Síria está em guerra civil e repressão já matou 4.000, diz ONU
Com a crescente deterioração da crise na Síria, onde o regime do ditador Bashar al Assad vem causando mortes devido à violenta repressão aos protestos que pedem sua renúncia, as Nações Unidas afirmaram nesta quinta-feira que o país se encontra em estado de guerra civil e que mais de 4.000 pessoas já morreram nos confrontos.
A avaliação de Navi Pillay, alta comissária de direitos humanos da ONU (Organização das Nações Unidas), chega na mesma semana em que o isolamento diplomático ao regime aumentou de forma significativa. Ela deve apresentar um relatório detalhado hoje (2) ao Conselho de Segurança da entidade, em Nova York.
“Situamos o número [de mortos pela repressão] em 4.000, mas claramente a informação confiável que nos chega é de que é muito mais do que isso”, disse Pillay em entrevista coletiva em Genebra.
A comissária deixou claro o nível de gravidade que atribui à crise. “Eu já disse, assim que houve mais e mais desertores ameaçando pegar em armas, eu já disse isso em agosto, perante o Conselho de Segurança [da ONU], que haveria uma guerra civil. Neste momento é assim que estou caracterizando isto”, acrescentou.
EUA, União Europeia e Turquia anunciaram sanções mais rígidas ao governo sírio, e na semana passada a Liga Árabe suspendeu o país de suas reuniões e também anunciou um pacote de sanções que foram adotadas por todos os países que integram o bloco.
Assad, no entanto, mantém-se irredutível. Embora tenha libertado presos políticos nas últimas semanas, o ditador tem desafiado todas as pressões internacionais para que abandone o poder e continua ordenando ataques das forças de segurança à população civil.
Também nesta semana um relatório elaborado por uma comissão internacional independente revelou que as forças de segurança sírias cometeram crimes contra a humanidade com o conhecimento e consentimento do Estado.
GUERRA CIVIL
Navi Pillay lembrou que uma das principais conclusões do relatório da comissão é de que “apesar de a maioria dos mortos e feridos tenha sido de civis desarmados, existem grupos que não pertencem às forças armadas e que aparentemente estão armados”.
Realmente, é hora de estudar esse relatório para conhecer a amplitude do que se define como as forças da oposição e caracterizar o que está acontecendo como um conflito armado”, declarou Pillay.
“No meu ponto de vista, não é uma questão de tempo ou uma decisão política. Neste caso é preciso aplicar o princípio de que deve haver uma investigação do Tribunal Penal Internacional para evitar a impunidade”.
ISOLAMENTO DIPLOMÁTICO
Após ser notificada das novas e mais rígidas sanções aprovadas nesta quinta-feira pela União Europeia (UE), a Síria informou a suspensão de sua adesão à União pelo Mediterrâneo (UPM), com sede em Barcelona.
“A Síria suspende sua adesão à União pelo Mediterrâneo, como resposta às injustificadas medidas europeias contra o povo sírio”, segundo um comunicado divulgado pela agência oficial Sana.
A UPM foi criada em 2008 impulsionada pela França, então presidente da UE, com base no Processo de Barcelona para o diálogo “euromediterrâneo” promovido pela Espanha em 1995.
Os ministros das Relações Exteriores da UE decidiram nesta quinta-feira endurecer suas sanções econômicas contra a Síria, em particular nos setores das finanças, petróleo e gás.
Grandes multinacionais europeias como a Royal Dutch Shell e a francesa Total podem ver suas joint-ventures na Síria interromperem os trabalhos devido ao congelamento de seus contratos com a estatal petrolífera síria entrará na lista de empresas a sofrer sanções, informaram diplomatas.
Washington também impôs nesta quinta-feira novas sanções contra o regime sírio que afetarão, entre outros, um general de alto escalão e um tio de Assad considerado um conselheiro chave do presidente em assuntos financeiros, anunciou o departamento do Tesouro em um comunicado. Um banco estatal também foi incluído nas penalidades.
A Liga Árabe impôs no dia 27 de novembro graves sanções econômicas contra Damasco para obrigar o regime de Assad a deter a sangrenta repressão da revolta popular.
Fonte: Uol Notícias
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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