Forças Armadas estudam envio de militares para auxiliar ONU em missões de paz

Almirante Ademir Sobrinho, chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças ArmadasCom o fim da participação brasileira na Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah), que será encerrada no dia 15, o Estado-Maior das Forças Armadas e o Ministério das Relações Exteriores estudam a possibilidade de o Brasil enviar militares brasileiros para outras missões de paz da ONU.

Nos últimos meses, militares e diplomatas avaliaram dez operações da ONU para definir onde a presença militar brasileira seria mais proveitosa – tanto para a população local quanto para a tropa e para o Brasil. Foram analisados aspectos como nível de hostilidade, intensidade das operações, influência ambiental, projeção do país no exterior, custos do apoio logístico, infraestrutura local, além da interação nacional com os países que já atuam nestas missões e fatores geopolíticos.

Do trabalho resultaram duas listas, que, segundo o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, almirante Ademir Sobrinho, coincidem ao priorizar o envio do efetivo brasileiro para a República Centro-Africana. Isso caso o Brasil decida participar de uma nova missão após os 13 anos à frente da operação haitiana. A decisão final caberá ao presidente Michel Temer e ao Congresso Nacional.

África

“Estamos prontos para fazer uma apresentação [dos estudos] para o presidente. Se ele nos der sinal verde para continuarmos analisando o assunto, iremos conversar com o Congresso Nacional, a quem compete autorizar o envio de tropas e aprovar a destinação dos recursos financeiros necessários. Como de costume, a ONU só formalizará qualquer convite após estar tudo encaminhado e aprovado”, explicou o almirante, revelando que o governo tem até o fim de outubro para responder às consultas informais feitas pela ONU. “A organização só formaliza seus pedidos após os países responderem informalmente se têm ou não condições de atendê-la”.

A maioria das missões de paz analisadas pelas Forças Armadas e pelo Itamaraty ocorre em território africano: Mali, Sudão, Sudão do Sul, República Democrática do Congo, Saara Ocidental (que é um território não-autônomo no noroeste africano) e República Centro-Africana. Outras três missões ocorrem no Oriente Médio, no Chipre, Líbano e Síria.

De acordo com o chefe do Estado-Maior, a lista inicial de opções das Forças Armadas era encabeçada por Chipre e Líbano, mas como a ONU não necessita de reforços militares nesses locais, destacou-se a República Centro-Africana, para onde uma equipe deve viajar em breve, “para fazer estudos mais aprofundados e conversar com as autoridades locais”. Procurado, o Itamaraty não se pronunciou sobre o assunto até a publicação desta reportagem.

Encravado no centro do continente africano, o país de cerca de 5 milhões de habitantes desde 2012 sofre os efeitos da guerra civil resultante dos confrontos entre a coalizão rebelde Seleka, de maioria mulçumana, e milícias Anti-Balaka, de maioria cristã. Segundo a ONU, o conflito entre os dois grupos já provocou o deslocamento de mais de 22 mil civis. Mais de 2 milhões de pessoas dependem da assistência humanitária.

“Houve uma coincidência muito grande entre nossa análise e a do Itamaraty. Em termos de prioridades, a República Centro-Africana ocupou a terceira posição em ambos os estudos. A África, sem dúvida nenhuma, é uma área de interesse do Brasil”, explicou o almirante

Destacando que a decisão final pela participação ou não do Brasil em qualquer missão é política e que dificuldades orçamentárias podem inviabilizar o envio das tropas brasileiras, o almirante informou que a presença nacional em regiões de conflito ou crise humanitária contribuem também para a maior projeção do Brasil no cenário internacional.

“O Brasil precisa de uma maior inserção no mundo. A participação nas missões de paz contribuem para isso. Sem dúvida, a situação financeira é um limitador para enviarmos tropas para outros países, mas a decisão final é política e deve levar em conta o quanto o Brasil quer ter uma maior inserção mundial”, declarou o almirante.

Haiti

O primeiro dos quatro voos programados para trazer de volta ao Brasil parte dos militares que permanecem no Haiti protegendo as instalações e equipamentos brasileiros deve chegar ainda hoje (23) a Guarulhos, em São Paulo.

Ao todo, retornarão cinco escalões, cada um trazendo aproximadamente 200 militares da Marinhal, do Exército e da Força Aérea Brasileira. O retorno da tropa marca o encerramento da participação brasileira no país caribenho, após 13 anos.

A viagem de volta foi adiada depois que o Secretariado das Nações Unidas autorizou a extensão excepcional das operações humanitárias das tropas brasileiras na Missão das Nações Unidas para Estabilização no Haiti (Minustah), em razão das ameaças das passagens dos furacões Irma e Maria pelo Caribe.

Os dois furacões de categoria cinco atingiram a região em menos de duas semanas. Só o Mariamatou pelo menos 30 pessoas na ilha de Dominica e pelo menos outras 11 nas ilhas de Saint Martin e Saint Barth, nas Antilhas Francesas.

“Estávamos monitorando o comportamento do Furacão Maria, que acabou desviando e, possivelmente, causará um impacto menor no Haiti. O primeiro voo trazendo os militares brasileiros parte hoje do Haiti e chega em Guarulhos esta madrugada. Os próximos chegam entre os dias 24 e 27 de setembro. Esperamos embarcar todo o material em navios no início de outubro e tão logo isso ocorra traremos de volta os 150 últimos homens”, afirmou o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas.

Desde junho de 2004, quando foi escolhido para comandar o braço militar da missão de estabilização formada por tropas de 16 países, o Brasil enviou ao Haiti cerca de 37,5 mil militares. O maior contingente é o do Exército, que mobilizou 30.359 homens e mulheres. A Marinha enviou 6.299 militares e a Aeronáutica, 350. Vinte e cinco militares brasileiros morreram durante o período, incluindo dois generais.

Além de prestar ajuda humanitária ao povo haitiano, o governo brasileiro enxergou a oportunidade de projetar a imagem do Brasil internacionalmente, o que coincidiu com o projeto estratégico de tentar consolidar a liderança regional brasileira. Ao longo dos anos e  principalmente no início da missão, não faltaram críticas à iniciativa, entre elas as de entidades que classificavam a presença militar estrangeira como uma ação intervencionista, que desmobilizava a capacidade do Haiti de encontrar soluções democráticas para seus próprios problemas políticos.

Fonte: AB

Nenhum comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Clipping
GONZAGA PATRIOTA PARTICIPA DO DESFILE DA INDEPENDÊNCIA NO PALANQUE DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA E É ABRAÇADO POR LULA E POR GERALDO ALCKMIN.

Gonzaga Patriota, acompanhado da esposa, Rocksana Príncipe e da netinha Selena, estiveram, na manhã desta quinta-feira, 07 (Sete de Setembro), no Palanque da Presidência da República, onde foram abraçados por Lula, sua esposa Janja e por todos os Ministros de Estado, que estavam presentes, nos Desfiles da Independência da República. Gonzaga Patriota que já participou de muitos outros desfiles, na Esplanada dos Ministérios, disse ter sido o deste ano, o maior e o mais organizado de todos. “Há quatro décadas, como Patriota até no nome, participo anualmente dos desfiles de Sete de Setembro, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Este ano, o governo preparou espaços com cadeiras e coberturas, para 30.000 pessoas, só que o número de Patriotas Brasileiros Independentes, dobrou na Esplanada. Eu, Lula e os presentes, ficamos muito felizes com isto”, disse Gonzaga Patriota.

Clipping
Gonzaga Patriota participa de evento em prol do desenvolvimento do Nordeste

Hoje, participei de uma reunião no Palácio do Planalto, no evento “Desenvolvimento Econômico – Perspectivas e Desafios da Região Nordeste”, promovido em parceria com o Consórcio Nordeste. Na pauta do encontro, está o plano estratégico de desenvolvimento sustentável da região, e os desafios para a elaboração de políticas públicas, que possam solucionar problemas estruturais nesses estados. O evento contou com a presença do Vice-presidente Geraldo Alckmin, que também ocupa o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o ex governador de Pernambuco, agora Presidente do Banco do Nordeste, Paulo Câmara, o ex Deputado Federal, e atualmente Superintendente da SUDENE, Danilo Cabral, da Governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, entre outras diversas autoridades de todo Nordeste que também ajudam a fomentar o progresso da região.

Clipping
GONZAGA PATRIOTA comemora o retorno da FUNASA

Gonzaga Patriota comemorou a recriação da Fundação Nacional de Saúde – FUNASA, Instituição federal vinculada ao Ministério da Saúde, que havia sido extinta no início do terceiro governo do Presidente Lula, por meio da Medida Provisória alterada e aprovada nesta quinta-feira, pelo Congresso Nacional.  Gonzaga Patriota disse hoje em entrevistas, que durante esses 40 anos, como parlamentar, sempre contou com o apoio da FUNASA, para o desenvolvimento dos seus municípios e, somente o ano passado, essa Fundação distribuiu mais de três bilhões de reais, com suas maravilhosas ações, dentre alas, mais de 500 milhões, foram aplicados em serviços de melhoria do saneamento básico, em pequenas comunidades rurais. Patriota disse ainda que, mesmo sem mandato, contribuiu muito na Câmara dos Deputados, para a retirada da extinção da FUNASA, nessa Medida Provisória do Executivo, aprovada ontem.