Apesar de nova gestão, HC da UFPE ainda tem problemas de infraestrutura

caosnohcApós mais de três meses em greve, os servidores técnicos das universidades federais de Pernambuco encerraram a paralisação da categoria, na terça-feira (1º), retomando os serviços administrativos das instituições de ensino no estado, para cumprir a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).  No caso do Hospital das Clínicas (HC) da UFPE, na Zona Oeste do Recife,  mesmo após a volta ao trabalho, o sindicato dos trabalhadores afirma que não existe “normalidade de atendimento”, diante da estrutura precária encontrada no local.

A unidade de saúde, administrada pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) há cerca de seis meses – um das medidas mais criticadas pela categoria – é alvo de reclamações também de pacientes, acompanhantes e médicos, no que se refere aos problemas da estrutura física, como goteiras, mofo e objetos quebrados.

Como conferido no local pelo G1, infiltrações, cadeiras quebradas, banheiros com limpeza precária são encontrados com facilidade. No mês de junho, o Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais de Pernambuco (Sintufepe) elaborou um dossiê sobre a situação do hospital, que foi divulgado para a imprensa. Dentre os principais problemas apontados, estavam a presença de lixo e até animais nos corredores, escada de incêndio quebrada, falta de manutenção dos elevadores e salas de recuperação cheias de mofo.

No dia 16 de junho, o sindicato chegou a solicitar a entidades como Ministério Público Federal (MPF), Ministério do Trabalho, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e os Conselhos regionais de Medicina e Enfermagem, a interdição imediata do HC. Até o momento, ainda não há resposta ao sindicato sobre os pedidos.

Na última semana de junho, ao se chegar à área externa do HC, já era possível notar alguns problemas. O cheiro de esgoto é forte, e a fachada apresenta muitos vazamentos e queda de rebocos – uma área em frente à portaria 1 chega a estar interditada aos pedestres. Ao G1, a direção administrativa do hospital reconheceu que há infiltrações, mofos, vazamentos e rachaduras, porque o prédio tem 34 anos e nunca passou por uma grande reforma. Ainda de acordo com a administração, esses problemas não comprometem a estrutura, comprovado por uma análise feita por uma empresa do Rio de Janeiro, e um processo para contratar o serviço de manutenção predial está em curso.

Apesar dos problemas físicos encontrados, a população atendida no hospital elogia o atendimento de médicos e enfermeiros.  A doméstica Alcilene Alves precisa levar a filha, Priscila, 7 anos, todos os meses ao hospital, por conta de um tratamento para crescimento e ganhar peso que faz. Desde o começo do ano, quando as visitas ficaram mais intensas, Alcilene viu uma melhora em relação à estrutura. “Tinha lixo em vários locais, a limpeza era muito ruim nos corredores e a gente via tudo muito sujo. Há um dois meses, a situação começou a melhorar. Mas sempre ela é bem consultada com o pediatra, o pessoal resolve os problemas, analisa os exames direitinho que a gente mostra”, contou.

Em geral, as críticas de pacientes e acompanhantes convergem para alguns pontos em comum: a falta de limpeza dos banheiros, a estrutura de acomodação e falta de manutenção dos elevadores. A agricultora Maria José Gomes, de Brejo da Madre de Deus, Agreste pernambucano, toda semana vai ao HC para acompanhar a filha, Cláudia Vidal, que é portadora de lúpus e tem problema nos rins. A paciente já chegou a ficar internada por três vezes, e as reclamações são sempre as mesmas. “Nenhum dos banheiros presta. Estão sem descarga, sem porta, com água acumulada no chão. Na enfermaria também, algumas vezes a sujeira é grande. O pessoal da limpeza joga uma água sanitária no chão e acha que limpou. As paredes têm aquela sujeira encardida, ‘grude’ mesmo”, destacou.

Cláudia faz a hemodiálise no quinto andar e reclama que o elevador sempre dá problema. “Tem médico que faz milagre quando precisa transferir o paciente de um andar para o outro”, relatou. Em algumas áreas do Hospital das Clínicas, como a Ala Sul, o prédio chega a ter 11 andares, tornando difícil o uso de escadas, ainda mais por pessoas com dificuldade de locomoção.

De acordo com a direção do HC, entretanto, seis dos nove elevadores da unidade já foram reformados e modernizados; os outros três serão entregues até a primeira quinzena de julho. De fato, no local, a maioria dos equipamentos estava funcionando e outros estavam em manutenção, na ocasião da visita do G1. Entretanto, em um dos elevadores, foi verificado que o transporte de cargas e das pessoas era feito em um mesmo espaço. De acordo com a admnistração do HC, existe um elevador exclusivo para realizar o transporte de mercadorias, já em funcionamento.

Para os profissionais que trabalham diariamente no espaço, as condições oferecidas limitam o exercício de uma boa prática médica. Em entrevista ao G1, um cardiologista que não quis se identificar detalhou o processo de sucateamento. “Na minha opinião, o hospital tem uma estrutura física muito grande, que podia oferecer muito mais para a população do que ele oferece atualmente. É uma estrutura completamente sucateada, vários locais têm rachaduras, há salas com mofo, mal aproveitadas, fechadas, sem manutenção adequada”, comentou.

Na visão do médico, o maior problema encontrado, entretanto, é na gestão dos equipamentos. Caixotes espalhados pelos corredores, vistos pela reportagem, guardariam uma máquina de ressonância magnética, encaixotada há mais de dois anos. O gerente administrativo do HC, Laurimberg Diniz, confirmou que há o problema de aparelhos guardados, adquiridos nas gestões anteriores, mas que, no caso da ressonância, um projeto executivo já foi elaborado e até o final do ano a máquina estará funcionando.

No setor de ecocardiograma, das três máquinas, uma está quebrada há mais de um ano. “Desde a mudança da gestão, sinceramente não vi diferença ainda. Mas coisas básicas não estão faltando, por exemplo, em cirurgias. Já teve época em que faltavam esparadrapos e gases”, destacou o cardiologista.

A aposentada Josefa Pereira, 81 anos, é paciente do setor de oncologia e, há oito anos, passa por atendimento renal no HC, todos os meses. Para ela, os médicos são atenciosos, mas o prédio “cai aos pedaços”. Como precisava fazer tratamento de quimioterapia pelo menos três vezes ao mês, a convivência no espaço ficou mais intensa. “Graças a Deus existe esse espaço aqui para eu me cuidar, mas a estrutura é muito ruim”, disse Josefa. “A acomodação para acompanhante também é muito ruim, com cadeiras de plástico, desconfortáveis, é uma tortura ter que passar muito tempo aqui”, completou Ana Lúcia Pereira, filha de Josefa.

A gestão
Na época da mudança da gestão do hospital, no fim de 2013, o reitor da UFPE, Anísio Brasileiro, chegou a afirmar que, com a EBSERH, alguns processos seriam agilizados, como a melhoria de infraestrutura e abastecimento do hospital. Desde o anúncio da medida, o sindicato dos funcionários organiza protestos, alegando que a transferência tira da universidade a autonomia sobre o empreendimento.

De acordo com HC, a realização de concurso público para contratação de 881 profissionais é uma das ações em andamento que visam solucionar problemas, em áreas médicas, assistenciais e administrativas. A expectativa é de que os aprovados sejam nomeados ainda em julho.

Sobre estrutura física, uma equipe de profissionais está analisando o prédio para produzir um diagnóstico. Também está em andamento a reforma da ala norte do 11° andar, que irá liberar 24 leitos de clínica médica, a conclusão da infraestrutura para instalação dos equipamentos PET-CT, aparelho que ajuda a identificar a presença de tumores.

O gerente administrativo da unidade, Laurimberg Diniz, destacou ainda que o processo para contratar uma empresa de manutenção predial está em curso, o que vai solicionar problemas como infiltrações, portas quebradas e vazamentos. “Durante anos, o hospital foi abandonado pela gestão e não será resolvido de uma hora para outra. Mas a mudança já começou desde o dia que a gestão nova começou. Nos últimos seis meses, o hospital evoluiu o que não evoluiu em 20 anos. Existem muitas coisas acontecendo internamente, com setores acabando, outros nascendo, novas chefias”, destacou. Relógios de ponto também serão instalados, para controlar o horário de funcionários.

Na quinta-feira (3), o HC também divulgou o cronograma de marcação de consultas para os pacientes já agendados e que não foram atendidos e também para aqueles que não conseguiram marcar um retorno ou uma interconsulta devido à paralisação dos servidores da instituição. Os pacientes podem conferir a data neste link.

Estrutura
De acordo com a UFPE, o HC ocupa uma área física construída de 62 mil m², e tem 175 consultórios de atendimento ambulatorial, 11 leitos na Unidade de Tratamento Intensivo (adulto), dez leitos na Unidade de Tratamento Intensivo (neonatal), dez salas de centro cirúrgico, sete salas no centro cirúrgico ambulatorial e três salas no centro obstétrico.

Fonte: G1 pe

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)

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