíam por R$ 7,20.

“O aumento no preço da farinha de mandioca decorre da falta de matéria-prima (mandioca), reflexo da seca no Nordeste, o que obrigou produtores locais a comprar a mandioca do Pará e Paraná, maiores produtores nacionais”, revela a pesquisa do Dieese.

Outro impacto da seca na mesa das famílias recifenses e nordestinas, desta vez um efeito misturado a problemas climáticos de outras áreas do País, vem do tomate. Segundo o Dieese, em média uma família compra 12 quilos do produto por mês, um gasto que era de R$ 31,22 em janeiro deste ano e passou para R$ 49,08 fevereiro – ou seja, o tomate já custa praticamente R$ 50 da feira do mês. Há um ano, os mesmos 12 quilos saíam por R$ 22.

“Também os mercados do tomate e do feijão se encontram num período de bastante instabilidade devido às restrições climáticas, seca no Nordeste e excesso de chuva e geadas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, o que afeta a produção e qualidade dos produtos ofertados”, reforça a pesquisa do Dieese.

No caso do feijão, o consumo médio das famílias é de 4,5 quilos por mês e o preço foi de R$ 24,21 em janeiro para R$ 25,79 no mês passado, contra R$ 22,41 há um ano.

Dos 12 produtos pesquisados pelo Dieese no Recife, só quatro tiveram queda: óleo de soja (-4,61%), manteiga (-1,7%), pão (-1,63%) e arroz (-0,71%).

Com o aumento de fevereiro, a cesta do Recife chegou a R$ 278,92, a segunda mais cara do Nordeste. A mais cara na região é a de Natal, R$ 283,27. O maior preço do País é de São Paulo, R$ 326,59, e o menor, de Aracaju, R$ 238,40.

Fonte: JC Onine

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)

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