Depois de 40 anos de ditadura, Líbia busca sua redemocratização
Após derrubar um regime de monarquia e instalar uma ditadura que durou 42 anos, Muammar Gaddafi controlou as mais de 100 etnias nacionais à base da força e da cooptação, perseguindo, sem trégua – até à morte – os seus opositores, impôs o unipartidarismo, por meio do Congresso Geral do Povo e não titubeou na promoção de sangrentos crimes contra a humanidade.
A morte de Muammar Gaddafi encerra um capítulo, mas não estabelece nova ordem política, tampouco, une a Líbia. As mais de quatro décadas de ditadura e tirania, fizeram com que o Ditador, mesmo acusado, preferisse morrer como “Mártir”, para os seus já poucos aliados, como forma de dificultar o resgate da democracia nesse importante País.
O maior desafio a ser alcançado na Líbia, hoje, é a unidade nacional, porque através dela, começa o processo de se restabelecer a civilidade e se reestruturar e recuperar o País.
Os novos líderes da Líbia iniciaram a difícil tarefa de formar um governo de unidade interino, após esses 42 anos de ditadura de Muammar Gaddafi, prometendo uma administração orientada pelas leis islâmicas. “Hoje começamos a nos preparar para uma nova fase, a da liberação, em que iremos planejar e trabalhar duro pelo futuro da Líbia”. “Vamos começar a trabalhar na adoção da Constituição”, afirmou Abdel Hafiz Ghoga, vice-presidente do Conselho Nacional de Transição (CNT), após ser decretada a “liberação” da Líbia, do regime de Gaddafi, em uma cerimônia com dezenas de milhares de pessoas em Benghazi, no leste do país, onde começou o levante contra o ditador há oito meses.
A declaração é feita em meio à controvérsia em torno das circunstâncias da morte de Gaddafi, após ele ser capturado com vida em sua cidade natal, Sirta, na quinta-feira. A Grã-Bretanha afirmou que o incidente “maculou” o CNT.
O CNT prevê a formação de um governo interino em um mês e eleições para uma Assembléia Constituinte dentro de oito meses. Será a primeira eleição livre no país em mais de quatro décadas. Haverá eleições parlamentares e presidenciais dentro de um ano, após esse voto para a Constituinte, ou dentro de 20 meses após a declaração deste domingo.
O líder do CNT insistiu que a lei muçulmana (Sharia) prevalecerá. “Como um país islâmico, adotamos a Sharia como nossa lei principal”, disse Abdel Jalil em Benghazi.
O primeiro-ministro interino, Mahmoud Jibril, disse que a formação do novo governo deve ocorrer dentro de uma semana a um mês. “Isso pode levar mais, ou menos dias”, disse ele a repórteres, durante o Fórum Econômico Mundial na Jordânia, após isso, será dissolvido o (CNT) – Conselho Nacional de Transição. Disse ainda Abdel Jalil à rede Al-Jazeera, que há uma investigação em andamento sobre as circunstâncias da morte de Gaddafi. Vídeos de celulares mostravam o ex-ditador vivo após a captura, mas líderes do CNT afirmam que ele foi morto por um tiro na cabeça durante um tiroteio.
Afastada para sempre a sombra de Muammar Gaddafi, a Líbia deve exorcizar o passado negro de ditadura e se apressar em definir um caminho que reúna seus diversos interesses. O esforço imediato é pacificar o país e restabelecer as relações diplomáticas da Líbia com os países democráticos do Planeta. É hora de soberania com liberdades democráticas.
GONZAGA PATRIOTA, Contador, Advogado, Administrador de Empresas e Jornalista, Pós- Graduado em Ciência Política e Mestre em Ciência Política e Políticas Públicas e Governo e Doutorando em Direito Civil, pela Universidade Federal da Argentina.
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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