Desperdício é o problema da fome
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
- Category : Clipping
Frutas, verduras, hortaliças e grãos jogados no lixo. Os números são alarmantes: 1,3 bilhão de toneladas de alimentos desperdiçados no Mundo. É 1/3 de tudo o que é produzido no planeta indo para o lixo. Os dados são da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Se apenas ¼ desse volume fosse reaproveitado, não existiria 795 milhões de famintos, segundo dados do relatório anual sobre a fome. O Brasil figura na lista como um dos dez países que mais desperdiçam. E nada menos de 52 milhões de brasileiros passam fome. Não há número por Estado. Mas o desperdício é conhecido. Na Ceagepe, 2% das 75 mil toneladas comercializadas são jogadas fora.
“Todos nós, agricultores e pescadores, processadores de alimentos e supermercados, governos e consumidores individuais, temos de fazer mudanças ao longo de toda a cadeia alimentar para impedir que ocorra, desde já, o desperdício. E, não sendo isso possível, promover a reutilização ou a reciclagem”, afirmou o Diretor-Geral da FAO, José Graziano da Silva, durante a divulgação do relatório, na semana passada.
Os alimentos produzidos, mas não consumidos, utilizam um volume de água equivalente ao fluxo anual do rio Volga, na Rússia. Mais: são responsáveis pela emissão de 3.3 mil toneladas de gases de efeito estufa. Portanto, o desperdício de alimentos não é apenas um problema de fome, mas possui impacto ambiental, com consequências para o clima, uso da água e do solo, bem como a biodiversidade.
A FAO aponta que 54% do desperdício no mundo ocorrem na fase inicial da produção, manipulação pós-colheita e armazenagem. Já as etapas de processamento, distribuição e consumo totalizam 46% de desperdício. “Há uma grande perda na produção, Para cada quilograma produzido, 350 gramas são jogados fora”, detalha o coordenador do programa Sopa Amiga da Ceagepe, Domingos Sávio. Na maior central de distribuição de alimentos do Estado, o desperdício chega a 2%. O percentual não esconde o grande índice de alimentos mal aproveitados. “Pode ser pouco se comparar com10 ou 100 quilos. Mas se levarmos em consideração as 75 mil toneladas que comercializamos mensalmente, teremos aproximadamente 1,5 mil toneladas”.
Lixo de casa – O lixo domiciliar também tem responsabilidade no cenário: 60% dos resíduos residenciais são compostos por comida. O pão dormido, as frutas e verduras manchadas, o queijo um pouco amarelado. Compra-se sem planejamento de uso. Muitas vezes, motivados apenas pelo preço. Além disso, o consumidor não dispõe de informações sobre o armazenamento. Como consequência, produtos em perfeito estado para consumo são estragados. “Ainda há preconceito e desconhecimento a respeito do valor nutricional e da forma como utilizar as partes dos alimentos que normalmente são desprezadas no lixo. Diversos alimentos podem ser aproveitados integralmente, como cascas e folhas”, concluiu a nutricionista coordenadora do Banco de Alimentos do Sesc-PE, Ely Chaves Lúcio.
Reaproveitar, a solução
Cascas, entrecascas, folhas e até sementes. Em Pernambuco, duas iniciativas demonstram que criatividade e organização podem obter resultados significativos para reduzir os índices do desperdício: Sopa Amiga (da Ceagepe) e Banco de Alimentos (do Sesc). O que seria jogado no lixo, vai para a panela e, em seguida, à mesa de quem precisa.
“Homens, mulheres e crianças precisam de alimentos nutritivos todos os dias para ter a chance de um futuro livre e próspero. Um corpo e uma mente saudáveis são essenciais para o crescimento individual e econômico. E esse crescimento deve ser inclusivo para que possamos converter a fome em algo do passado”, afirma a Diretora Executiva do Programa Mundial de Alimentos, Ertharin Cousin. Os desafios são vários, mas os resultados são possíveis.
O Programa Sopa Amiga atende cerca de 5mil pessoas por dia. Toda segunda-feira são coletados os materiais disponíveis para o preparo. São hortículas com o tempo de vida mais avançado, que seriam estragados se enviados para supermercados e, posteriormente, consumidores. Todo o material é levado para a fábrica de sopa, onde passam pelos procedimentos de limpeza, corte, armazenamento e preparação dos mil quilos diários. “Para cada quilo de sopa, atendemos cinco pessoas, número base do IBGE para uma família. Cada 100 gramas de sopa equivalem a 200 calorias. Como também entregamos um pão, quase alcançamos o que o Ministério da Saúde pede de uma dieta alimentar diária, 530 calorias”, explicou o coordenador do programa, Domingos Sávio.
O Banco de Alimentos Sesc Pernambuco/Mesa Brasil, até abril deste ano coletou 572 toneladas de alimentos. No ano passado, conseguiu 2.054 toneladas de alimentos e produtos não alimentícios. “Trata-se de um programa de segurança alimentar e nutricional, baseado em ações educativas e de distribuição de alimentos excedentes ou fora dos padrões de comercialização”, explicou a gerente do programa, Isolda Braga.
Os alimentos são doados por empresas, indústrias, supermercados, entre outros. Todo o material é levado para uma central de estocagem e distribuição. De onde são encaminhadas para as instituições assistenciais cadastradas pelo programa, que incluem creches, abrigos, centros de reabilitação, escolas e hospitais. No Estado, o programa conta com360 empresas doadoras e 330 instituições cadastradas, que totalizam cerca de 110 mil pessoas assistidas.
Consumidores – Os consumidores também devem cumprir o papel de atenção ao desperdício, como explica a nutricionista Ely Chaves Lúcio. “Ao comprar alimentos, devemos preferir os da época. Além de serem mais baratos costumam ter maior qualidade nutricional. Para conservarmos esses alimentos, devemos armazená-los em locais limpos e sob temperatura adequada. No momento de prepará-los, devemos higienizá-los e retirar o mínimo de casca possível (e apenas quando necessário) e preparar apenas a quantidade necessária, evitando assim o desperdício de alimentos”.
Fonte: Folha-PE
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)





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