Mais um caso que demonstra a situação alarmante dos presídios de Pernambuco aconteceu na madrugada desta sexta (1º). Um dos detentos da Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá, foi assassinado por outro interno do local por meio de disparos de arma de fogo. A morte de Thiago Alves de Melo, de 30 anos, foi confirmada pela Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres).

Além de apreender o revólver, de calibre 38, a Seres informou, por meio de nota, que já identificou Adenílson Bezerra da Silva como sendo o detento responsável por alvejar Thiago. Ainda de acordo com o órgão, foram acionadas a Superintendência de Segurança Prisional da Seres, para adotar as medidas cabíveis, e a Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) para apurar as causas do fato. Também foram chamados o Instituto de Criminalística (IC) e o Instituto de Medicina Legal (IML).

De acordo com a mãe de Tiago, Edna Alves, o assassinato aconteceu no dia em que ele seria transferido para a Penitenciária Agro-Industrial São João (PAISJ), também em Itamaracá, para o regime semiaberto. Segundo ela, o filho estava há cerca de seis meses na penitenciária e tinha inimigos na unidade. Realizando trabalhos religiosos nos presídios de Pernambuco através da Pastoral Evangélica desde 2009, ela conhece a realidade prisional e indica a superlotação como uma das causas da insegurança nos locais. “São poucos funcionários para muitos presos, então as facilidades são muitas. Precisa de um reforço na segurança”, reclama a mãe.

Essa também é uma questão defendida pelo promotor Marcellus Ugiette, da Vara de Execuções Penais do Estado. Citando a realocação de agentes de outras unidades para o presídio de Tacaimbó, no Agreste pernambucano, prestes a ser inaugurado, ele aponta a escassez de profissionais no sistema carcerário de Pernambuco. “O presídio vai ser inaugurado ainda nesse mês. Ao todo, serão 20 agentes que sairão de outros presídios para lá. Fazendo isso, estão descobrindo outras unidades que já têm um contingente reduzido”, reclama.

Segundo Ugiette, a quantidade reduzida de agentes penitenciários no sistema carcerário de Pernambuco será um dos temas a serem discutidos no encontro que acontece nesta sexta (1º), do Comitê do Sistema Prisional. A reunião terá a presença da sociedade civil e de representantes de órgãos do Governo para discutir melhorias no segmento. Serão abordadas questões sobre segurança, saúde, jurídico penal e ressocialização das unidades carcerárias.

“Eu acredito que é preciso pensar em questões que podem ter a resolução mais rápida, como é o caso do encarceramento feminino. Como universo das mulheres nos presídios é menor, penso que o estado pode dedicar menos esforço de pessoal, de dinheiro, e tratar a mulher encarcerada como ela deve ser tratada”, defende o promotor.

Crise
Além desse assassinato, o sistema prisional de Pernambuco tem enfrentado uma séria crise que envolve fugas de detentos e apreensão de materiais ilícitos. No dia 23 de janeiro deste ano, oPresídio Frei Damião de Bozzano registrou uma fuga em massa de 40 presos após a explosão do muro com dinamite. Três dias antes, o Presídio Professor Barreto Campelo, em Itamaracá, no Grande Recife, registrou outra fuga em massa. Na ocasião, 53 detentos escaparam.

Já no dia 8 de março, dois detentos foram baleados no Presídio Agente Penitenciário Marcelo Francisco de Araújo, que integra o Complexo Prisional do Curado. Wagner Cruz de Brito e Joab Marques de Pontes foram atingidos por tiros efetuados por policiais da Guarda Externa da unidade. No momento do tumulto, estava faltando energia no local por causa de uma pane.

Superlotado, o Complexo Prisional do Curado é alvo de dossiê elaborado pelo Ministério Público de Pernambuco, que aponta a desativação das unidades como solução para os problemas do sistema penitenciário.

Fonte: G1

 Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)