O número de doação de órgãos em Feira de Santana tem aumentado nos últimos anos, segundo informou o médico cardiovascular André Guimarães. De acordo com ele, de 2008 para cá, as doações vêm aumentando de maneira importante na cidade. Somente no ano de 2013, o aumento foi de 100%, em comparação ao ano de 2012.
Foram 27 diagnósticos de morte encefálica e 8 doações de múltiplos órgãos realizadas no ano de 2013. Em 2012 foram 22 diagnósticos de Morte Encefálica e 4 doações de múltiplos órgãos. A média superou a estadual registrada em 28% e a nacional que fechou o ano em 14%. Os dados são do Sistema Estadual de Transplantes da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab).“Somente no mês de janeiro deste ano, já temos um número significativo, mostrando que a população tem nos ajudado. A nossa expectativa é diminuir o número de negativa familiar, que é quando o paciente tem o diagnóstico de morte encefálica, mas a captação do órgão não é efetivada. O número de negativa familiar é grande, então temos que alertar a população”, afirmou.
Segundo o médico, a doação pode ser feita em casos de morte, onde não existam processos infecciosos, entre outras contraindicações. Ele ressalta que para aumentar o número de doações é preciso, inicialmente, a conscientização da população e a discussão desse assunto no seio familiar.
“Hoje não existe uma lei onde a pessoa possa expressar o seu desejo de doar, mas ela pode expressar essa vontade para a família. Isso é importante, pois existem diversas pessoas na fila de espera. Nos transplantes renais temos mais de 1.000. Para córnea são quase 1.000. Aguardando a doação de fígado, tem mais de 700. Só uma pessoa que está na fila aguardando uma doação sabe o quanto é dolorosa a espera”, afirmou.
Por causa da demora em conseguir a doação, muitos pacientes morrem, segundo informou André Guimarães. “O tempo para essas pessoas é extremamente importante”.Daniela Almeida Fróes da Mota, que perdeu os rins depois de uma crise de Lúpus e hipertensão, é um exemplo de quem lutou contra o tempo. Ela aguardou mais de dois anos para conseguir o transplante. “Passei 10 anos fazendo hemodiálise, mas não tinha entrado na fila. Tentei vários tipos de intervenções até que consegui em Salvador um contato e fui acolhida pelo hospital São Rafael. O pessoal viu que minha situação já estava em risco e conseguiu me colocar no início da fila. Mesmo assim aguardei dois anos e meio, pois tive que esperar um órgão compatível”, relatou.
Segundo Daniela Almeida, antes de conseguir os rins compatíveis, chegaram cerca de 10 órgãos para ela, a maioria de outros estados. Ela conta que no início sentia esperança, mas depois de tanta espera sentiu angústia. “Me senti injustiçada, esquecida pelas pessoas da sociedade. É muito complicado, pois quando a gente perde a função renal, perdemos praticamente a convivência com muitas pessoas. Deixei a faculdade, me afastei de alguns amigos e do trabalho”, contou.
Depois do transplante, com cinco meses, Daniela voltou para a faculdade, para os estágios e retomou muitas das suas atividades. “Graças a Deus no início do ano que vem estarei com meu diploma. Hoje me sinto bem, faço minhas revisões e tomo medicações de controle. Voltei para o ciclo social, voltei para minha vida e estou em fase de reconstrução”, declarou.
O médico cardiovascular, André Guimarães, explicou que após a pessoa receber uma doação de órgão, na grande maioria das vezes, ela tem uma vida normal. Mas ele lembra que em alguns casos pode ocorrer uma rejeição. “A pessoa vai precisar de um acompanhamento médico, mas a tendência é que ela volte ao seu convívio social normal. Em alguns casos existe rejeição e por isso a importância do acompanhamento médico”, ressaltou.
Fonte: Acorda Cidade
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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