Mulher que foi vendida quando criança desvenda tráfico infantil: “Só queria encontrar minha mãe verdadeira”

1Se um minuto de dúvida já é capaz de perturbar alguém, imagine conviver 29 anos com uma delas? É assim que vive a paulista Charlotte-Cohen Tenoudji que, até hoje, não sabe quem é sua verdadeira mãe. Ela foi vítima de tráfico infantil nos anos 1980, e acabou passando toda a sua infância com um casal completamente desestruturado emocionalmente.

Foi com menos de um ano de idade que Charlotte chegou a Paris, na França, após ter sido vendida a um casal francês pela dona de um orfanato. Segundo ela, o ambiente em que cresceu era extremamente perturbador: — Minha mãe adotiva tinha transtorno bipolar e meu pai era muito violento: além de alcoólatra, ele usava drogas.

No fim da década de 1980, a jovem foi entregue ao Orfanato Menino Jesus, na cidade de São Paulo, coordenado por Guiomar Marsinii e seu marido, Franco. Eles convenciam mulheres jovens e grávidas em situação de desespero a não abortarem as crianças, mas, sim, doarem-nas para que “pudessem ser adotadas”. Quando chegava a hora do parto, as jovens, normalmente de baixa renda e sem estrutura para criar os filhos, eram levadas a um local também coordenado por Guiomar. Assim que os bebês nasciam, a mulher os levava diretamente para o orfanato.

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Antes mesmo do nascimento, a transação já começava: a dona do orfanato entrava em contato com casais estrangeiros que queriam ter filhos, e recebiam quantias absurdas de dinheiro para “facilitar o processo de adoção”. Os recém-nascidos em registrados por uma funcionária de Guiomar, que alegava ser mãe para poder sair com as crianças do País.

A venda de Charlotte rendeu ao casal Marsinii mais de R$ 100 mil, de acordo com Jefferson Aparecido Dias, um dos procuradores responsáveis pelo caso.

Ainda criança, a mulher conta sempre que questionava sua mãe adotiva sobre quem era família verdadeira, mas a jovem era bombardeada com gritos e exaltações. Cansada de mentiras, aos 14 anos, resolveu procurar os documentos que comprovavam sua adoção. Não havia nenhum. Então, ela decidiu enfrentar o medo e perguntou aos “pais” onde estavam os papeis da adoção. Mais uma vez, não obteve resposta. Não demorou muito para que Charlotte entendesse o que realmente havia ocorrido: a Justiça francesa logo descobriu o caso de tráfico e a tirou de casa. Ela passou a viver em um internato na capital francesa, onde morou dos 16 até os 20 anos.

Depois de se formar na faculdade e guardar uma boa quantia de dinheiro, em Paris, Charlotte resolveu vir para o Brasil em busca de sua verdadeira mãe — saga que, até hoje, não conseguiu concluir. Procurou a dona do antigo Orfanato Menino Jesus, na tentativa de estabelecer um contato e pedir informações, mas a mulher foi relutante. Hoje, ela mora no Rio de Janeiro.

Foi devido à tanta recusa por parte de Guiomar que Charlotte não viu outra escolha senão procurar a Justiça que, durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão no orfanato, encontrou provas concretas do esquema de tráfico infantil. Contudo, o casal Marsinii não pôde responder pelos crimes que cometeu, uma vez que ocorreram há mais de 20 anos — o que gerou prescrição. Charlotte desabafa:

— Não me importava se ela seria ou não presa, não era o que eu queria. Só queria encontrar minha mãe verdadeira.

O caso da garota ganhou grande repercussão por meio das redes sociais e de sua participação na série de depoimentos que eram transmitidos ao fim da novela Salve Jorge, da Rede Globo, que foi ao ar em 2012. Amigos e até mesmo desconhecidos começaram a ajudá-la, divulgando sua página no Facebook Quero encontrar minha mãe no Brasil.

Em São Paulo, a jovem foi convocada para um tribunal, com Guiomar e a mulher que a registrou, Maria das Dores Pinto da Mota. Segundo Charlotte, esta última só chorava e se desculpava, dizendo que Guiomar a havia obrigado a realizar o processo de adoção ilegal.

— Já Guiomar era um gelo impossível de ser derretido, se recusava a falar, afinal, ela não poderia ser presa. Nada poderia acometê-la mesmo evitando se pronunciar, uma vez que o caso estava prescrito.

Segundo a procuradora do Ministério Público Federal, Priscila Schneiner, a punição para crimes de tráfico de pessoas é, sim, a prisão — e a pena varia de acordo com a intenção da comercialização ilegal.

— Tanto ela quanto a mulher que levou a menina para a França seriam presas se o caso não tivesse ocorrido há mais de vinte anos. As punições para esse tipo de crime variam de acordo com o intuito pelo qual a criança estaria sido vendida.

De acordo com os últimos dados sobre tráfico infantil divulgados pelo Ministério Público, o ano de 2013 registrou 254 casos do crime. Priscila afirmou que a Polícia Federal tem aumentado o controle tanto nos aeroportos quanto nas fronteiras, onde policiais à paisana são devidamente treinados para identificar comportamentos duvidosos principalmente das crianças.

— Uma das principais formas de identificar tentativas de tráfico infantil em aeroportos é observar o comportamento das crianças: elas normalmente não ficam à vontade com pessoas estranhas. E esse é o principal ponto.

O caso de Charlotte foi essencial para que outros casos de tráfico infantil fossem desvendados. Contudo, a jovem, que hoje vive no Rio de Janeiro, ainda não desistiu de encontrar a sua mãe verdadeira. Recentemente, ela criou um projeto no Catarse, onde pede ajuda financeira para que consiga, sozinha, bancar uma busca mais aprofundada por toda São Paulo. “Essa é minha última esperança”.

— Fico feliz por poder ter ajudado outras pessoas a encontrarem suas mães verdadeiras. Mas sinto que nunca vou me sentir realizada até que eu encontre a minha.

Fonte: R7.com

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)

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