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Cunha recebeu R$ 5 milhões em propina depois que foi preso, diz delator
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
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O empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, afirmou em depoimento de delação premiada que pagou R$ 5 milhões em propina ao deputado cassado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) depois que ele foi preso. Ele afirmou ainda que, além da propina a Cunha, pagava mesada de R$ 400 mil ao doleiro Lúcio Funaro, apontado como operador fincanceiro do deputado cassado.
No depoimento, o delator afirmou que um dos objetivos da conversa que teve com presidente Michel Temer no Palácio do Jaburu, era avisá-lo que pagou o valor a Cunha e que mantinha o pagamento da mesada a Funaro. Joesley Batista entregou o áudio da conversa, mantida em março com Temer, à Procuradoria Geral da República como parte de seu acordo de delação. Em depoimento aos procuradores, gravado em vídeo e tornado público nesta sexta-feira (19) pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Batista explicou em que contexto se deu a gravação e a que ele e Temer se referiam na conversa.
Batista contou que procurou Temer porque precisava tratar sobre a situação do deputado cassado Eduardo Cunha e de Lúcio Funaro.
Segundo informou ao Ministério Público Federal, o delator disse que foi ao Jaburu para relatar que mantinha os pagamentos e para saber como deveria proceder. Ele contou que “entendeu” pela conversa com Temer que deveria manter os pagamentos.
“Eu fui lá dizer que: ‘Olha, o Eduardo está preso, o Lúcio está preso e eu estou, a gente paga lá uma mensalidade pro Lúcio, até hoje, e…'”, disse.
Indagado pela MPF se também pagava algum valor a Cunha, Joesley Batista respondeu: “Pro Lúcio, é uma mensalidade. Pro Eduardo, foi um montante. Depois que ele foi preso, a gente pagou cinco milhões de um saldo de dívidas que tinha, que ele tinha crédito, supostos créditos ilícitos lá de propina, que tinha ficado num saldo anterior…”.
O empresário afirmou que esse crédito estava relacionado a um valor maior, de R$ 20 milhões, referente à renovação do incentivo da desoneração tributária do setor de frangos que Cunha teria apoiado na Câmara.
“Na época, o Eduardo Cunha tramitou essa prorrogação e pediu lá vinte milhões para que isso acontecesse. Enfim, na realidade eu achava que eram 15 e ele disse que eram 20, então por isso, ficou esse saldo de mais cinco”, afirmou Batista.
O delator relatou que procurou Temer para dizer que havia quitado a propina devida a Cunha e que seguia com o pagamento mensal de R$ 400 mil a Funaro.
“Eu fui lá falar com o presidente exatamente isso, que tinha acabado o saldo do Eduardo, que eu tinha pago tudo, que estava tudo em dia, mas que tinha acabado. Por outro lado, que eu seguia pagando ao Lúcio, R$ 400 mil por mês, e eu queria informar isso a ele e saber a opinião dele. E foi onde, de pronto, ele me disse que era importante continuar isso”, disse.
Batista disse ao MPF que ouviu do presidente, “claramente”, que era “importante manter isso” (leia o diálogo gravado por Joesley ao final desta reportagem).
Ele explicou ainda que os valores pagos eram para “garantir o silêncio” deles. “[Era] Para garantir o silêncio deles, para manter eles calmos. Para manter o Lúcio calmo lá na penitenciária, e o Eduardo também, né? […] Eu não sei como fica calmo na cadeia, mas era para ficar no silencio, e não se revelarem, né? Enfim…”, afirmou.
Questionado pelo Ministério Público se havia algum receio de que Cunha fizesse uma delação premiada, Batista disse que sempre recebeu “sinais claros de que era importante mantê-los financeiramente a família, tal, resolvidos”.
De acordo com ele, os sinais eram transmitidos pelo então ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), um dos principais aliados de Temer. Por conta da saída de Geddel do governo, Batista contou que foi, então, procurar Temer.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou, em pedido de investigação ao Supremo Tribunal Federal (STF), que houve “anuência” de Temer ao pagamento de propina para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por parte de Joesley Batista.
O G1 não havia conseguido contato com a defesa de Cunha até a última atualização desta reportagem.
Gravação
No áudio entregue para o Ministério Público, Joesley Batista aparece afirmando a Temer que “zerou tudo” com Cunha e que tirou a “pendência” da fila. Logo depois, diz que está “de bem” com o deputado cassado.
É nesse momento que Temer afirma “tem que manter isso”. A sequência da fala de Temer é inaudível. Mas, ao responder, Joesley Batista diz ao presidente: “Todo mês. Também. Eu estou segurando as pontas, estou indo”.
Em pronunciamento nesta quinta, Michel Temer afirmou que não teme delação e que não renunciará.
“No Supremo, mostrarei que não tenho nenhum envolvimento com esses fatos. Não renunciarei. Repito: não renunciarei. Sei o que fiz e sei a correção dos meus atos. Exijo investigação plena e muito rápida para os esclarecimentos ao povo brasileiro. Essa situação de dubiedade e de dúvida não pode persistir por muito tempo”, declarou.
“Houve, realmente, o relato de um empresário que, por ter relações com um ex-deputado, auxiliava a família do ex-parlamentar. Não solicitei que isso acontecesse. E somente tive conhecimento desse fato nessa conversa pedida pelo empresário”, disse.
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