Médicos discutem sobre aborto de microcéfalos

1Advogados, médicos e ativistas da área de direitos humanos discutirão, no próximo dia 9, no Conselho Federal de Medicina (CFM), em Brasília, a liberação do aborto em casos de microcefalia. A etapa compõe os esforços do grupo encabeçado pelo Instituto de Bioética Anis, que prepara uma ação para ingressar no Supremo Tribunal Federal (STF) no mesmo sentido, o que deve ser feito até abril.

O grupo é o mesmo que conseguiu, em 2012, a inclusão de fetos anencéfalos na lista de situações em que o procedimento é considerado legal no Brasil. O resultado veio após oito anos de apreciação da matéria, encaminhada em 2004. Defensores da questão, porém, sabem que a resistência pode atrasar o andamento. A malformação cefálica já tem 5.640 notificações no País.

A antropóloga Débora Diniz, do Instituto Anis, ressalta que o que fundamenta o direito ao aborto não é a microcefalia, mas o direito da mulher ao planejamento familiar e à saúde. “O que se pede é que, diante da incerteza da epidemia, mulheres tenham acesso à informação e ao diagnóstico da infecção, e possam decidir se querem prosseguir com a gestação ou não”, afirma. “A decisão não dependeria de nenhum diagnóstico sobre o feto, mas unicamente de uma decisão da mulher sobre como deseja encarar sua vida reprodutiva”, completa.

Do mesmo modo, o obstetra Olímpio Moraes, gestor da maternidade Cisam, no Recife, lembra que esse é um direito já garantido em países como Dinamarca e Suécia, embora admita que a descoberta ainda tardia dos casos brasileiros de microcefalia intraútero – alguns na 30ª semana de gravidez – torna a discussão mais complexa. “O aborto seguro é até a 12ª semana. Depois de 20 semanas, já é parto ou, nesse caso, indução do parto. Tanto é que há países em que é aplicado cloreto de potássio, porque, se nascer vivo, será preciso dar assistência, e a mãe fez uma opção diferente. No Brasil, ainda estamos distantes desse debate”, disse o médico, que chegou a ser excomungado pela Igreja por realizar o aborto em uma menina que avia sido estuprada pelo padrasto, em 2009.

No Brasil, outros médicos são favoráveis à interrupção da gravidez, como Drauzio Varella, que já se referiu ao debate como repleto de hipocrisia e chamou atenção para o drama de mulheres pobres, que engrossam as estatísticas de mortes por conta da falta de acesso a um procedimento seguro. “Um passo adiante será discutir a partir de que data é possível fazer o diagnóstico. Ainda não temos o número suficiente de mulheres que foram contaminadas pelo zika e que estão fazendo o pré-natal de forma adequada”, explica o professor de Genética Médica da USP, Thomaz Gollop, ressaltando que já não se fala apenas da microcefalia, mas de uma Síndrome Congênita do Zika, com danos à visão, à audição e à mobilidade dos pacientes. “É um descaso de governos, seja de qual nível for. E as mães não podem ser condenadas por isso”, defende.

51% dos brasileiros são contrários

Além de revelar que 51% dos brasileiros são contrários ao aborto quando se confirmar que o bebê terá microcefalia, a pesquisa divulgada ontem pelo Datafolha também questionou entrevistados sobre a possibilidade da interrupção da gravidez apenas quando há constatação da infecção pelo zika, que vem sendo associado ao aumento dos casos da malformação cefálica. Nesse cenário, o número dos que rejeitam passou para 58%.

O Ministério da Saúde vem advertindo que a presença do vírus no corpo da mãe não significa que o feto desenvolverá problemas neurológicos.

Por outro lado, os dados mostraram que 32% são a favor do aborto quando há infecção pelo zika, e 39%, quando a microcefalia é detectada. Nas duas situações, 10% não opinaram. As mulheres (61%) rejeitam mais que o procedimento médico seja autorizado nesses casos do que os homens (46%).

A pesquisa foi realizada entre os dias 24 e 25 de fevereiro com 2.768 pessoas em 171 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Religiosos defendem direito do feto à vida

Contrários ao aborto em casos de microcefalia, líderes religiosos defendem uma discussão mais focada na assistência às mães e aos bebês. O secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil(CNBB) e bispo auxiliar de Brasília, dom Leonardo Steiner, destacou, ontem, dados da pesquisa divulgada pelo Datafolha que apontam uma defesa majoritária do procedimento médico entre brasileiros com escolaridade superior ou renda acima de cinco salários mínimos. “Trabalhando no meio dos pobres a gente sente essa receptividade (contra o aborto)”, declarou. “Essas crianças são humanas e talvez despertem muito mais nossa humanidade porque exigem mais cuidado, mais preocupação”, declarou dom Leonardo. Para o reverendo Halley Franco,pastor da Igreja Presbiteriana de Candeias, em Jaboatão dos Guararapes, a discussão sobre a interrupção da gravidez, nesses casos, carrega o perigo de abrir outros precedentes. “Foi assim que começou com os nazistas, com esse argumento de eliminar quem supostamente era fraco e doente, quem supostamente só gerava despesas. Defendendo algo parecido agora, onde poderemos chegar?”, indaga. “A vida não inicia no nascimento, mas na concepção. Ali já há o temperamento, a cor dos olhos. Somos uma sociedade, onde todos se pertencem e compartilham as alegrias e as tristezas. Isso não pode ser deixado de lado”, acrescentou.

Já a Federação Espírita Pernambucana (FEP), em nota, destacou que o espiritismo entende que a interrupção consentida da gravidez contraria o código divino de direito à vida, exceto em caso de risco de vida da gestante, e que se une a todos que “são contrários à prática do abortamento em gestações de bebês diagnosticados ou não com microcefalia”. A FEP também recomendou aos centros espíritas do Estado que intensifiquem o trabalho de esclarecimento à sociedade acerca das consequências espirituais do aborto.

Fonte: Folha PE

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)

Nenhum comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Clipping
GONZAGA PATRIOTA PARTICIPA DO DESFILE DA INDEPENDÊNCIA NO PALANQUE DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA E É ABRAÇADO POR LULA E POR GERALDO ALCKMIN.

Gonzaga Patriota, acompanhado da esposa, Rocksana Príncipe e da netinha Selena, estiveram, na manhã desta quinta-feira, 07 (Sete de Setembro), no Palanque da Presidência da República, onde foram abraçados por Lula, sua esposa Janja e por todos os Ministros de Estado, que estavam presentes, nos Desfiles da Independência da República. Gonzaga Patriota que já participou de muitos outros desfiles, na Esplanada dos Ministérios, disse ter sido o deste ano, o maior e o mais organizado de todos. “Há quatro décadas, como Patriota até no nome, participo anualmente dos desfiles de Sete de Setembro, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Este ano, o governo preparou espaços com cadeiras e coberturas, para 30.000 pessoas, só que o número de Patriotas Brasileiros Independentes, dobrou na Esplanada. Eu, Lula e os presentes, ficamos muito felizes com isto”, disse Gonzaga Patriota.

Clipping
Gonzaga Patriota participa de evento em prol do desenvolvimento do Nordeste

Hoje, participei de uma reunião no Palácio do Planalto, no evento “Desenvolvimento Econômico – Perspectivas e Desafios da Região Nordeste”, promovido em parceria com o Consórcio Nordeste. Na pauta do encontro, está o plano estratégico de desenvolvimento sustentável da região, e os desafios para a elaboração de políticas públicas, que possam solucionar problemas estruturais nesses estados. O evento contou com a presença do Vice-presidente Geraldo Alckmin, que também ocupa o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o ex governador de Pernambuco, agora Presidente do Banco do Nordeste, Paulo Câmara, o ex Deputado Federal, e atualmente Superintendente da SUDENE, Danilo Cabral, da Governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, entre outras diversas autoridades de todo Nordeste que também ajudam a fomentar o progresso da região.

Clipping
GONZAGA PATRIOTA comemora o retorno da FUNASA

Gonzaga Patriota comemorou a recriação da Fundação Nacional de Saúde – FUNASA, Instituição federal vinculada ao Ministério da Saúde, que havia sido extinta no início do terceiro governo do Presidente Lula, por meio da Medida Provisória alterada e aprovada nesta quinta-feira, pelo Congresso Nacional.  Gonzaga Patriota disse hoje em entrevistas, que durante esses 40 anos, como parlamentar, sempre contou com o apoio da FUNASA, para o desenvolvimento dos seus municípios e, somente o ano passado, essa Fundação distribuiu mais de três bilhões de reais, com suas maravilhosas ações, dentre alas, mais de 500 milhões, foram aplicados em serviços de melhoria do saneamento básico, em pequenas comunidades rurais. Patriota disse ainda que, mesmo sem mandato, contribuiu muito na Câmara dos Deputados, para a retirada da extinção da FUNASA, nessa Medida Provisória do Executivo, aprovada ontem.