O ônibus é o principal meio de transporte usado pela população, mas ainda não consegue atrair os mais ricos, mesmo com investimentos milionários para criar e expandir corredores exclusivos nos últimos anos. Essa é uma das conclusões reveladas pela Pesquisa de Origem e Destino desenvolvida pela Prefeitura do Recife (PCR).
Entre as 84 mil pessoas que tiveram informações coletadas, 50,25% recorrem ao coletivo para trabalhar, 65% delas com renda de até um salário mínimo. Entre os que ganham mais de 20 salários mínimos, 77% fazem esse deslocamento de carro. Na visão de gestores que divulgaram os resultados ontem, o desafio é converter esses dados em políticas públicas que contemplem modais de impacto à população, como o ônibus, o metrô, a bicicleta e a mobilidade a pé. A pesquisa embasará o Plano Municipal de Mobilidade, com conclusão prevista para até o fim do ano.
O levantamento considerou duas motivações para o recifense sair de casa: ir ao trabalho, à aula ou aos dois, o que representa até 90% de todas as viagens. Além dos que recorrem ao ônibus para trabalhar, 24,01% vão de carro, e 8,94%, a pé (ver arte).
Por sua abrangência limitada às zonas Sul e Oeste do Recife, o metrô apareceu como opção para apenas 6,82% dos moradores da Capital. Tem, avalia-se, um papel mais essencial à metrópole, lógica que a pesquisa detectou nos terminais integrados. Entre os mais usados, aparecem o Pelópidas Silveira, em Paulista, o de Camaragibe, o de Joana Bezerra e o de Jaboatão dos Guararapes. Do total de entrevistados, 42% saem de outras cidades para trabalhar ou estudar na Capital.
“Sabemos que é um desafio [transformar os dados em ações concretas], mas o grande benefício é que, agora, a gente não acha mais nada. Com a pesquisa, a gente tem certeza”, declarou o secretário de Planejamento Urbano do Recife, Antônio Alexandre, quando questionado sobre a necessidade de implantar mais faixas exclusivas de ônibus e mecanismos para desestimular o uso do transporte individual para atrair pessoas para o ônibus. “Se elencássemos prioridades, seria o transporte coletivo, nossa principal agenda”, disse.
Sobre os deslocamentos de estudantes, a mobilidade a pé chama atenção: 15,49%. “Com esse dado, podemos discutir a possibilidade de a rede de ensino estar mais próxima das pessoas. Precisamos partir para um modelo de cidade policêntrica”, disse o presidente do Instituto da Cidade Pelópidas Silveira (ICPS), João Domingos. Já à noite, quem sai das faculdades também gera um pico de viagens específico. “Nesse caso, há necessidade de reorganizar o transporte público para essas demandas”, avaliou o diretor executivo de Planejamento da Mobilidade do ICPS, Sideney Schreiner.
As respostas foram coletadas online entre novembro de 2015 e novembro de 2016.
Fonte: Folha-PE
Blog do Deputado Federal Gonzaga Patriota (PSB/PE)
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