A História do Carnaval no Mundo – Por Gonzaga Patriota

Em agradecimento aos deuses pelas chuvas e fertilidade do solo que lhes davam os produtos alimentícios oriundos da terra, os gregos realizavam seus cultos que originaram o carnaval, 600 anos a.C. Essa comemoração somente passou a ser adotada pela Igreja Católica em 590 depois de Cristo. Durante o período do carnaval havia uma grande concentração de festejos populares. Cada cidade brincava a seu modo, de acordo com seus costumes. Essa festa carnavalesca a partir da implantação, no século XI, da Semana Santa pela Igreja Católica, antecedida por quarenta dias de jejum, a Quaresma. Esse longo período de privações acabaria por incentivar a reunião de diversas festividades nos dias que antecediam a Quarta-feira de Cinzas, o primeiro dia da Quaresma. A palavra “carnaval” está, desse modo, relacionada com a ideia de deleite dos prazeres da carne, marcado pela expressão “carnis valles”, que, acabou por formar a palavra “carnaval”, sendo que “carnis” em latim significa carne e “valles” significa prazeres.

O carnaval moderno, feito de desfiles e fantasias, é produto da sociedade vitoriana do século XIX. A cidade de Paris foi o principal modelo exportador da festa carnavalesca para o mundo, inspirando essa cultura para cidades como Nice, Nova Orlean, Toronto e a nossa Capital do samba, o Rio de Janeiro, que criou e exportou o estilo de fazer carnaval com desfiles de escolas de samba para outras importantes cidades do mundo, como Tóquio e Helsinque, capital da Filândia, além da nossa São Paulo, hoje sua concorrente nos grandes desfiles. Em geral, o carnaval tem a duração de três dias, os dias que antecedem a Quarta–feira de Cinzas. Em contraste com a Quaresma, tempo de penitência e privação. Estes dias são chamados “gordos”, em especial a terça-feira (terça-feira gorda). O carnaval da Antiguidade era marcado por grandes festas, onde se comia, bebia e participava de alegres celebrações e busca incessanta dos prazeres. O Carnaval prolongava-se por sete dias, de 17 a 23 de dezembro, nas ruas, praças e casas da Antiga Roma.

O entrudo está na origem do português, onde, no passado, as pessoas jogavam umas nas outras, água, ovos e farinha. O entrudo acontecia num período anterior à quaresma e, portanto, tinha um significado ligado à liberdade. Este sentido permanece até os dias de hoje no Carnaval. O entrudo chegou ao Brasil por volta do século XVII e foi influenciado pelas festas carnavalescas que aconteciam na Europa. Em países como Itália e França, o carnaval ocorria em formas de desfiles urbanos, onde os carnavalescos usavam máscaras e fantasias. Personagens como a colombina, o pierrô e o Rei Momo também foram incorporados ao carnaval brasileiro, embora sejam de origem européia.

No Brasil, o primeiro carnaval surgiu em 1641, promovido pelo governador Salvador Correia de Sá e Benevides, em homenagem ao rei Dom João IV, restaurador do trono de Portugal, mas, somente no final do século XIX é que começam a aparecer os primeiros blocos carnavalescos, cordões e os famosos “corsos”. Estes últimos tornaram-se mais populares no começo do século XX. As pessoas se fantasiavam, decoravam seus carros e, em grupos, desfilavam pelas ruas das cidades. Está ai a origem dos carros alegóricos, típicos das escolas de samba atuais. No século XX, o carnaval foi crescendo e tornando-se cada vez mais uma festa popular. Esse crescimento ocorreu com a ajuda das marchinhas carnavalescas. As músicas deixavam o carnaval cada vez mais animado. A primeira escola de samba surgiu no Rio de Janeiro e chamava-se Deixa Falar, criada pelo sambista carioca Ismael Silva. Deixa Falar transformou-se depois na escola de samba Estácio de Sá. A partir dai o carnaval de rua começa a ganhar um novo formato, com o surgimento de novas escolas de samba no Rio de Janeiro e em São Paulo. Organizadas em Ligas de Escolas de Samba, começam os primeiros campeonatos para verificar qual escola de samba era mais bonita e animada. O carnaval do Rio de Janeiro está no Guinness Book como o melhor carnaval do mundo e Galo das Madrugada, do Recife, o maior bloco de carnaval do mundo, também no Guinness.

O carnaval de rua manteve suas tradições originais na região Nordeste do Brasil. Em cidades como Recife e Olinda, as pessoas saem às ruas durante o carnaval no ritmo do frevo e do maracatu. Os desfiles de bonecos gigantes, em Olinda e Recife, são uma das principais atrações dessas cidades durante o carnaval. Já em Salvador, também no Nordeste, existem os trios elétricos, embalados por músicas dançantes de cantores e grupos típicos da região. Na cidade destacam-se também os blocos negros como o Olodum e o Ileyaê, além dos blocos de rua e do Afoxé Filhos de Gandhi. Em que pese não ser mais uma festa popular como era no século XIX, que envolvia mais da metade da população do país na folia, hoje envolvendo menos de 10% dos brasileiros, o carnaval no Brasil ainda é considerado um dos melhores do mundo, seja pelos turistas estrangeiros, como por boa parte dos brasileiros, principalmente o público jovem que não alcançou a glória do carnaval verdadeiramente popular.

O carnaval de hoje é de desfile, carnaval assistido, paga-se para ver. O carnaval, digamos, do início do século XX era compartilhado, dançado, pulado, gritado, catucado, quando se usava fantasias e máscaras, em todo o Brasil, isso ficou nos anos setenta. Agora não tem mais nada disso. O confete e a serpentina jogados pelos ocupantes dos carros alegóricos. O lança-perfume também era usado em profusão, enquanto a confraternização com os pedestres se ampliava não só através dos jatos de lança-perfume — o que abria caminho para conhecimentos mais íntimos, beijocas, namoricos e mais coisas, etc.

Com a oficialização dos desfiles carnavalescos, a partir de 1935, as escolas de samba do Rio de janeiro passam a receber subsídios da prefeitura da capital carioca, transformando-se, a partir de 1952, em sociedades civis, com regulamento e diretoria. Até 1935, quando foi organizado o primeiro desfile, as escolas de samba do Rio de Janeiro se limitavam a percorrer livremente as ruas da Capital. Esse modelo se estendeu a quase todas as capitais brasileiras, excetuando-se duas: Salvador na Bahia, que contagia outros estados e cidades, com seus belíssimos trios elétricos equipados com poderosos alto-falantes que reproduzem continuamente as composições carnavalescas gravadas e o conjunto Recife-Olinda, em Pernambuco. O carnaval nessas duas cidades pernambucanas é um dos mais animados do país, e essa característica cresceu paralelamente à extinção do carnaval de rua na maior parte das cidades brasileiras, por causa dos desfiles das escolas de samba. As principais atrações do carnaval pernambucano — cujos bailes também são os mais animados — são, na rua, o frevo, o maracatu, as agremiações de caboclinhos, a imensa participação popular nos blocos (reminiscências modernizadas dos antigos “cordões”) e os clubes de frevo. Em Recife e Olinda os foliões cantam e dançam, às vezes mesmo sem uniformes ou fantasias, ao som das orquestras e bandas que fazem a festa. Os conjuntos de frevo mais animados são os: Vassourinhas, Toureiros, Lenhadores dentre outros, sem contar com o Galo da Madrugada, o maior bloco carnavalesco do mundo.

Muitas outras cidades pernambucanas promovem os seus carnavais á sua moda. Bezerros, com os tradicionais papangús. Sertânia e Afogados da Ingazeira, blocos de ruas à moda antiga. Triunfo com os caretas. Salgueiro o melhor carnaval do sertão, também à moda antiga, com carros alegóricos, blocos fantasiados e a bicharada do Mestre Jaime, com seus quase 100 anos, ainda desfilando pelas principais ruas da Encruzilhada do Progresso. Belém do São Francisco, cidade que inventou os bonecos gigantes, copiados depois por Olinda e Recife, dentre muitas outras.

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Gonzaga Patriota é Contador, Advogado, Administrador de Empresas e jornalista. Pós-graduado em Ciência Política e Mestre em Ciência Política e Políticas Públicas e Governo e Doutorando em Direito Civil, pela Universidade Federal de Buenos Aires – Argentina. É Deputado desde 1982.

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