Troca nos ministérios e verba reduzem ‘blocão’

17Com o destravamento da reforma ministerial e promessas de liberação de emendas parlamentares, o Palácio do Planalto conseguiu reduzir significativamente o chamado “blocão”, grupo de partidos – a maioria da base aliada – criado em fevereiro a fim de aumentar o poder do Legislativo frente ao Executivo.

Das 11 legendas que compareceram ao jantar que selou o pacto entre os líderes de bancadas no dia 20 do mês passado, quatro já abandonaram o grupo: PSD, PP, PROS e PDT. Os próximos a fazê-lo serão o PR, o PT do B e o PRP. Com isso, o número de deputados do “blocão” cairá de 285 para 129.

Nesta semana, a tropa rebelde de governistas comandada pelo PMDB se uniu aos partidos de oposição – PSDB, DEM e PPS – e impôs uma série de derrotas ao governo na Câmara dos Deputados, com a criação de uma comissão externa para apurar denúncias de corrupção da Petrobrás e a aprovação de convocações e convites de ministros a fim de que eles deem explicações sobre os mais variados assuntos no Congresso Nacional.

Nesta sexta-feira (14), o presidente nacional do PR, senador Alfredo Nascimento (AM), foi mais um dirigente partidário a se posicionar pelo fim do bloco. As reuniões feitas com a cúpula do partido, a bancada na Câmara e o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, resultaram em um entendimento, segundo Nascimento.

CARTA DE CRÉDITO – “O PR sai do ‘blocão’. Existia de fato uma insatisfação muito grande principalmente na Câmara dos Deputados. Mas tivemos reuniões de um grupo de deputados mais o ministro Mercadante. Todas as arestas não foram aparadas, mas algumas foram e acho que já tem condições de manter um diálogo com o governo, o que estava muito ruim”, afirmou Nascimento. “Acho que o partido tem que dar ao Mercadante uma carta de crédito. Ele procurou se envolver pessoalmente”, disse o dirigente do PR.

Sua posição, contudo, ainda precisa ser acatada pelo líder da legenda na Câmara, Bernardo Santana (MG). “Com todo o respeito que eu tenho pelo senador Alfredo Nascimento, ele fala pelo Senado, onde é líder, e fala pelo partido, mas quem fala pelos deputados federais sou eu, que sou líder da bancada na Câmara”. No entanto, trata-se do mesmo movimento dos outros partidos que deixaram o bloco. Primeiro os dirigentes desautorizaram a presença deles no grupo, como Gilberto Kassab (PSD), Carlos Lupi (PDT) e Ciro Nogueira (PP). Dias depois, a orientação acabou sendo incorporada pela bancada.

TRÉGUA – Além da iminente saída do PR, outro fator que deve enfraquecer o bloco é a trégua sinalizada pelo Planalto e pelo líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ). Um encontro entre o deputado e Mercadante está previsto para segunda-feira. Foi graças ao corpo a corpo do ministro com os líderes da base nesta semana – no qual fez promessas de liberação de emendas por parte do governo – e à retomada da reforma ministerial que o governo deu os primeiros passos para enfraquecer o “blocão”.

No entanto, há ainda alguns pontos de desentendimento. Entre os itens da pauta nos quais a bancada do PMDB se posicionará contra o governo estão o texto que prevê a criação do Marco Civil da Internet e o veto da presidente Dilma Rousseff ao projeto que estabelece novos critérios para a criação de municípios.

DISTENSÃO – Cunha garante que se trata de assuntos em que a bancada já tinha tomado posições contrárias ao governo antes da criação do blocão. “Agora tem que distensionar o ambiente e caminhar para um ambiente normal, com as divergências colocadas de forma equilibrada. E essas divergências serão demonstradas no dia a dia no painel”, afirmou o deputado, segundo quem a atual tensão na coalizão presidencial poderá deixar cicatrizes para a campanha de outubro. ” Temo que toda essa situação de embate esteja produzindo os ‘anticabos’ eleitorais, que não jogam a favor, mas contra, numa campanha negativa”, disse o peemedebista.

TEATRO – O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República Gilberto Carvalho, disse nesta sexta-feira que a tensão entre Executivo e Legislativo deve diminuir. Carvalho é alvo do “blocão”. Ele foi convocado para prestar esclarecimentos sobre convênios de ONGs e a explicar o patrocínio do governo a um evento do MST que acabou em quebra-quebra em Brasília.

“Na vida política a gente vai aprendendo que é natural que ocorram tensões, momentos mais fortes, mais difíceis, a gente tem de ter maturidade e serenidade, como a presidenta teve, para suportar as interpretações, as ondas e contra ondas”, disse Carvalho.

“O resto tem um pouco de jogo de cena, um pouco do teatro político, que é natural”, afirmou. Ele participou do lançamento do edital do Programa de Fortalecimento e Ampliação das Redes de Agroecologia, Extrativismo e Produção Orgânica, no Palácio do Planalto.

Fonte: JC

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)

 

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