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Jovem fica em coma irreversível após cesariana e família aciona Justiça
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
- Category : Clipping
A família da adolescente Karem Rafaela, 17 anos, resolveu acionar a Justiça após a jovem ficar em coma irreversível depois de ser submetida a uma cesariana em uma maternidade pública de Teresina. Os familiares pedem indenização pelos danos causados à jovem. O caso também está sendo investigado pela Polícia Civil e Conselho Regional de Medicina do Piauí (CRM-PI).
Sem dinheiro para continuar com o tratamento, familiares e amigos estão fazendo uma campanha para conseguir recursos e montar uma mini Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em casa. A irmã Ângela Silva acusa o hospital de negligência médica. Segundo a família, Karem Rafaela deu entrada no Hospital do Buenos Aires, Zona Norte da capital, no dia 9 de setembro do ano passado quando começou a sentir dores e a previsão inicial do médico, que fez o pré-natal, era de que o parto fosse normal. No entanto, após dois dias internada, a jovem, que na época tinha 16 anos, não apresentou dilatação e a equipe médica decidiu por realizar uma cesárea. O bebê, do sexo masculino, nasceu bem e atualmente está com quatro meses.
“Ao retornar da cirurgia, minha irmã ficou se queixando de fortes dores abdominais e fraqueza. Ela ainda conseguia falar e se movimentar. De 9h até 21h, disseram que os sintomas eram normais e somente na troca de plantão no turno da noite, a médica percebeu a gravidade e encaminhou ela à Maternidade Evangelina Rosa”, relatou Ângela Silva.
Para Cintia Andrade, advogada da família, o período pós-cesárea sem atendimento médico foi decisivo para a deterioração do estado de saúde de Karen.
“Os vários laudos que coletamos apontam que provavelmente uma artéria foi cortada durante a cirurgia. Após isso, Karen ficou 12 horas esperando por uma avaliação médica. Nesse meio tempo, apenas enfermeiros a acompanharam. Por volta das 21h, uma enfermeira acionou uma médica, que percebeu que a jovem estava em choque hipovolêmico (grande perda de sangue). Essa foi a maior negligência”, afirmou.
Em nota, a Fundação Municipal de Saúde (FMS) disse que segundo a diretoria do Hospital Buenos Aires, a paciente Karem Rafaela deu entrada no hospital para tratamento de uma infecção preexistente. No terceiro dia de internação, ela entrou em trabalho de parto que evoluiu para a indicação de cesariana.
“O procedimento foi feito normalmente com a paciente encaminhada para a enfermaria e depois transferida com consciência para a maternidade Evangelina Rosa, referência para gravidez de risco em Teresina”, diz trecho da nota. A FMS disse que o caso está sendo investigado para detectar as causas da complicação.
Ainda de acordo com a irmã de Karem, na Maternidade Dona Evangelina Rosa a jovem passou por uma segunda cirurgia por conta de uma hemorragia no abdômen, teve uma parada cardíaca de 30 minutos e ficou em coma induzido. A adolescente passou 15 dias na maternidade e depois transferida para o Hospital Getúlio Vargas (HGV).
O G1 procurou a direção da Evangelina Rosa que informou ter aberto sindicância sobre o caso. Segundo a maternidade, a comissão de ética médica está concluindo relatório para ser entregue aos órgãos jurídicos que solicitaram.
“No HGV ela passou por uma terceira cirurgia, agora por conta de um edema cerebral. Depois disso ela, entrou em coma vigil ou estado vegetativo. Ela não responde, faz movimentos aleatórios e, segundo os médicos, a situação dela é irreversível. Nós queríamos que a Karem voltasse para casa bem tendo noção das coisas”, contou a irmã.
Há uma semana, Karem Rafaela teve alta médica e pôde retornar para casa, mas a família alega não ter local apropriado para cuidar da jovem, que se alimenta por sonda e depende de equipamentos médicos para sobreviver. A irmã e a mãe se revesam para acompanhar Karem no hospital e ainda cuidar do pequeno Kauan Rafael.
“Já realizamos bingos, rifas, tudo para ajudar no tratamento da Karem. Entramos com processo contra o hospital do Buenos Aires porque acreditamos que houve negligência médica. Ainda sem resultado, iniciamos a campanha nas redes sociais porque precisamos montar uma mini UTI no quarto dela, mas precisamos também de fraldas, óleo de girassol, protetor de colchão, pomadas para assaduras e lençóis”, relatou Ângela.
CRM, polícia e Justiça acionados
A advogada da família de Karen afirmou que o caso da jovem está sendo tratado em três vias. O Conselho Regional de Medicina do Piauí (CRM-PI) foi acionado para apurar administrativamente o que de fato aconteceu desde a entrada de Karen no Hospital do Buenos Aires até sua chegada ao coma. Ao mesmo tempo, a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) já começou a investigar o ocorrido, ouvindo testemunhas, processo que deve culminar com a abertura de um inquérito policial.
Por fim, a família acionou a Justiça na esfera cível pedindo indenização pelo ocorrido. “Demos entrada no mês de dezembro no processo, que está na fazenda pública, já mesa do juiz. Foi pedido antecipação de tutela com relação aos gastos que a família tá tendo atualmente, para a instalação de um home care. O intuito é que Karen fique em casa, mas isso só é possível com a instalação de equipamentos”, afirmou a advogada Cintia Andrade.
Obstetra fala sobre complicações
O G1 procurou uma especialista para falar sobre o caso. Segundo o obstetra Antônio Nascimento, uma paciente com infecção pode ser uma pessoa vulnerável a qualquer outro tipo de patologia e geralmente só é detectada durante ou após a cirurgia.
“A infecção pode ser generalizada e comprometer qualquer órgão. No caso do útero, a paciente pode ter tido uma peritonite [inflamação no abdômen] localizada ou generalizada. Nesse caso, a pessoa às vezes apresenta indicativo de infecção, mas geralmente já vem comprometida e somente durante a cirurgia é que se detecta a patologia. Um simples hemograma é capaz de diagnosticar a infecção”, explicou.
O obstetra acredita que Karem pode ter apresentado uma trombose, já que não é comum este quadro por infecção, no entanto, somente um laudo mais detalhado poderá apontar as causas para o quadro.
Fonte: G1
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