Troca de premiê expõe divisões em partido que governa Austrália

Kevin Rudd | Foto: GettyA recente troca de premiê na Austrália trouxe à tona as profundas divisões dentro do partido que governo o país desde 2007. Kevin Rudd, o novo primeiro-ministro, foi descrito como “psicopata com um ego gigante” e “incapaz de tomar decisões” por membros de seu próprio Partido Trabalhista.

Para outros, entretanto, ele seria o homem certo, um messias político capaz de salvar um governo dividido e desmoralizado nas próximas eleições, ainda neste ano.

Kevin Rudd, que foi premiê entre 2007 a 2010 e reconquistou o cargo e a liderança do partido em uma votação interna, é um homem de muitas contradições, famoso, na vida pessoal, por seus ataques de fúria e indecisão – e por um estilo informal e simpático em público.

“Andar em um shopping center com Kevin é uma experiência incrível”, disse um de seus aliados no Parlamento.

O afável representante da cidade de Griffith tem, de acordo com um eleitor, “um rosto angelical” e é talvez o político mais popular da Austrália.

Mas Rudd é simplesmente odiado por uma ala do partido que governa a austrália, o Partido Trabalhista.

Os que se opõem a ele – incluindo o ex-ministro da Fazenda Wayne Swan – passaram os últimos três anos tentando destruir sua reputação. Aliás, desde que ele foi inesperadamente derrubado do posto de primeiro-ministro por Julia Gillard, em 2010.

No ano passado, após Rudd ter tentado, sem sucesso, assumir a liderança do partido, Swan criticou-o por sua “incapacidade de tomar decisões e por sua atitude de profundo desprezo” em relação a colegas parlamentares.

No Twitter, outro parlamentar trabalhista, Steve Gibbons, qualificou o novo premiê como um “psicopata com um ego gigante”.

E um aliado de Gillard no gabinete, Tony Burke, também fez críticas severas ao comportamento passado do novo líder: “As histórias que circulavam, do caos, do temperamento, da falta de habilidade para tomar decisões, não são (apenas) histórias”.

Melhor Comunicador

Outros mandachuvas na política australiana, no entanto, insistem em dizer que esses demônios foram exorcizados e que a reabilitação política de Rudd está completa.

“Ele refletiu sobre o que aconteceu, aprendeu lições sobre (a importância de se fazer) consultas e ouvir”, disse Bill Shorten, um peso pesado do Partido Trabalhista. Na opinião dele, hoje Rudd teria feito as coisas de maneira diferente.

Kevin Rudd deve seu impressionante retorno ao poder ao medo e pânico que tomaram conta dos trabalhistas após uma série de pesquisas de opinião com resultados desastrosos.

A maioria dos parlamentares acredita que somente o homem apelidado no passado de “Doutor Morte” – pelos cortes que fez aos serviços públicos em Queensland – pode salvar o partido de ser aniquilado nas eleições.

“Kevin Rudd é de longe o melhor comunicador, a melhor pessoa para fazer uma conexão com o público australiano hoje. Ele está a quilômetros de distância do (líder da oposição) Tony Abbott”, disse um outro trabalhista, Richard Marles.

Mas a tarefa à frente parece imensa ou mesmo – se as pesquisas estão corretas – impossível.

O novo primeiro-ministro precisa não apenas tentar curar a fratura no partido como também convencer eleitores de que um governo dividido merece outra chance nas próximas eleições.

Criticado dentro de seu próprio partido, Rudd foi descartado pela oposição conservadora como um “fracasso reciclado”.

Agora, com sua vingança completa, o homem que passou a infância em uma fazenda em Brisbane pediu aos adversários um pouco de bondade.

“Vamos tentar ser um pouco mais bondosos uns com os outros nas deliberações deste parlamento”, disse o premiê.

Mas o caminho para as próximas eleições em setembro será cheio de curvas e armadilhas inesperadas.

O maior problema de Rudd é saber onde está o perigo: na oposição conservadora ou dentro de seu próprio partido.

Fonte: BBC Brasil

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)

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