Silencioso, diabetes mata mais que câncer e Aids juntos

O diabetes é uma das doenças que mais têm aumentado sua incidência em todo o mundo. Fatores como o estresse e a obesidade têm sido determinantes para o expressivo crescimento no número de pacientes diabéticos, que segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), quadriplicou nas últimas três décadas, passando de 108 milhões em 1980 para 422 milhões em 2014. No Brasil, a doença também se espalha, com mais de 16 milhões de brasileiros adultos (8,1%) sofrendo do problema, que mata 72 mil pessoas por ano no País.

Campanhas como a do Dia Mundial da Diabetes, lembrado a cada 14 de novembro, vêm para tentar chamar atenção para a doença.  Mas, além da iniciativa anual, segundo afirmou o endocrinologista Freddy Goldberg Eliaschewitz, do CPCLIN (Centro de Pesquisas Clínicas), em São Paulo, é importante a consciência diária em relação aos perigos da obesidade e da falta de cuidados em relação à doença.

— Estamos enfrentando agora uma verdadeira epidemia de diabetes que vem a reboque da epidemia de obesidade e origina outras epidemias como a de doença renal, de cegueira e de doenças vasculares e do coração, é uma epidemia silenciosa. Mata mais gente do que câncer e Aids juntos e se faz muito menos barulho a respeito disso, então está na hora de começar a dizer que diabetes é tão perigoso quanto e se prestar atenção.

O diagnóstico é fundamental para explicitar algo que costuma evoluir silenciosamente. A SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes) tem estatísticas mostrando que, no Brasil, 46,3% das pessoas que apresentam a doença não sabem que são portadoras. Alguns sintomas, em geral, são um sinal de alerta para a doença, conforme afirma o endocrinologista do Hospital Albert Einstein, Paulo Rosenbaum.

— O diabetes é uma das principais causas de doenças cardiovasculares e os sintomas às vezes não são percebidos. A pessoa deve ficar atenta a fatores como histórico famíliar, obesidade ou hipertensão. São fatores de risco. Nestes casos recomenda-se a realização, pelo menos uma vez por ano, de teste de glicemia e de hemoglobina glicada, como prevenção para se chegar a um diagnóstico. Outros sintomas, como emagrecimento e interrupção excessiva do sono para urinar, também devem servir como um alerta para que se procure um médico.

Diagnóstico do diabetes

A partir do momento em que há o diagnóstico, efeitos colaterais do tratamento, como sudorese, taquicardia, tontura e tremores, também podem surgir e precisam ser entendidos no contexto da doença.

Uma das consequências que os pacientes com diabetes mais podem ter é a hipoglicemia, quando os níveis de glicose (açúcar) no sangue ficam abaixo de 70mg/dL. Isso costuma ocorrer justamente por eles terem de receber quantidades de insulina, hormônio que leva o açúcar para as células, regulando a quantidade no sangue, que, no paciente diabético, é alta.

O diabetes, em sua essência, é um retrato, potencializado pela deficiência de produção de insulina, da permanente busca do equilíbrio necessário a qualquer ser humano. Alimentação, prática de exercícios, qualidade de vida são elementos essenciais a qualquer um. Em um paciente diabético, ainda mais.

Quando a taxa de glicose no sangue fica acima de 126 mg/dL no jejum, por duas ocasiões seguidas, o diagnóstico tende a ser de diabetes. Eliaschewitz esclarece, porém, que mais importante do que o momento, é a média da quantidade de açúcar em longo prazo.

— O que leva a complicação [de diabetes] não é o açúcar [em quantidade alta] que alguém tem, por exemplo, em uma segunda de manhã. O nível de açúcar é um flash, uma foto, o que leva a complicação é como a glicose se comporta ao longo do tempo, qual a média da glicose que se mantém.

Eliaschewitz acompanhou o início da implantação de um teste, nos anos 80, ainda desconhecido no Brasil, inclusive pelas autoridades sanitárias:

— Temos o exame de hemoglobina glicada, que dá a média do açúcar no sangue nos últimos 120 dias.

Hipoglicemia noturna 

A doença foi descoberta já nos tempos do Egito antigo (1.500 a.c) e ganhou o nome na era grega. Diabetes significa sifão, por onde passam líquidos, em alusão à permanente necessidade de urinar dos pacientes com tal doença.

O termo mellitus passou a ser utilizado a partir do século 18, por intermédio do médico britânico William Cullen. Em latim, significa mel, já que a urina daqueles com diabetes contém açúcar.

Com a descoberta da insulina, chegou-se finalmente ao diagnóstico da diabetes mellitus tipo 1 (quando o pâncreas não produz insulina geralmente desde a infância), que até então não tinha tratamento. Em geral, a utilização de insulina ocorre em pacientes com diabetes tipo 1.

A do tipo 2 (adquirida gradativamente e que atinge cerca de 90% dos pacientes) até tinha melhoras com o emagrecimento do paciente, segundo conta Eliaschewitz.

Porém, a hipoglicemia causada pela insulina injetada em pacientes com diabetes ainda traz alguns riscos, principalmente durante a noite, diz o especialista.

— A hipoglicemia noturna é um evento relativamente frequente e o paciente geralmente não percebe [por estar dormindo]. Quando isso ocorre, além de parar de produzir insulina [os que ainda têm essa atividade] o corpo se defende também produzindo um hormônio que aumenta o açúcar [glucagon].

Nesse período noturno, se a glicemia continuar a baixar, o organismo utiliza um segundo recurso, sob comando do sistema nervoso central, para aumentar a taxa de açucar, conforme conta o médico.

Respostas à adrenalina

Nesta segunda linha de defesa três hormônios são produzidos: noradrenalina, o hormônio de crescimento e a cortisona. A (nora) adrenalina, como se sabe, causa tremor, é o mesmo que é produzido quando se toma um susto. Se olharmos para o rosto de um paciente diabético com hipoglicemia, parece uma pessoa que levou um susto, ela fica pálida, tudo isso porque liberou adrenalina.

Em princípio, ressalta o médico, qualquer pessoa com hipoglicemia, diurna ou noturna, deveria perceber a ocorrência pelo efeito da adrenalina. Mas o sono se torna um atenuador da resposta e pode ser perigoso, já que uma disritmia cardíaca pode surgir sem que o indivíduo se dê conta.

— Dormindo a resposta é pequena, a adrenalina faz o açúcar subir ao normal e a pessoa nem percebe. O sono é um grande atenuador de resposta à hipoglicemia, por isso a hipoglicemia noturna é perigosa. O perigo noturno é ameaçador, quando ocorre pode atingir certa gravidade.

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A situação  pode causar a morte do paciente, mas, segundo o médico, trata-se de uma ocorrência mais remota, principalmente por causa do avanço dos tipos de insulina, feitos com a mesma capacidade de elevar o nível de açúcar no sangue, mas sem causar baixas consideráveis.

— A morte súbita na cama, por hipoglicemia, é um evento extremo e é relativamente raro, mas a hipoglicemia noturna é um evento mais frequente. Em média há dois episódios por noite, se colocarmos um sensor perceberemos que 40% das pessoas com diabetes tipo 1 têm hipoglicemia noturna.

Fonte:R7.com

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)

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