Blog do Deputado Federal Gonzaga Patriota (PSB/PE)
Nova hipótese liga sexo à microcefalia
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
- Category : Clipping
Uma nova hipótese para explicar a ocorrência de microcefalia pode estar na forma de contágio pelo zika. Cientistas brasileiros e americanos acreditam que a transmissão sexual do vírus pode levar à infeção intrauterina e consequente danos ao desenvolvimento do feto. Tentar estabelecer essa possível diferença entre o adoecimento pela picada do mosquito Aedes aegypti e a contaminação via ato sexual, deve ser um próximo passo da ciência na busca de respostas para a ocorrência das malformações em bebês.
Este é o entendimento da bióloga e pesquisadora brasileira da Colorado State University (CSU), nos Estados Unidos, Tereza Magalhães. Ela compõe, com outros especialistas da CSU e da Fiocruz Pernambuco, o estudo “Tropismo urogenital, patogenia e transmissão sexual do vírus Zika”, que tenta estabelecer a incidência de transmissão sexual do zika.
“Ainda não há evidência do agravamento por transmissão sexual em modelos animais, mas é uma hipótese. Acredito que é possível que a transmissão sexual leve a um pior quadro da doença e isso deve ser estudado”, disse a pesquisadora.
“Se a viremia (que é quantidade de vírus no sangue) for maior após transmissão sexual comparada à transmissão por mosquitos em humanos, isso já poderia ser um fator contribuinte para um quadro mais grave da enfermidade”, comentou.
O contágio por via sexual já foi estabelecido entre humanos, em áreas não endêmicas. Quanto aos modelos animais, alguns experimentos já conseguiram estabelecer a relação depois de testes com camundongos imunocomprometidos e primatas não-humanos. Um estudo em primatas mostrou que infecção vaginal e pelo reto pode levar à infecção sistêmica.
“Os modelos animais podem ser muito importantes para se estudar os desfechos da doença após a transmissão sexual, como nos fetos por exemplo, e inclusive compará-la à infecção por mosquitos”, reforçou.
Até então, um dos entraves a serem superados na produção desse conhecimento é a limitação dos modelos animais estabelecidos até o momento. Hoje, segundo a pesquisadora, a maioria das análises é feita em camundongos com sistema imune comprometido, o que gera resultados enviesados.
O grupo que a bióloga integra fará uma investigação em duas frentes. Nos EUA serão feitos testes com o objetivo de se estabelecer um modelo animal. Em Pernambuco acontecerá um levantamento clínico, com revisão de casos passados e recrutamento de pacientes novos. Cerca de 260 pacientes recrutados anteriormente para um levantamento de arboviroses podem ser acionados junto com seus parceiros e outros moradores da casa para a nova investigação sexual.
A ideia é verificar se mais de uma pessoa na casa teve zika e confrontar as sorologias dessas pessoas em busca de pistas sobre a contribuição da via de contágio sexual na grande epidemia de zika dos últimos dois anos. “Nossa suspeita é que os dois modos de transmissão – sexual e por mosquitos – podem estar funcionando juntos na disseminação do vírus”, acredita a pesquisadora.
Fonte: Folha-PE
Nenhum comentário