O documento revela três operações distintas, somando um valor de R$ 79 milhões. Desse total, a PF ainda não identificou ‘Amigo’, o destinatário de R$ 23 milhões.
“Seriam devidos, à época da última atualização da planilha, R$ 6 milhões para “Itália”, em referência ao Italiano, ou seja, a Antonio Palocci Filho, R$ 23 milhões para “Amigo”, ainda não identificado, e R$ 50 milhões para “Pós Itália”, cujos indícios preliminares apontam para o emprego deste termo em referência a Guido Mantega”, diz o relatório da PF.
Segundo a Omertà, o PT foi destinatário de R$ 128 milhões em propina da Odebrecht entre 2008 e 2013 – neste ano, segundo a Procuradoria da República, havia um saldo remanescente de propina de R$ 70 milhões.
A PF destacou ainda em outro trecho do relatório uma notação em que haveria indícios ‘de outros pagamentos ilícitos (“Provaveis Aditivos”)’.
“Há assim, indícios de que Guido Mantega também tenha sido beneficiário de pagamentos ilícitos e/ou intermediador de pagamentos realizados pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, tal qual o foi Antonio Palocci Filho”, aponta o documento.
A Federal afirma no relatório que no início das investigações ‘julgou-se que italiano poderia fazer referência a Guido Mantega, em virtude de mensagens de e-mail analisadas precariamente e pelo fato de que ele possui também nacionalidade italiana’.
“No Relatório de Análise de Polícia Judiciária nº 124/2016 constatou-se que tal conclusão era errada, uma vez que o indivíduo denominado de italiano constava em mensagens que também faziam referência a Guido Mantega, ou seja, tratavam-se, indiscutivelmente, de pessoas diferentes”, afirma a PF.
“Observa-se que italiano e Guido Mantega (GM) são tratados como indivíduos diferentes. Além disso, a menção de atuação junto a Brani reforça a conclusão já robusta o suficiente de que italiano é Antonio Palocci Filho.”
COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA JOSÉ ROBERTO BATOCHIO, DEFENSOR DE GUIDO MANTEGA E DE ANTONIO PALOCCI
O advogado José Roberto Batochio reagiu enfaticamente às suspeitas lançadas pela Operação Omertà sobre o ex-ministro Guido Mantega (Fazenda). O criminalista ironizou o relatório policial que chama Mantega de ‘Pós Itália’ – aqui, uma referência ao também ex-ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda e Casa Civil/Governos Lula e Dilma), preso na Omertà, nesta segunda-feira, 26.
“A minha manifestação é a seguinte. A Polícia Federal, curiosamente, já definiu o ‘italiano’ como sendo duas ou três pessoas diferentes. Inicialmente, dizia que ‘italiano’ era o ministro Palocci. Depois, recuaram. Vou aguardar para ver se eles elegem definitivamente quem é, afinal, esse ‘italiano’, para então poder responder.”
“A hora que resolverem definir quem quer que queiram como o verdadeiro ‘italiano’ vou me manifestar (sobre o relatório que liga Mantega ao suposto recebimento de R$ 50 milhões da Odebrecht).”
Batochio destacou que os autos contêm um e-mail do empreiteiro Marcelo Odebrecht dizendo que ‘não encontrou ‘italiano’ na diplomação da Dilma’.
“Mas o ministro Palocci estava lá, na diplomação”, acentua o criminalista. “Então, o ‘italiano’ não é o ministro Palocci. Reitero que já disseram duas ou três vezes sobre esse ‘italiano’. Assim, acho prudente aguardar para ver quem é que elegem definitivamente como o ‘italiano’.”
Nenhum comentário