Consumo de crack é maior entre as mulheres, aponta Fiocruz
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
- Category : Clipping
Uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelou que há 370 mil usuários de crack nas 26 capitais e no Distrito Federal, com 40% deles, 148 mil pessoas, morando no Nordeste. Os homens ainda são maioria, mas o número de mulheres, inclusive grávidas, viciadas está aumentando. Além disso, elas consomem mais pedras de crack diariamente. Enquanto os homens fumam em média 13 pedras por dia, as mulheres chegam a fumar 21. O NETV 1ª Edição preparou duas reportagens especiais sobre o assunto. A primeira foi exibida nesta terça-feira (18) e a próxima irá ao ar na quarta (19).
No Recife, embaixo do viaduto da Avenida João de Barros, na Zona Norte, em plena luz do dia, uma mulher sentada em uma calçada prepara um cachimbo e, poucos minutos depois, fuma uma pedra. Não demora muito para fumar a segunda. A equipe de reportagem percebeu que o local onde a viciada estava se tratava de uma “farmácia”, como são chamados os lugares de venda e consumo de crack da cidade.
O movimento é intenso, com usuários chegando e indo embora a cada minuto. Muitos se escondem, mas a maioria não se importa em usar a droga ao ar livre. Quem parece controlar as vendas é um homem que aparece de boné no vídeo. Todos que chegam, negociam o preço com ele. Esse viaduto passa por cima da Avenida Agamenon Magalhães, um lugar bastante movimentado, mas mesmo assim é o principal ponto de consumo e venda de crack da capital. Carros passam e ninguém parece perceber a quantidade de papelão onde os usuários se escondem. Na praça ao lado fica um trailer da Polícia Militar.
Homens, mulheres e até mesmo crianças frequentam o lugar. Uma mulher aparece sentada, bebendo cachaça, ao lado de um carrinho de bebê. Crianças chegam logo depois. Em poucos minutos, na frente das crianças, a mulher fuma três pedras de crack. Ela se esconde embaixo de um pedaço de tecido, mas pelos buracos é possível ver a chama do cachimbo. Além de consumir, ela também vende a droga.
Violência sexual
Segundo o estudo, mulheres fumam mais pedras por dia do que os homens porque elas conseguem, muitas vezes por meio da prostituição, mais dinheiro para comprar a droga. Mas as mulheres também afirmaram sofrer violência sexual, com 44,5% das entrevistadas dizendo que já sofreram abuso, o que resulta no alto índice de gravidez entre as viciadas, 10%.
“Se você junta o maior uso de pedras, a troca de pedra por sexo e a violência, a gente tem aí a possibilidade de haver uma gravidez indesejada no percurso deste uso, o que vai gerar o que chamamos dos órfãos do crack”, disse o psiquiatra especialista em reabilitação, Evaldo Melo.
Uma viciada falou com a equipe de reportagem. Ela disse ter 30 anos e estar grávida de 2 meses do segundo filho. A mulher vive embaixo do viaduto, mas recebe dinheiro da família. Quando questionada se usava crack todos os dias, ela afirmou “não usei ainda porque não tenho”, além de informar que existiam outras duas grávidas no mesmo viaduto.
O uso do crack durante a gravidez afeta diretamente o bebê. Tudo o que circula no corpo da mãe também circula no corpo da criança, inclusive a droga. A substância pode interferir no desenvolvimento da placenta, que pode se descolar do útero. O bebê corre o risco de nascer prematuro. Além disso, o crack influencia na formação do sistema nervoso do feto.
“É um bebê que nascendo com pouco peso, com um peso menor, nascendo também com uma possibilidade menor cerebral, ele apresenta alguns dos sintomas relacionados com o uso do crack da mãe. Por exemplo, ele pode ter convulsões ao nascer, ele pode ter tremores, ele pode ser um bebê irritadiço, que se assusta com facilidade, que com qualquer movimento, qualquer pancada ele responda ansiosamente. Tanto pesquisas nacionais como internacionais mostram que talvez o maior dano provocado à criança pelo uso do crack pela mãe, seja um dano tardio. Como o crack vai mudar a configuração cerebral, influenciar nas sinapses, nas conexões cerebrais. Tardiamente, em torno de 6, 7 anos, quando ele entra no período escolar, ele vai ter uma grande dificuldade de aprender conceitos, grandes dificuldades cognitivas, principalmente na aprendizagem da matemática”, detalhou Evaldo Melo.
O filho de uma dependente de crack também pode desenvolver o transtorno do déficit da atenção e hiperatividade (TDAH). “São crianças hiperativas, são crianças inquietas e são crianças que apresentam essa dificuldade no aprendizado”, ressaltou Melo.
A pesquisa da Fiocruz também revelou que as capitais do nordeste são as que concentram mais crianças e adolescentes usuários de crack: 28 mil viciados.
Ação policial
O comandante do 16º Batalhão da PM, Jailton Pereira, responsável pelo policiamento na área exibida na reportagem, informou que o trailer da polícia próximo ao viaduto foi deslocado no ano passado, para ficar mais perto do ponto de droga. “Houve um protesto da comunidade em relação a essa mudança. Aquele trailer tem uma função específica, pois ele serve como uma barreira para que os traficantes da comunidade não invadam a outra comunidade”.
“A gente tem que ver que [o consumo de crack] não é um problema de polícia, mas um problema de saúde pública. O nosso foco é prender os traficante. Só nos meses de janeiro e fevereiro, já tivemos 20 ocorrências”, informou o comandante, que também disse que as rondas na área vão ser intensificadas.
Fonte: G1
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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