Recife se prepara para ter um Samu Psiquiátrico a partir de abril. O projeto ainda é piloto e terá uma ambulância exclusiva no atendimento dos pacientes em surto na Capital. A expectativa é que apenas essa viatura seja responsável por três a quatro ocorrências a cada plantão de 12 horas.
A medida visa melhorar a resolutividade para os doentes mentais que precisam do atendimento móvel de urgência. Hoje, nas 62 cidades reguladas pelo Samu Metropolitano, apenas 30% dos chamados com esse perfil são atendidos pelo serviço. Atualmente, as ocorrências de socorro a pacientes em surtos representam 28,1% dos atendimentos do serviço, atrás apenas de causas clínicas (60,4%) e das causas externas (45,8%) com a prevalência de acidentes de moto.
O coordenador do Samu Metropolitano, Leonardo Gomes, explicou que o serviço de atendimento móvel de urgência sofreu um impacto grande nas demandas com pacientes de doença mental nos últimos meses. Isso se deve, em grande parte, à desinstitucionalização dos doentes internados por muito tempo em manicômios que seguindo os moldes da legislação da reforma psiquiátrica precisavam voltar ao convívio dos parentes ou ser abrigados em residências terapêuticas.
“O que aconteceu, na nossa visão do pré-hospitalar, é que muitos municípios da nossa área de abrangência não conseguiram se preparara para a mudança. A velocidade das portarias e programas não foi a velocidade de criação dessa rede de acolhida e atendimento. E agora isso está estourando no Samu. É um volume absurdo de pacientes que tem chegado”, comentou.
O gestor ainda apontou que também é alto o índice de recorrência. Segundo ele, não é raro o caso do serviço ser acionado duas, quatro ou até seis vezes no mês para resolver o surto da mesma pessoa. Além desse cenário de aumento de demanda, outras peculiaridades tornam as urgências do Samu aos pacientes em surto mais complexas de serem resolvidas.
“Na psiquiatria dependemos de outros atores. Muitas vezes precisamos do apoio policial porque o paciente pode estar armado ou ser violento com ele mesmo, com os outros ou com a equipe. E nessa intervenção é preciso casar nosso tempo com o da polícia. Às vezes tenho viatura disponível, mas não tenho ambulância. Ou o contrário”, exemplificou. Outro complicador para a resposta de saúde é a falta de um parente para negociar a entrada na casa ou a a fuga do doente quando sabe que será levado para o médico.
Sobre o projeto piloto do Samu Psiquiátrico, Gomes explicou que a ideia é ter uma ambulância a mais inserida nessa tarefa. As outras 22 que já atuam na área do Recife permanecem rodando para qualquer chamado, inclusive os psiquiátricos. Haverá um rodízio dos profissionais que já trabalham no Samu para essa ambulância especial.
Gomes destacou que a intenção é replicar o modelo de forma setorizada na Capital, com equipes espalhadas por distritos sanitários, mas isso depende do sucesso do teste piloto.
Blog do Deputado Federal Gonzaga Patriota (PSB/PE)
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