Corpo do ator Paulo Goulart é enterrado em São Paulo
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
- Category : Clipping
O corpo do ator Paulo Goulart foi enterrado em São Paulo, por volta das 14h desta sexta-feira (14), no Cemitério da Consolação, na zona oeste da cidade. Durante o enterro, a música “Eu sei que vou te amar” foi tocada e os presentes cantaram juntos.
Fãs e admiradores de Paulo Goulart, morto aos 81 anos na quinta-feira (13) vítima de câncer, fizeram fila na manhã desta sexta para se despedir do ator em seu velório no Theatro Municipal, no Centro de São Paulo. O velório começou na noite de quinta e e terminou às 13h de sexta.
A viúva Nicette Bruno e os filhos Beth Goulart e Paulo Goulart Filho chegaram por volta das 9h. Neste mesmo horário, quando as portas do Theatro Municipal foram abertas para os fãs, uma fila de cerca de 100 pessoas já havia se formado em torno do prédio.
Até às 11h, cinco mil pessoas haviam passado pelo velório. O governador Geraldo Alckmin foi ao Theatro Municipal, mas não falou com a imprensa ao entrar.
A viúva e os filhos do ator agradeceram o carinho dos fãs que foram ao velório e acenaram para eles da sacada do Theatro Municipal.
O ator e dançarino Paulo Goulart Filho disse que a morte do pai é apenas uma separação momentânea. Beth Goulart, que também seguiu o caminho da atuação, falou que “Paulo agora é a essência da luz”. Os dois agradeceram o carinho de todos.
O cantor Agnaldo Timóteo e as atrizes Lolita Rodrigues e Bruna Lombardi estiveram entre os presentes ao velório. “Paulo Goulart e Nicette Bruno são um exemplo para as famílias brasileiras”, disse Agnaldo.
Os autores Sílvio de Abreu e Maria Adelaide Amaral também foram ao Theatro Municipal. A atriz Neusa Maria Faro, de “Amor à vida”, disse. “Trabalhei várias vezes com ele, vou levar uma lembrança maravilhisa. A Nicette encara a morte com uma força superior”.
Entre os fãs, bastante emocionado, o funcionário público José Lopes Sobrinho, 63, disse que Paulo Goulart é um “patrimônio do Brasil”. Sobrinho conta que o ator foi seu professor de teatro na escola Teatro do Paiol, em Curitiba (PR), e que o maior prêmio que ganhou na vida foi ter contracenado com Nicette Bruno na novela “Salário mínimo”, da TV Tupi.
Uma das primeiras da fila era Noelia de Abreu, de 66 anos. Fã de Paulo Goulart e da atriz Nicette Bruno, viúva do ator, ela elogia a carreira e a vida do casal. “[Uma] família que edifica a gente”.
Antonio Carlos França, primo de Paulo Goulart, também compareceu ao velório nesta manhã. Ele comentou que a família do ator sempre foi muito unida e lamentou sua morte. “Paulo vai deixar saudade”.
Início do velório
Entre a noite de quinta (13) e a madrugada de sexta (14), os filhos de Paulo Goulart falaram sobre as lembranças do pai e de seu legado como ator. “Fica a imagem do pai, homem, amigo e ator. Ele foi a minha referência de vida, um grande espelho”, disse Paulo Goulart Filho, que faz aniversário no dia em que o pai morreu. “Acho que ele ficou com uma pontinha de inveja, e agora vamos comemorar meu aniversário e a data do nascimento dele lá em cima”, brincou.
Beth Goulart destacou os valores que aprendeu com o pai. “Fica o legado da ética, da moral, ele era um gentleman, gentilíssimo com a minha mãe [Nicette Bruno], sempre teve um olhar para o próximo”, falou. Ela também comentou o momento da morte de Paulo Goulart, em que a família estava toda reunida ao lado do ator. “Foi muito especial, queríamos envolvê-lo em puro amor, tínhamos uma energia muito grande de agradecimento por participar desta vida que ele nos deu”, disse.
Bárbara Bruno, também filha de Goulart, falou sobre a lição que aprendeu com o pai. “Não podemos esperar a vida passar. Ele sempre disse que a vida é linda, e passa tao rápido, não podemos desperdiçar”, disse.
Amigos
Atores e colegas de profissão compareceram ao Theatro Municipal durante a noite de quinta (13) e madrugada de sexta (14) para se despedir de Goulart. Para o ator Juca de Oliveira, a morte de Paulo Goulart é um “até logo”. “Ele se distinguia pela excepcionalidade. Quando chegava, a vida já ficava boa. Tínhamos períodos de distanciamento, mas a cada encontro era como se estivéssemos o tempo todo juntos. Foi um até logo. Nos encontraremos em breve”, disse.
A atriz Lúcia Veríssimo chegou ao velório por volta da 1h. Ela disse que se emocionou com a declaração de Nicette Bruno, viúva de Goulart, que em entrevista ao SPTV contou que se despediu do marido de mãos dadas com ele e a família (veja o vídeo). “Vivemos um afastamento temporário e a noção disso faz com que não haja rompimentos”, falou a atriz. “[Goulart] sempre foi muito simples, ele sempre disse que somos funcionários da arte, e não celebridades, sempre nos passou esta lição”, contou.
Também estiveram presentes os atores Odilon Wagner, Marcos Caruso, Laura Cardoso, Ney Latorraca e o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.
Carreira
Ao longo de sua carreira, iniciada quando ainda era adolescente, Goulart destacou-se por seus trabalhos em novelas como “Plumas e paetês” (1980), “Roda de fogo” (1986) e “O dono do mundo” (1991). Ele também participou de filmes como “Rio zona norte” (1957), “O grande momento” (1958), “Gabriela, cravo e canela” (1983) e “Para viver um grande amor” (1983). Ele nasceu em Ribeirão Preto (SP) em 9 de janeiro de 1933 – seu nome de batismo é Paulo Afonso Miessa; o Goulart ele tomou emprestado de um tio, o radialista Airton Goulart, como aponta o perfil do ator no site Memória Globo.
Seu primeiro emprego foi como DJ, operador e locutor em rádio fundada por seu pai, em Olímpia, no interior paulista. No entanto, antes de se iniciar na carreira artística, o futuro ator estudou química industrial. De acordo com ele, a ideia era ter uma alternativa de emprego. “Eu queria ter algum outro ofício, porque rádio, embora fosse uma grande coqueluche, não era encarado como uma profissão. Estavam fazendo teste para locutores na Rádio Tupi de São Paulo, e lá fui eu. Mas não passei, fiquei em segundo lugar”, disse.
O desempenho e falta de conhecimentos técnicos do adolescente, contudo, não impediram a contratação, que Goulart creditava à interferência do ator de rádio Oduvaldo Vianna: “Foi a primeira pessoa que sacou esse meu talento, essa coisa histriônica dos atores sem uma formação de escola”. Na época, ele estava prestes a completar 18 anos. “A televisão estava começando, era 1951. Nós éramos contratados da rádio, e a TV Tupi era sustentada pelo rádio. Então, tínhamos também a obrigação de fazer televisão. O primeiro programa que eu fiz na TV foi com o Mazzaropi!”
Um ano depois, Goulart conheceu a atriz Nicette Bruno e fez sua primeira peça. Eles se casaram em 26 de fevereiro de 1954 e tiveram três filhos, Beth Goulart, Bárbara Bruno e Paulo Goulart Filho – que seguiram a carreira dos pais.
No cinema, estreou em 1954, na comédia “Destino em apuros”, de Ernesto Remani. Neste que é tido como o primeiro filme colorido produzido no Brasil, Goulart contracenou com Paulo Autran, Sérgio Britto, Ítalo Rossi e Inezita Barroso. Seu segundo trabalho no cinema foi em “Rio, zona norte” (1957), de Nelson Pereira dos Santos. Antes de estrear na TV Globo, o que aconteceria em 1969, Paulo Goulart morou com a família por um período no Paraná – onde trabalhou com teatro e TV – e passou pela TV Excelsior. Entre o final da década de 1950 e o começo da de 1960, prosseguiu atuando no cinema. Em 1958, esteve em nada menos que cinco filmes. Já na Globo, seu primeiro papel veio em “A cabana do pai Tomás”, que adaptava o livro homônimo escrito pela autora americana Harriet Beecher Stowe (1811-1896).
No trabalho seguinte na emissora, esteve em história cujo tema ele considerava ousado. “Era uma temática bastante arrojada para a época: uma mulher casada que deixou o marido para viver com outro homem”, declarou. A novela era “Verão vermelho” (1970), de Dias Gomes, na qual interpretou uma das pontas de um triângulo amoroso formado ainda por Dina Staft e Jardel Filho. Ele também costumava destacar o pioneirismo da novela “Uma rosa com amor” (1972): “Foi, talvez, a primeira novela de comédia”.
Depois disso, Goulart fez novelas importantes na TV Tupi, caso de “Éramos seis” (1977), inspirada na obra homônima, escrita por Maria José Dupré (1898-1984), e “Gaivotas” (1979). No regresso à Globo, esteve em “Plumas e paetês” (1980): “Foi fantástico! Aquele guarda italianão [Gino], que falava com aquele sotaque, gostava de comida… Eu adoro! Foi um retorno maravilhoso”.
Sobressaíram, na década seguinte, suas participações nas novelas “Roda de fogo” (1986), “Fera radical” (1988), protagonizada por Malu Mader e na qual o ator deu vida a um cadeirante, o que rendeu uma comparação do ator com o seu próprio jeito de ser. “Meu personagem vivia em cadeira de rodas, e eu sou uma pessoa muito vigorosa na vida real. Nicette que o diga, coitada. De vez em quando eu esbarro nas coisas e quebro tudo!”, brincou.
Nos anos 1990, Paulo Goulart ficou especialmente marcado por interpretar personagens de caráter duvidoso. Vieram, então, o bon vivant Altair de “O dono do mundo” (1991), em que viveu o pai do protagonista (papel de Antonio Fagundes), e o seu Donato da segunda versão de “Mulheres de areia” (1993). Goulart chegou a comentar sobre a composição deste último: “Donato era uma pessoa má por princípio, um assassino. Mas eu me agarrei numa só coisa: um grande amor, ou melhor, a paixão por uma adolescente. Então, em nome disso, ele cometia todas as atrocidades; e, quanto mais apaixonado, pior ficava. Mas isso me abastecia como intérprete”.
Outros dois vilões de Goulart foram o Farina de “Esperança” (2002) e o professor Heriberto de “Duas caras” (2007). Entre uma novela e outra, houve tempo para um tipo menos questionável: o fragilizado Mariano de “América” (2005), padrasto da protagonista (papel de Deborah Secco).
Nos anos 2000, o ator também se dedicou ao trabalho em minisséries, como “Aquarela do Brasil” (2000), “Um só coração” (2004), “JK” (2006) e “Amazônia: de Galvez a Chico Mendes” (2007). Antes, esteve em “Auto da compadecida” (1999). Suas últimas novelas foram “Ti-ti-ti” (2010) e “Morde & Assopra” (2011). Ao longo da carreira, Paulo Goulart atuou em trabalhos exibidos por outras emissoras, como “As pupilas do senhor reitor” (1995), do SBT, e “O campeão” (1996), da Bandeirantes.
Fonte: G1
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
Nenhum comentário