Novos rolezinhos não representam movimento, diz organizador

Bruno Felicerolezinho que Bruno Felice e mais dois amigos estão organizando no Facebook já tem mais de 2.500 convidados confirmados.

Enquanto outros encontros têm sido removidos da rede social por pressão dos shoppings, o de Bruno permanece no ar com animadas discussões sobre quem vai ficar com quem no dia 8 de fevereiro, no estacionamento do Shopping Aricanduva, em São Paulo.

Morador da Zona Leste, Bruno é o que se pode chamar de rolezista “original”. Isto é, tem o perfil de jovem comum nessa reuniões, e está presente desde a primeira leva delas: aprecia o funk ostentação, gosta de se vestir com roupas de marca e tem vida intensa nas redes sociais.

Aos 18 anos, ele esteve nos dois encontros no Shopping Itaquera que tomaram as manchetes do Brasil no ultimo um mês e meio.

Na semana em que os rolezinhos como os de Bruno saíram dos holofotes para dar lugar a encontros de protestos contra a discriminação marcados por movimentos sociais, universitários e grupos identificados com a esquerda, o estudante diz que eles não representam os rolezinhos.

“Não tem essa de classe média ou classe baixa”, afirma.

Em entrevista a EXAME.com, ele defende que os shoppings foram escolhidos, acima de tudo, porque são lugares seguros para os participantes dos encontros. Confira a seguir.

EXAME.com – Com as proibições dos shoppings e a atuação da polícia, movimentos sociais e outros grupos, a maioria de esquerda, começaram a marcar manifestações em apoio aos rolezinhos contra a discriminação. O que você pensa desses grupos?

Bruno Felice – Eu acho que esses grupos estão se aproveitando da situação. Não tem essa de classe média e classe baixa. Esse pessoal não representa o rolezinho.

EXAME.com – Os shoppings são locais privados, mas abertos ao público. O que você acha da intervenção da polícia, sendo que há a segurança privada do próprio shopping?

Bruno Felice – Eu concordaria se a polícia entrasse só para garantir a segurança e abordar quem estivesse realmente fazendo bagunça ou cometendo crime.

Mas não do jeito que foi lá (no Shopping Itaquera). Eles estavam jogando bomba e atirando (balas de borracha) dentro do próprio shopping, no meio das lojas e tudo. Assim não tem como.

EXAME.com – Você acha que existe preconceito (de classe ou de cor) por parte do shopping ou da polícia?

Bruno Felice – Não. Se eu decido fazer um evento aqui na minha rua, por exemplo, e os “poliças” ficam sabendo, eles já querem fechar a rua. Não querem saber de conversa, de procurar quem é que tá organizando. Eles já chegam querendo machucar todo mundo. Eles não sabem conversar e nem separar quem tá cometendo crime de quem só quer se divertir.

EXAME.com – Mas se acontecesse a mesma coisa em um bairro nobre ou de classe média, você acha que eles fariam o mesmo?

Bruno Felice – Eu acho que sim. Na verdade, o que acontece é que a polícia não sabe lidar com os jovens, não sabe lidar com grupos grandes.

EXAME.com – Você concorda com a alegação dos shoppings de que a aglomeração de pessoas pode prejudicar a segurança? O que você pensa sobre as proibições?

Bruno Felice – O shopping não está certo em proibir. A maioria das pessoas que está lá é de paz. Sempre vai ter um grupo pequeno que vai fazer alguma coisa errada. No evento do Shopping Itaquera, por exemplo, tinha 6 mil pessoas lá dentro. Dessas, só umas 20 foram para “arrastar”.

EXAME.com – Alguns shoppings conseguiram retirar convites de eventos no Facebook que tinham nos comentários algum tipo de incitação ao crime. Como você vê isso?

Bruno Felice – Eles não deveriam retirar, porque o Facebook é a principal forma de divulgação e comunicação. Se o convite do evento não está falando nada disso (sobre crime), como é o nosso caso, não tem que tirar do ar. Se alguém comenta alguma coisa errada tem que ir atrás dessa pessoa, e não de quem criou o evento.

Exame.com – Como vai ser o rolezinho com o Doug Kamikaze que vocês estão organizando no shopping Aricanduva?

Bruno Felice – A gente quer fazer o evento com o MC Doug pra divulgar a música dele mesmo (assista a um clipe no fim da matéria). Mas também pra conhecer novas pessoas, pegar amizade e tal.

EXAME.com – Você também gosta de se vestir com roupas de marca?

Bruno Felice – Todo mundo gosta de andar bonito. Gosta de andar com as roupas de marca, as coisas de lançamento. Eu curto funk, gosto de andar no estilo.

EXAME.com – E desde quando existem os rolezinhos?

Bruno Felice – Já faz bastante tempo que eles acontecem. Mas cada grupo é um grupo e eu posso falar apenas pelo meu. Nós somos organizados. Não vamos lá para roubar, pra bagunçar, fazer arrastão e nem nada dessas coisas. A gente gosta de conversar, de mexer com as meninas, é isso que a gente faz.

EXAME.com – Por que os rolezinhos são marcados nos shoppings?

Bruno Felice – Acho que é o único lugar mais conhecido e que tem segurança. No shopping a gente sabe que ninguém vai bagunçar porque tem gente vendo. Por exemplo, se a gente faz um evento desses no Parque do Carmo (parque municipal próximo ao Shopping Aricanduva) vai ter roubo, e até morte, se “vacilar”. No shopping a gente tem mais segurança.

EXAME.com – Por que só agora esses eventos ganharam essa grande proporção?

Bruno Felice – O que acontece é que falta lugar na cidade pra fazer isso. Se você vai fazer uma festa, ninguém se contenta com pouco. Às vezes a gente quer fazer um evento bem grande, não só pra cem pessoas se divertirem, mas para mais de 10 mil em um lugar só.

EXAME.com – Você participou de algum dos dois maiores rolezinhos que foram feitos no Shopping Itaquera?

Bruno Felice – Fui nos dois. Achei uma grande porcaria essa questão da polícia. Muita gente chegou lá só para curtir e mais nada. Sempre tem alguém pra tumultuar, mas ao invés de a polícia tirar quem quer bagunçar, eles acabaram prejudicando todo mundo.

EXAME.com – Você chegou a ver de perto algum policial jogando bomba?

Bruno Felice – Sim. Inclusive jogaram do lado de um senhor de idade, que se machucou. Ele sentou no chão e começou a chorar. Geralmente quando se joga bomba, a maioria dos PMs ficam sérios, mas dessa vez eles davam até risada da cara do povo. Rolou uma falta de respeito com quem tava lá. Eles foram sem dó pra cima dos outros pra machucar.

Fonte: Exame

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)

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