Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
“Quase todo o Brasil cabe nessa foto”, sintetizou o historiador Luiz Felipe de Alencastro, na série História da Vida Privada no Brasil. O autor se referia à imagem ao lado, da ama negra Mônica e do sinhozinho Augusto Gomes Leal, um retrato de um possível afeto, como gostava de ver Gilberto Freyre, formado dentro das relações cruéis e violentas da escravidão. A fotografia é uma das imagens mais simbólicas e duras entre os muitos registros valiosos das reunidos no volume O Retrato e o Tempo: Coleção Francisco Rodrigues (1840-1920), de Rita de Cássia Barbosa de Araújo e Teresa Alexandrina Motta, que é lançado nesta quarta (19/8), às 19h, junto a outros quatro títulos pela Editora Massangana.
O evento acontece na Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) de Casa Forte e vai contar com palestra do cineasta Pedro Nabuco, além de um show do Quinteto Spok Frevo Orquestra, do maestro Spok. Na ocasião, também serão apresentados outros títulos da Massangana: Homens de Negócio, de Fé e de Poder Político: a Ordem Terceira de São Francisco do Recife, 1695-1711, da historiadora Maria Eduarda Marques; Gilberto Freyre Jornalista: uma Bibliografia, de Lúcia Gaspar e Virgínia Barbosa; O Eleitorado Imperial em Reforma, de Felipe Azevedo e Souza; e Contra a Conspiração da Ignorância com a Maldade – a Inspetoria de Monumentos de Pernambuco, de Rodrigo Cantarelli.
As obras são frutos de pesquisas acadêmicas. O Retrato e o Tempo, em capa dura e edição bilíngue, traz 500 fotografias do acervo da Fundação Joaquim Nabuco. É um material rico, que revela os rostos e detalhes de roupas, expressões e contextos de um período fundamental da história brasileira, o final da escravidão e do Império e o começo da República.
“O acervo, quando foi adquirido, tinha pouco mais de 12 mil retratos. Hoje sabemos que ele tem mais do que isso, vamos começar a recatalogar. A Coleção Francisco Rodrigues é considerada a mais importante de retratos do Brasil”, conta Rita de Cássia, uma das autoras. “O período pega esses momento estruturante do Brasil e permite não só enxergar a elite, mas questionar que são os ausentes naquelas fotos. É importante pensar nisso hoje: que histórias nós estamos deixando de perpetuar também?”.
Segundo ela, a obra é uma forma de dar vida a um acervo pouco conhecido. “A Fundaj tem essa diretriz memorial, de guardar e difundir documentos. Uma das formas é através de pedidos de informação e atendimento direto do público. Outra é gerar conhecimento a partir do que possui, como é o caso do livro”, destaca.
A obra tem oito artigos de nomes das mais diversas áreas, da conservação das imagens até a sociologia, passando pela história, antropologia e fotografia – incluindo um de Gilberto Freyre. “É um olhar coletivo, mas sabemos que há mil outros possíveis – cada pessoa que se debruçar nessas fotos vai ver e sentir coisas diferentes”, aponta. Um dos ensaios é de Gilberto Freyre, que fala da sociofotografia que as imagens permitem.
Fonte: JC
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