“Que virada”, escreveu o cineasta Fernando Meirelles, em seu perfil no Twitter, ao saber que a mexicana Lupita Nyong’o, de 31 anos, havia vencido o Oscar de Atriz Coadjuvante por “12 anos de escravidão”. A expressão de surpresa se deve ao fato de que Lupita trabalhou como estagiária de produção do filme “O Jardineiro fiel”, de 2005, dirigido por Meirelles. Ela cuidava do cronograma, coordenava as refeições da equipe, o controle dos transportes, figuração e animais de cena. “Ela era da turma que fica acompanhando o ator até o trailer, vai buscar um café, pede silêncio, estas coisas. Ela teria passado completamente batida se não fosse tão linda e cheia de energia”, diz o diretor.

Quico Meirelles, filho de Fernando e cineasta, lembra que as gravações no Quênia duraram um mês e meio e que Lupita estava presente no processo todo. A rotina era de cinco dias de filmagem e dois de folga por semana, rodando 12 horas por dia. “O trabalho ficou mais intenso quando fomos para Loyangalani, uma aldeia no norte do país onde rodamos por duas semanas. O local era mais precário e o clima era muito árido, então a coisa fica mais puxada”, conta o filho de Fernando, que também trabalhou no set.

Meirelles lembra que Lupita tinha tratamento um pouco diferenciado entre os estagiários por ser filha de Peter Anyang’ Nyong’o, ex-ministro do Quênia. “Ela entrou no ‘Jardineiro’ pois, como tivemos que pedir autorizações para filmar, numa destas veio o pedido de alguém ‘de lá de cima’ para fazermos um favor para a filha de alguém. Acabou dando certo. Ela cumpria sua função muito bem e alegrava o set com a presença luminosa”, afirma Meirelles. Ele conta que a equipe comentava: ela já havia vencido concursos de beleza no Quênia.

12 horas de estágio
Quico, na época com 15 anos, diz que ficou próximo de Lupita por ela ser uma das pessoas mais novas da equipe. Ela tinha 21. “Assim que começava a filmar, nós dois não tínhamos muito para fazer então conversávamos bastante”, conta Quico.

Tanto Fernando quanto seu filho não imaginavam que Lupita tivesse vontade de atuar. “Na época do filme, acho que nem ela sabia que era atriz. Pelo que conversávamos, ela queria seguir carreira atrás das câmeras. Mas alguns anos depois do longa nós trocamos alguns emails e aí sim eu soube que ela tinha virado atriz, estava se formando em Yale e já tinha dirigido e atuado em uma série para a MTV do Quênia”, afirma Quico.

Hoje, Lupita está em cartaz no Brasil com o filme de ação “Sem escalas” e o drama “12 anos de escravidão”. Antes, atuou na série “Shuga” (2009-2012), da MTV do Quênia, e no curto americano “East River” (2008). Produziu e dirigiu o documentário “In My Genes”, sobre como ser “branco” em uma sociedade “negra”. Em 2007, foi estagiária de direção de arte no longa “Onde mora a esperança”. Também estagiou na pós-produção do filme “Nome de família”, de 2006. “O jardineiro fiel” deu o Oscar de Atriz Coadjuvante para Rachel Weisz e tinha Ralph Fiennes como protagonista. Tem roteiro baseado em livro do britânico John le Carré.

Fonte: G1

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)