As marcas do desrespeito
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
- Category : Clipping
Uma das mais importantes fontes de recursos para sobrevivência ainda agoniza imerso em um cenário de abandono e profunda degradação. O Dia Mundial dos Rios, celebrado, hoje, em mais de 70 países, se propõe a chamar a atenção da sociedade para a preservação dos recursos naturais, frente às mudanças climáticas e um desenfreado crescimento urbano. Conhecidas como as duas principais artérias fluviais de Pernambuco, os rios Beberibe e Capibaribe são recortes do desrespeito que se propaga muito além das suas águas turvas, transformadas em verdadeiros depósitos de lixo. Para lembrar a data, a reportagem da Folha de Pernambuco percorreu trechos do Recife e Olinda, flagrando o descaso e cruzando histórias de vidas de quem os têm como vizinhos ou depende deles para sobreviver.
“Aprendi a conviver com esse mau cheiro todos os dias e imaginar que ele não existe”, revelou, ainda com os pés molhados, o aposentado Geraldo Marques, de 64 anos, que cresceu às margens do Beberibe, na altura do bairro de Campo Grande, na Zona Norte do Recife. Enquanto conversa, o idoso não interrompe a tarefa de cortar o capim para os estimados cavalos, que também são banhados no córrego, abarrotado de detritos. “As pessoas não têm onde morar e vão se amontoando por aqui. Infelizmente, eles não pensam, antes de jogar tudo que não presta pela própria janela”, revelou, no alto de sua simplicidade, em relação à comunidade batizada de Arco Íris, marcada por palafitas e barracos de madeira e papelão. O rio Beberibe nasce no município de Camaragibe, a partir da confluência dos rios Pacas e Araçá. O corredor fluvial possui 23,7 quilômetros de extensão e sua bacia hidrográfica mede 81 quilômetros quadrados.
Passando para a vizinha Olinda, no populoso bairro de Peixinhos, a estudante Flávia Silva, 19, diz que ainda se surpreende com os animais mortos, móveis e toda sorte de imundície que encontra afogado bem na porta de casa. “Os mosquitos não perdoam e os ratos, as vezes, vão parar em cima de nós, trazendo muitas doenças. Olho para toda essa lama e acho que não tem mais solução”, lamentou a jovem. Em seu percurso, o Beberibe recebe cerca de 10 afluentes, com destaque para os canais da Malária e Vasco da Gama, além do Córrego do Euclides. Mais adiante, no bairro de Salgadinho, um mar de garrafas pets, sacolas plásticas embalagens de produtos também marcam o seu território.
Considerado um marco da terra batizada de Veneza Brasileira, o imponente Capibaribe também amarga problemas, ao longo de uma bacia de quase seis mil quilômetros quadrados. Com 74 afluentes e banhando 42 municípios, o rio teve grande importância histórica e social na formação e no desenvolvimento da região Nordeste. “Vivemos em uma luta constante pela sobrevivência”, resumiu o pescador Antônio Soares, de 80 anos, mais da metade vividos em busca de peixes como tainha e carapeba. Ele é um dos mais de 50 homens que se aglomeram abaixo da ponte do Limoeiro, nas imediações da tradicional rua da Aurora, no coração do Recife. “Os prédios e as empresas despejam o esgoto por aqui, sujando e impedindo o rio de respirar”, ressaltou. Nas comunidades do Coque e Joana Bezerra, o lamaçal também se estabelece. “Cresci ouvindo as pessoas dizendo: se não presta, joga no rio. Hoje vejo que pouca coisa mudou”, revelou a dona de casa, Maria José Araújo, de 35 anos, que segue criando os cinco filhos na comunidade ribeirinha.
São Francisco – Na última semana, um quadro chamou a atenção de ambientalistas de todo o País. Pela primeira vez na história, a nascente do rio São Francisco, situada no Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais, ficou completamente seca. A importante veia fluvial corta seis estados, inclusive Pernambuco, e vem apresentando sintomas de uma estiagem considerada rigorosa.
Fonte: Folha-PE
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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