Polícia paulista não reprimirá rolezinhos em shoppings
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
- Category : Clipping
O governo de São Paulo quer evitar que os chamados rolezinhos se transformem em grandes manifestações de protesto. Depois que, no último sábado, a polícia conteve o encontro de adolescentes da periferia no Shopping Itaquera com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha, convocações para novos eventos se proliferaram pelas redes sociais. O secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, deu nesta quarta-feira uma orientação à Polícia Militar: “rolezinho não é crime”.
Nos bastidores, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, tem dito que a questão dos shoppings é um “problema privado” e que a PM deve garantir a segurança pública. A ação policial e as decisões judiciais favoráveis aos shoppings para evitar novos encontros aumentaram a incidência da criação desses eventos em redes sociais nos últimos dias.
— Essa situação dos rolezinhos não é um caso de polícia. É um fenômeno cultural, não um ilícito penal. A polícia só deve intervir em caso de quebra da ordem — disse Grella, repetindo a posição de Alckmin. — A segurança dos shoppings é privada.
O secretário salientou que a evolução dos rolezinhos para protestos violentos, diante de uma forte repressão policial, é “uma preocupação de todos”. Segundo Grella, a secretaria não detectou, no entanto, nenhum caráter violento nas manifestações desses adolescentes ou algum contato com os grupos adeptos à estética da violência, como os Black Blocs:
— Nós acompanhamos os movimentos pelas redes sociais e, até agora, não há nada.
Já a presidente Dilma Rousseff pediu um diagnóstico sobre a onda de rolezinhos. Ela discutiu o assunto terça-feira, numa reunião no Palácio do Planalto com os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça), Gilberto Carvalho (Secretaria Geral), Marta Suplicy (Cultura) e Luiza Bairros (Igualdade Racial). A presidente pediu sugestões de iniciativas a serem adotadas pelo governo federal.
Com cerca de 21 “rolês” marcados até fevereiro pelo Facebook, reunindo mais de 14 mil pessoas, o presidente da Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce), Luiz Fernando Veira, disse nesta quarta-feira que alguns de seus associados na Região Metropolitana de São Paulo conseguiram retirar páginas com eventos marcados para seus estabelecimentos no Facebook. A Abrasce não soube informar se o pedido de exclusão aconteceu por via judicial ou se foi feito ao próprio Facebook. A rede social não confirma a informação.
— Escutei aqui duas ou três pessoas dizerem que entraram nas redes sociais e pediram a retirada (da página) porque ali naquelas programações de eventos do rolezinho havia atitudes absolutamente criminosas e ilegais — disse Veiga, citando que páginas tinham dizeres que incitavam o consumo de maconha: — Então, o shopping pegou essa página do Facebook, levou e pediu a retirada, pois eles queriam fazer no shopping numa baderna que não faz sentido.
Nos rolezinhos, jovens de 15 a 20 anos
A proliferação dos rolezinhos em São Paulo pôs em evidência jovens entre 15 e cerca de 20 anos que moram na periferia paulistana. Todos têm perfis no Facebook, mas quase nunca informam o que fazem, tampouco onde estudam. Costumam tratar esses detalhes com ironia. Dizem que trabalham na empresa VASP (Vagabundos Anônimos Sustentados pelos Pais). Ou que são sócios do Neymar. São fãs de funk ostentação, com letras que enaltecem o consumo de luxo. Tênis de grife, bonés e correntes ganham espaço de honra nos álbuns de fotos nas redes sociais.
Juan Carlos Silvestre, ou Dom Juan, é um dos mais famosos. Aos 16 anos, ele tem mais de 50 mil seguidores na rede social e viveu nesta quarta-feira um dia de celebridade: foi contatado por vários jornalistas e até produtores musicais, dispostos a lançar suas cinco músicas de funk. Famoso nas redes há um ano, como dançarino de funk, Juan não tem namorada, apesar de inúmeras meninas mandarem mensagens e se referirem a ele como “meu amor”.
Morador de Moema, na Zona Sul da capital paulista, filho de um casal dono de loja de material de construção, Juan usa os rolezinhos para divulgar seu trabalho. Quando convoca seus seguidores para um evento num shopping da periferia, centenas (a maioria meninas) o seguem. Juan já postou quase mil fotos no Face:
— Mas sou contra rolezinho que acaba em confusão, em arrastão, em roubo. O shopping é um dos poucos lugares que a gente tem para se divertir, não é? Tem que ser um local seguro.
Ao mesmo tempo, Juan Carlos é contra os seguranças barrarem jovens nas portas:
— O que tem que ter é segurança, quem vai lá para assaltar é minoria.
Os “fazedores de baderna” descontentam boa parte dos jovens. Nos arredores do Shopping Itaquera, palco da confusão do sábado passado, os amigos Caíque Azevedo e Luan Augusto, de 17 anos, e Reinaldo Rodrigues, de 16, discutiam ontem o novo fenômeno social de São Paulo.
— Uma coisa é vir para se divertir, ou manifestar que a situação no Brasil não é tão boa como muita gente diz que é. Outra coisa é vir para assaltar, para fazer arrastão. Quem faz isso não quer é trabalhar para poder comprar as coisas que quer — diz Caíque, que “rala fazendo um curso técnico” para poder trabalhar num escritório e “parar de pedir dinheiro para meus pais”.
Fonte: O Globo
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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