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A Geografia do Câncer em Pernambuco
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
- Category : Clipping
Não existe consenso entre os pesquisadores quanto ao estresse ser um fator de risco para o aparecimento de um câncer. Em todo o mundo, estudos extensos encontram evidências contra e a favor. A discordância foi levantada também por especialistas em evento de oncologia promovido pelo laboratório Bayer, em São Paulo, na última semana. Fatores de risco, como o estresse – possivelmente é -, podem definir os tipos de câncer predominantes em regiões e épocas diferentes.
No Hospital do Câncer de Pernambuco, por exemplo, o câncer de pele é extremamente comum em pacientes que chegam do interior. O sol levado em tempos remotos é refletido em pequenos “sinais” na pele que aumentam e podem até levar a óbito. Em 2015, de acordo com dado mais atualizado da Secretaria Estadual de Saúde (SES), 55 pessoas morreram com a doença. No ano anterior, foram 44.Miguel Machado, de 47 anos, descobriu um sinal no rosto há menos de dois anos, mas vinha trabalhado sob sol a pino desde a juventude em Araripina, no Sertão do Estado. Na roça, não conhece ninguém que proteja a pele dos efeitos nocivos do sol.
“É um chapéu que não faz muita diferença nessa proteção. Só descobri o problema quando vi a marca embaixo do nariz. Ela foi mudando de lugar. Eu já estou indo para a terceira cirurgia e, hoje, parei de trabalhar porque não aguento mais a quentura”, contou. Da Zona Rural da cidade sertaneja e Arcoverde Maria Edilene, 44, também saiu da roça para o hospital. “Meu sinal foi na parte de trás do pescoço. Era como um caroço de feijão”, lembrou. O câncer foi removido e ela volta ao HCPE apenas para a revisão. Mas as consequências da doença a perseguem. “Quando soube que eu estava com a doença, meu marido me deixou. Por ignorância, mesmo, achou que era algo contagioso e partiu. Estávamos juntos havia mais de 20 anos.”
Os fatores de risco ambientais também estão relacionados a épocas. Liberina da Silva, 81, veio do interior para morar no bairro de Ouro Preto, em Olinda, na RMR, há cerca de 70 anos. Desde que chegou, ainda criança, lavava roupas em um rio, sem nenhuma tipo de proteção contra o sol. Caminhava pelas ruas acompanhada da sombra da trouxa que equilibrava na cabeça. “O sinal apareceu e eu passei a mexer, a arrancar. Uma hora estava muito grande e um filho meu me falou para procurar um médico porque aquilo poderia ser câncer. Foi mesmo. Mas após uma cirurgia que durou menos de duas horas, consegui resolver”, comemorou.
A sorte de Liberina não foi a mesma de Nivaldo Reis, 63, que também viveu numa época em que trabalhar diretamente sob o sol sem proteção era comum em todas as cidades pernambucanas. Sou militar reformado e, nos anos 1980, trabalhava como soldador. Nas obras, pelo interior, como em Salgueiro, por exemplo, todos trabalhavam como eu, com o rosto sob o sol, sem se preocupar. Há dois anos percebi o problema e, já fiz 17 cirurgias. É muito provável que eu perca o olho direito em função do avanço da doença”, lamentou. “Estou vivendo à base de calmantes.” Diversos locais no rosto, pescoço e na parte superior do peito de Nivaldo foram atingidos.
Segundo Buzaid, 33% dos cânceres mundiais são decorrentes do fumo e da gordura saturada. Especialmente, os de pulmão, esôfago, bexiga, cabeça e pescoço. “Linguiça, salsicha, presunte, bacon e peito de peru são alimentos que, com certeza, são cancerígenos”, alertou. “O refrigerante é um dos piores, porque o câncer é ávido por açúcar.”





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