Interno da Fundação Casa vence Olimpíada da Língua Portuguesa

POSete metros de muralha. Arame farpado até o topo. Revista pesada. Sob intensa vigilância, 61 jovens em conflitos com a lei estão internados. Todos multireincidentes com no mínimo três passagens pela Fundação Casa de São Paulo.

“São adolescentes que já estão infracionando há muito tempo. Tem jovens de 17 até 20 anos. Então é a última oportunidade mesmo. Se ele sair e voltar a infracionar, ele vai para o meio prisional”, diz o diretor da unidade Cristian Lopes de Oliveira.

“Eu sou a penúria em busca da opulência. Um pássaro em busca da liberdade.”

No caminho enjaulado, que leva às salas de aula, fragmentos de poesia.

“O plebeu andarilho, favelado, vagabundo. À procura de um mundo melhor.”

O autor desses versos é um jovem de 17 anos que divide uma cela com outros cinco adolescentes. É a terceira vez que ele é apreendido. Na primeira tinha apenas 13 anos.

Jovem: Aconteceu um imprevisto de eu ir pela cabeça de um colega aí aconteceu de eu ir preso.
Fantástico: Mas o que aconteceu?
Jovem: Uma infração de tráfico.

Depois foram mais duas restrições de liberdade por tráfico, como é chamado a medida pela lei brasileira. Mas para ele, que cumpre essa última já há um ano e dois meses o significado real é outro: “Prisão, quando fala prisão tem um peso na palavra”, diz o jovem.

Ele jamais poderia imaginar que uma palavra tão opressiva pudesse virar poesia. “Essa história começou com a minha professora. Eu nunca tive uma professora igual a ela”, afirma.

Maria da Penha, uma professora de português, que já foi assaltada cinco vezes por adolescentes, foi trabalhar na Fundação Casa disposta a mudar o mundo. “O meu trabalho diário é esse, de eles acreditarem no potencial que eles têm”, diz a professora Maria da Penha da Silva.

Foi então que ela falou de poesia aos alunos. “Ela não propôs prêmio, ela não propôs viagem. Ela não falou nada. Ela falou para escrever”, diz o jovem.

E o garoto escreveu: “vida em transição. Viver na Fundação não é bom. Bom é ser livre, em toda situação. Acordo e vejo grades, meu peito dói de verdade.”

“Quando eu peguei o texto ele foi um dos primeiros a entrar. Eu olhei o texto e falei nossa que texto bom”, conta a professora.

Então, veio a ideia de inscrever o poema na Olimpíada da Língua Portuguesa. “Esse concurso acontece a cada dois anos e desde 2010 eu mando textos dos meus alunos. Nunca tinha tido nenhum classificado”, afirma Maria da Penha da Silva.

Qual não foi a surpresa? Como um interno da Fundação Casa concorrendo com mais de 50 mil alunos de escolas públicas de todo Brasil foi passando de eliminatória em eliminatória.

Fantástico: E quando chegou o primeiro resultado?
Maria da Penha: Nossa. Eu já me senti campeã.

Depois vieram mais duas etapas e ele ficou entre os 38 finalistas do país inteiro. “Eu não esperava isso. Escrever o poema e dar repercussão que deu. Poder chegar onde cheguei”, diz o jovem.

A exigência do concurso era escrever um poema sobre o lugar onde vive o aluno. O rapaz que mora em uma cela escreveu sobre a liberdade.

“Para mim não existe só a liberdade do corpo. Existe a liberdade da alma, do espírito, dos pensamentos”, afirma o rapaz.

E foi justamente esse pensamento livre que o levou à Brasília onde acontece a grande final da Olimpíada da Língua Portuguesa. Quando cruzarem o portão de desembarque do aeroporto, o garoto cumpre mais uma etapa dessa viagem de sensações que a poesia lhe proporciona.

Fantástico: Animado ou ansioso?
Jovem: Os dois.

A mãe e a professoram acompanham o jovem. Sob a responsabilidade da Fundação Casa conheceu Brasília junto com os outros alunos finalistas. “Foi tudo novo. Poder ver a rua, os carros, as pessoas. Poder ter contato com as pessoas de fora também. Eu indo para lá abriu novas portas para mim. Eu tive uma visão mais ampla da vida”, diz o jovem.

O anúncio dos vencedores da Olimpíada foi na quarta-feira (17), em uma cerimônia concorrida. O resultado veio em uma torrente de emoção.

O poeta da Fundação Casa comemorou o primeiro lugar abraçado à professora. “Vitória de um sonho e acreditar”, diz a professora Maria da Penha.

“É uma vitória para mim. É uma superação de vida diferente para mim”, diz o poeta vencedor.

Mas faltou alguém nessa premiação. O poeta da Fundação Casa, que aos 17 anos já pai de um casal de gêmeos, só viu os filhos duas vezes na vida. “Eu tenho minha mulher e meus dois filhos. Nunca vi minha a mulher, meus dois filhos e eu juntos”, diz o jovem.

Dentro de um mês e meio deve deixar a Fundação Casa. Por isso mesmo diz que fará de tudo para receber o maior prêmio de sua vida. “Ter minha formação na faculdade, dar educação, o amor, o respeito, para os meus filhos e para minha esposa e ver minha família bem. Sem luta não há conquista. Se você sonhou com alguma coisa, você tem que ter determinação e foco naquele sonho, que você correndo atrás, você conquista o sonho que você tem”, aconselha o poeta.

Talvez o próprio poema fale pelo poeta. “Errar é humano, mas aprender é a melhor coisa. Hoje me tornei um estudante. Descobri que sou inteligente, produzi este poema e me sinto importante”, diz ele.

Fonte: G1

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)

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