Emprestar livros é assunto delicado para amantes das letras
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
- Category : Clipping
Hora da separação, aquela dor-de-cotovelo enorme. Ele sai praticamente com uma mão na frente e outra atrás, pois não quer pensar em divisão de bens. Ela que fique com a casa, com as lembranças, esperanças, com a aliança… Ah, não! De uma coisa o personagem de Chico Buarque faz questão absoluta:“devolva o Neruda que você me tomou/ E nunca leu”. Porque relacionamentos acabam, amores chegam ao fim, mas o afeto por determinados livros raramente se dissipam com o tempo.
Antes de prejudicar amizades, criar desafetos ou até inimigos mortais, é bom ter atenção às regras sociais de empréstimos e devoluções de livros. Porque pior do que multas de biliotecas são as penalidades dos bibliófilos. Essas não são superadas tão facilmente, a depender do valor sentimental do objeto amado, o livro. Não façamos disso uma campanha anti-empréstimo, óbvio. Até porque há urgência na circulação de bons textos entre leitores e não-leitores. Mas antes de emprestar um livro a alguém, verifique qual dos dois você gosta mais.
DEZ MANDAMENTOS DE QUEM TOMA LIVRO EMPRESTADO
1 — Peça emprestado apenas se pretende ler imediatamente.
2 — Evite pedir emprestado livros muito caros, edições antigas, exemplares com valor afetivo.
3 — Ao pegar emprestado, leia o mais rápido que puder e devolva o livro ao dono.
4 — Deixe lembretes para você mesmo para não correr o risco de esquecer de devolver.
5 — Tenha bastante cuidado com o livro. Não rabisque, dobre, suje, rasgue, molhe.
6 — Nunca empreste um exemplar que você pegou emprestado.
7 — Se danificou ou perdeu o exemplar, compre outro, devolva, e se desculpe.
8 — Se o livro for uma não-ficção de grande utilidade para a outra pessoa, evite pedir. E último caso, devolva rápido.
9 — Estipule um prazo para a devolução. Se estiver próximo da devolução e você não conseguiu terminar o livro, ao menos combine uma prorrogação com o dono.
10 — Lembre de colocar seus livros à disposição para quem já lhe emprestou.
Quem pretende levar a sério a organização dos livros emprestados pode investir no Personal Library Kit, da empresa Knock Knock. A caixa é espécie de minibiblioteca à moda antiga. Vem com fichas de empréstimo e devolução, lápis, carimbo para marcar as datas e almofada com tinta. Custa US$ 11,65 na Amazon.com.
Todo grande leitor deve ter um livro emprestado que nunca devolveu. É como se o livro estivesse melhor com você, como se tivesse te escolhido. Parei de emprestar livros, definitivamente, quando desconfiei que estavam sendo roubados e, na verdade, estavam emprestados. Foi um sinal: livro emprestado é um livro roubado.
Hoje, sempre que me pedem um livro emprestado, digo que já emprestei, só estou esperando que devolvam. Essa estratégia não falha, nem magoa. Certo estava o poeta Austro Costa ao dizer “um livro mau se vende, não se empresta; / e um livro bom… não se devolve ao dono…”
Já aconteceu de eu ter livro perdido, mas nada que me trouxesse grandes prejuízos. Antigamente tinha a preocupação de anotar o nome de quem pegava emprestado, mas recentemente deixei de fazer isso. Desapeguei, pois é fácil de conseguir outra cópia.
Quando a gente empresta um livro, tem que ficar consciente de que ele não volta igual, não volta com o mesmo cheiro, com a mesma flexibilidade de capa. É ilusório, isso. Mas emprestar é preciso, pois livro não é apenas ornamento para estante.”
“Empresto meus livros com frequência, mas confesso que às vezes me arrependo. Certa vez, pegaram um livro que eu tinha acabado de ganhar, nem havia lido, e passaram oito meses para devolver. A pessoa enrolava, e eu não parava de insistir e mandar mensagem, até que entregou o livro com a orelha rasgada, páginas marcadas… Isso é muito chato. Abala até a amizade. Livro é uma coisa muito pessoal.
Sempre reforço para terem cuidado, pois se voltar rasgado ou com algum outro problema, não terá um segundo empréstimo. Dou logo o aviso. Coloco um marcador de página dentro e sugiro que a pessoa use, que não coma ou beba enquanto está lendo (já me devolveram um livro com manchas de café e chocolate!), que não dobre o livro, não deixe largado dentro da bolsa, para não manchar.
Acho que quanto mais rápido a pessoa devolve, mais crédito tem comigo para a próxima vez. Além disso, anoto tudo o que empresto em uma tabela no computador. Atualmente, tenho oito emprestados. Tenho um total de 386 livros.”
Danielle Barbosa , estudante de administração
Mas também tenho alguns que não empresto a ninguém. São de coleções especiais, como A torre negra (Stephen King), As brumas de Avalon (Marion Zimmer Bradley), A herança (Christopher Paolini). Deixo para emprestar os mais comuns, como Os miseráveis (Victor Hugo), Os três mosqueteiros (Alexandre Dumas), sempre anotando o nome da pessoa e tentando obter um prazo bom de devolução, a depender do tamanho do livro.
Emprestar é difícil porque quando você está lendo, é como se o livro fosse uma parte de você. Ele fica marcado. Torna-se especial.”
Manuel Silvestre, estudante de história
Quem pega emprestado e devolve com algum probleminha, vai se encaixando em uma lista mental que faço, das pessoas que não vão mais pegar emprestado. Também atualizo planilha do Excel para saber com quem estão minhas coisas. É preciso fazer isso, pois já perdi livro assim e acabei comprando de novo.
Os livros que não empresto de jeito nenhum ficam escondido em um guarda-roupa antigo. São edições de luxo, livros garimpados em sebo. Não são necessariamente caros, mas também não são fáceis de repor. Tenho, por exemplo, edições muito antigas de contos de Machado de Assis e Álvaro de Azevedo, com páginas frágeis, fáceis de cair.”
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
Nenhum comentário